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domingo, 2 de maio de 2010

Quando o Barão se for os microfones ficarão órfãos

Vai muito longe o tempo em que o heróico Barão Fittipaldi narrou de forma brilhante a vitória em Monza do filho que se tornou ali campeão mundial de automobilismo. Sem perder o profissionalismo narrou o momento em que Emerson recebeu a quadriculada, de forma inesquecível exaltando e valorizando o feito, tudo na típica atitude de um profissional dos melhores do nosso jornalismo. Pudera, foi êle quem inventou a Mil Milhas Brasileiras que nada mais era que uma reprodução em circuito fechado da antológica Mille Miglia italiana. Pois é, o Barão tem pedigree no tema e é sem dúvida um dos mais importantes jornalistas do automobilismo brasileiro. Acho que no dia em que êsse senhor partir para outra os microfones brasileiros estarão tôdos órfãos.

Hoje a Globo têve a proeza de valorizar de forma indireta a questionada, tumultuada e acidentada prova da Indy em São Paulo, que por sinal muitos já nem lembram que aconteceu. Simplesmente a Globo encerrou a transmissão da Stock nas últimas voltas quando iria surgir o primeiro vencedor do Velopark. Estou vendo agora no Twitter que Rubens, Di Grassi e Tony Kanaan assistiam a corrida e se indignaram com o final patético da transmissão.


A falta de concorrência na mídia especializada desse nosso universo fechado em que vivemos, é responsável por coisas que não fazem sentido e passam ao público uma informação pela metade. A Indy foi criticada por todos antes do dia da prova (até aqui no meu blog uma acessôra de imprensa de um político se manifestou contra a minha aprovação do evento), mas foi transmitida até o último minuto em tempo real e tôdo mundo saiu cada um com a sua visão do acontecimento sem meias informações.

Já faz 40 anos que a Globo faz F1 e agora na Stock Car segue o mesmo viés de sempre. A categoria que é considerada por êles, e efetivamente é, a maior categoria do nosso automobilismo, no meu entender não está sendo valorizada à altura. Tudo bem que a Stock não seja a F1 ou o mundial de marcas europeu, mas não é uma categoria de gaiolas improvisadas. E aí quem perde com o padrão Globo de transmissão não é o público que pode simplesmente mudar de canal ou desligar a tv. Quem perde é o automobilismo brasileiro que se arrasta como em pista esburacada.

Quem como eu assistiu os parcos momentos transmitidos dessa corrida pel1a tv aberta, além de ver quase nada sobre a prova, não sabe por exemplo que apenas a metade do grid chegou ao fim. Não sabe que apesar das 5 interrupções, a distancia entre o ponteiro e o último colocado foi de 10s apesar do grid de 34 carros ter sido formado dentro de um gap de 1s. E isso levando-se em consideração que nas voltas finais entrou o safety car. Caso contrário a diferença seria muito maior e com direito a retardatários pois a pista é muito curta.

Falam sempre que o nosso automobilismo está morrendo, mas quem está com um pé na UTI é a mídia. Ou o formato de mídia adotado no Brasil nessa área. Nem dá para comparar com a mídia especilizada européia onde sobram informações para tôdo lado.

A Stock é francamente dependente da Globo em qualquer aspecto e mesmo sendo a nossa maior categoria ela passa dessa forma a ser do tamanho que a Globo passa para o público. Se engana quem pensa que o público não assiste Stock pela tv por ter outras opções. Também se engana quem pensa que o público apaixonado por futebol ou atletismo pára de assistir uma corrida nos instantes finais. E se engana também quem pensa que tôdos os torcedores de automobilismo têm tv a cabo com pacote completo.

Nós temos pilôtos, temos poucas pistas, temos carros questionáveis, mas não temos mídia à altura do acontecimento. E para piorar as coisas tem gente que não entende que a informação imparcial e completa é um ítem da veiculação que o público presta muita atenção e até valoriza. Isso é o mesmo que dizer que o público só terá o que for decidido porque simplesmente não existem alternativas.

E é por isso que eu falei várias vêzes que a Indy tinha o valôr inquestionável de ser uma alternativa para o público. E agora eu vejo que estava correto.

2 comentários:

João Carlos Bevilacqua disse...

A Globo de forma geral É o Câncer da família brasileira, não respeitando nada ou ninguém. Só para lembrar como começou, vale dizer que ela comprou os direitos de transmissão da Div 3 no auge e a enterrou para sempre. Não se esqueçam que o contrôle remoto existe para casos assim.

Ricardo Talarico disse...

Meu caro Zé,
A Stock, ao se vender para a Globo, assinou seu próprio óbito.
A Globo compra exclusividade não para transmitir, mas para tirar da concorrência.
E o Galvão Bueno tem a ousadia de agradecer nossa fidelidade por acompanhar a F-1 pela Globo.
ALO GALVÃO !!! Se a Globo não tiver exclusividade, quero ver para onde vai a fidelidade.
Abraços,
Ricardo Talarico.