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terça-feira, 29 de setembro de 2009

F1 - mídia "estica" demais certos temas.

Às vêzes a mídia dá mais corda a um assunto do que merece. Durante toda semana se falou do assunto Nelson Piquet. Falou-se disso também durante a corrida. Por puro azar o novato Grosjean, substituto de Nelsinho na Renault, acabou dando mais motivos para se falar do assunto. Será que é justificável esse falatório por conta da monotonia de uma prova?


Nos treinos de classificação do GP de Cingapura neste final de semana, num dado momento o novato Romain Grosjean perdeu o controle da sua Renault e colidiu no mesmo muro em que Nelsinho Piquet bateu propositalmente no ano passado. A situação acabou dando espaço a risos e comentários maldosos. E o tal muro já ganhou o apelido de “muro do Piquet”.

Desde que começou essa novela entre Nelsinho e Briatore, até agora 3 pessoas já perderam feio com isso. Nelsinho, Briatore e Symonds. Por tabela outros saíram com alguns arranhões que não serão esquecidos tão cedo, como por exemplo Nelson pai.

Até agora há um único beneficiado nisso, Fernando Alonso que ganhou esse mesmo GP no ano passado. Durante toda exposição que a mídia deu ao caso, Alonso fez questão de dizer que não sabia de nada. Piquet pai disse que seria estranho que alguem com a experiencia de Alonso não questionasse a estratégia da corrida do ano passado, sugerindo com isso que de fato o espanhol tinha consciência da real estratégia.

Aos olhos do público há algumas coisas concretas no tema.

Briatore é a peça principal da jogada. É êle quem comandava a equipe naquele dia e é sabido que sempre fez isso com mão de ferro. Ou seja tem-se a leitura de que a palavra final é sempre dêle.

Alonso foi sem dúvida beneficiado pelo ocorrido tanto que chegou à vitória com um carro que não lhe daria essa condição vindo lá de trás. Na prova desse final de semana ficou patente a dificuldade de ultrapassagem, condição igual à do ano passado e que teria deixado Alonso no final do grid em condições habituais.

Nelsinho declarou públicamente que atirou a sua Renault contra o muro como parte de uma estratégia de pitstop. Assumiu o que fêz na condição de não ser punido.

A FIA aceita a idéia de não punir algum pilôto cuja atitude mereça punição desde que este dê subsídios suficientes para uma apuração por parte da entidade que tenha o intuito de esclarecer circunstâncias de um dado evento. Em outras palavras, o que êle fêz dá direito a punição mas isso é negociável.

Symonds continua sustentando que Nelsinho deu a idéia mas desconversa sobre as justificativas.

E por úlimo, segundo o que eu li no site Autosport, Alonso dedicou o pódium a Briatore dizendo que êle está em casa mas é parte do sucesso na última prova.

Em volta disso tudo há o desacordo de muitos com a atitude da FIA de não punir Nelsinho. Segundo os comentários da Globo durante a corrida, êle está muito mal visto na categoria. Quanto a Briatore, Montezemolo disse que considera a sua pena excessiva.

Vejo isso tudo como segue.

Numa equipe de F1 não se encontram aventureiros e principiantes. No caso da Renault, na sua anterior composição, o único novato era Nelsinho. Mesmo que seja sórdido, Briatore é uma pessoa que acumulou sucessos por onde passou. Também Alonso é experiente no quesito pilotagem, condição natural de alguém que seja bi-campeão na categoria. Ganhar dois campeonatos de F1 dá direito a discutir estratégia principalmente levando-se em consideração que essa pessoa é que será responsável pela efetivação da estratégia na pista.

Não consigo conceber a autoridade que teria um novato de cargo ameaçado para propor uma estratégia numa equipe cujo piloto principal é duas vezes campeão de F1, e o seu chefe é alguém que tem carta branca e argumentos suficientes para ser o dono da última palavra no time. Me custa acreditar que um novato na condição de Nelsinho tivesse força suficiente para propor algo tão ousado e fora dos padrões como foi naquela prova no ano passado. Pense bem, é a primeira vez que tal coisa acontece na F1. Ninguém teve até então uma idéia tão arriscada como essa. Nunca se ouviu falar de algum pilôto que tivesse o propósito de acertar um muro com o seu carro. Essa não é a F1 que conhecemos, nem de muitos anos antes, nem de hoje, e nem será a do futuro. Seria o máximo esperar que daqui em diante as estratégias de corrida passassem a ser anti-esportivas num ambiente onde até o cockpit é filmado e as comunicações de rádio gravadas. Seria o mesmo que dizer que no sábado Rubens preferiu bater para ter um argumento para um resultado insatisfatório na prova. Há internautas que ressaltaram muito o seu desempenho em face das circunstâncias.

Ora, se a FIA entende que a confissão dá direito à imunidade, se a imunidade de Nelsinho é incoerente, se a punição de Briatore é excessiva, então êste deve ter a sua pena abrandada se assumir a culpa. E se Nelsinho puder retornar à F1, caso encontre emprego porque não lhe fecharam a porta, então o mesmo deve servir para Briatore. Ou seja, o critério de culpabilidade e punição é, do meu ponto de vista, confuso.

A respeito de Nelsinho há uma questão indiscutível. Foi êle quem bateu o carro no muro, tanto que assumiu isso. E portanto é êle mesmo que agiu de maneira anti-esportiva. E isso merece uma punição ou não? E sobre Briatore está mais do que claro que é parte integrante do arranjo e portanto tem que levar uma punição. A questão é saber qual, com que critério. Do jeito que tudo aconteceu ficou a leitura de que a punição não foi aplicada em função dos efeitos da atitude e da sua qualificação.

Além disso há um beneficiário. Êste diz que não sabia de nada, o que soa como uma grande ingenuidade. Mas que foi beneficiado, isso não há como discutir. Talvez seja essa aparente inocência o motivo pelo qual tem falado que não sabe qual será o seu futuro na F1. Por acaso as outras equipes pensam que êle não sabia de nada? Será que na F1 existem bobinhos que não são capazes de desconfiar dos outros?

Enquanto isso a mídia se ocupa apenas dos holofotes do caso, da sensação. É um assunto que já deu o que tinha que dar. Até Grosjean já está recebendo algumas pedradas “perdidas” embora nem ao menos estivesse na equipe no dia do ocorrido.

Situação bem diversa do tempo da contenda entre Senna e Prost onde a mídia era o veículo usado para se espinafrarem e a pista o palco da desavença.


Um comentário:

roger disse...

Me arrisco a um comentário;
'A Ferrari deveria buscar o titulo do ano apssado e dá-lo como prêmio de consolação ao Massa que vai pegar a pedreira do Alonso de nenezinho da Rossa'.
Tenho pena do Massinha!
O ano promete e torço que o garoto prove ser o cara!