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domingo, 29 de março de 2009

Melbourne - qual a leitura???

Num post anterior, Melbourne - lá será a hora da verdade, eu citei que uma variável que ainda estava na condição de incógnita eram os pneus. E falei que se o pilôto pode abusar mais, também pode aumentar o desgaste. E foi mais ou menos isso que vimos.

Fazer uma comparação da corrida de hoje com a do ano passado é difícil. A de 2008 teve vários abandonos. Num grid de 22 na largada, houve 13 abandonos e uma desclassificação (Rubens). Hoje com grid de 20, abandonaram 7 pilôtos. Olhando para os resultados, em 2008 terminaram a corrida McLaren, BMW, Williams, Renault, nessa ordem. Hoje foi Brawn, McLaren, Toyota, Renault, Williams, Toro Rosso, Force India, BMW, nessa ordem até o décimo colocado. A Ferrari simplesmente abandonou. A Toyota poderia estar no pódium mas o Trulli foi punido. A BMW têve um desfalque que poderia não ter acontecido. A Red Bull estaria ao menos entre os 4 primeiros. A McLaren têve dia de sorte apesar dos problemas do Kovalainen.

Pôsto isso, mais a declaração de Rubens que disse que não contava com o pódium, se pode inferir que a Red Bull tem condição de briga, que a McLaren pode ficar para trás sem a ajuda da sorte e que a Ferrari não se mostra no momento em condições de brigar por vitória e talvez nem por pódium. Assim sendo, entraram na parada a Brawn, a Red Bull, as quais vieram fazer compania à BMW. Nesse cenário tanto a McLaren como a Ferrari não apontam um ano bom. Enfim, as coisas mudaram para valer e quem esteve no páreo da disputa de hoje, na minha opinião são os mesmos que estarão nas próximas etapas. Para isso me baseio nas contas de outro post meu, F1 2009. O que a pré-temporada nos diz?, onde eu sustento que Melbourne é parte de um elenco de 11 circuitos que têm médias de velocidade mais ou menos próximas uma da outra.

Devido ao fato de essa corrida de hoje e a de 2008 terem terminado em condições bem diferentes, o grid de classificação seria uma comparação mais apropriada. Em 2008 a ordem de largada dos 10 primeiros foi:
Hamilton (McLaren), Kubica (BMW), Kovalainen (McLaren), Massa (Ferrari), Heidfeld (BMW), Trulli (Toyota), Rosberg (Williams), Coultard (Red Bull), Glock (Toyota), Vettel (STR).

Esse ano foi:
Button (Brawn), Barrichello (Brawn), Vettel (Red Bull), Kubica (BMW), Rosberg (Williams), Massa (Ferrari), Raikonen (Ferrari), Webber (Red Bull), Heidfeld (BMW), Alonso (Renault).

Nessa comparação a ex-Honda (que apenas mudou de nome e patrocinador) ressurgiu das cinzas, a McLaren andou para trás, a Ferrari também piorou, a Red Bull melhorou, a Renault também, e a única que pôde manter um padrão na classificação e repetí-lo na corrida (na comparação com 2008) foi a BMW. Não fôsse o acidente do Kubica com o Vettel a BMW teria apresentado resultado melhor nesse ano. Finalmente, por enquanto, aquelas que foram mal nos treinos da espanha (Ferrari e McLaren), também não foram bem hoje, com excessão da sorte incrível do Hamilton.

Ainda nas classificações de 2008 e 2009, no ano passado até o nono colocado que foi o Glock a diferença foi de 1,9s para o pole (Hamilton). Nesse ano até o oitavo colocado (Webber) a diferença caiu para 1s. Sem dúvida ficaram mais próximos. E é interessante notar que entre esses oito apenas a Brawn não estava no ano de 2008.

Olhando para tudo isso é possivel prever que BMW, Williams e Toyota serão presença constante durante o ano de 2009 na posições da frente. E poderão ser incomodados pelos concorrentes com mais intensidade que no ano passado pois as diferenças de tempo são menores hoje.

Se não chover na Malaysia já será possivel traçar uma expectativa de performance para o resto da temporada. A pista de Kuala Lumpur é apenas 240 mts mais longa e tem média horária bem próxima de Melbourne. Se não chover a grande variável será o calor e os pneus. No próximo domingo teremos mais um têrmo de avaliação.

Sabe como se faz um blog???

Não sabe??? Posso sugerir o meu método, conforme ilustra a imagem abaixo. A taça da frente é de agora depois da lasagna. A do meio é de ontem à noite depois do Spaghetti (fiquei com preguiça de levar a taça pra cozinha). E a garrafa, que não aparece muito bem porque é foto de celular, ainda não acabou. O vinho é Bolla, desses de promoção. Não decepciona. Bem honesto.

Alla Salute!!!


Meu método.

Lewis ´Rabão´ Hamilton.

Na minha opinião a primeira leitura a ser feita do GP de Melbourne, é que o Hamilton tem uma estrêla que no momento é o único fator que lhe permitirá entrar em ritmo de combate. Na final do campeonato passado em Interlagos o universo conspirou a favor dêle. Não seria nada bom trocar o motor e por isso a equipe simulou na fábrica o motor com o qual êle correu a última etapa. E na corrida o motor foi bravamente até o final. No Brasil sempre há a possibilidade de chuva, o que se torna um grande complicador. O Hamilton administrou tudo de forma bem profissional e ainda por cima foi beneficiado pela impossibilidade do Glock guiar com pneus ´dry´ no meio do temporal. Ganhou o campeonato na corrida na qual o Felipe fêz tudo que pôde de forma brilhante. E na última volta.

Ontem a história do GP de Melbourne seria outra se o Nakajima não tivesse dado uma rodada aparentemente inexplicável, se o Vettel soubesse que tem hora em que é impossivel manter a posição e portanto é melhor abrir ao invéz de correr riscos, e se o Trulli fôsse mais antento ao cenário. Assim o Lewis ´Rabão´ Hamilton saiu das tristes posições de trás para acabar em terceiro. Pilotar êle pilota sim, mas tem uma sorte dos infernos.

Os últimos serão os primeiros?? Quem sabe...

Custou mas chegou a vêz de Rubens mostrar que aposentadoria está fora das intenções e que no pódium se sorri e não se chora. A alegria do rapaz com o resultado está muito clara para tôdos. E por tôdos entenda-se Jenson, Brown e demais integrantes da equipe. De quebra ficaram alegres o dono da Virgin, o qual se apressou a extender o seu contentamento aos seus clientes. Nada mais justo para um grupo de pessôas desacretitadas por conta das dificuldades que passaram no ano de 2008. Entre os desacreditados há que se mencionar Rubens, de quem ainda ouço alguns dizerem que ele tem mesmo é que ir para casa. Mas pergunto - com qual argumento? É claro que o campeonato apenas começou e tem muita água para rolar. Mas o desempenho que mostrou não deixa dúvidas de que pode pilotar rápido um carro que é rápido. É como eu sempre digo. Se você tem um carro que anda muito, só vai andar rápido se souber pilotar. E aí me vem à lembrança as corridas na Ferrari em que o Rubens andava sempre atrás por obrigação contratual e copiando o tempo do imbatível alemão. E acho que isso se tornou ponto favorável. Liderar é uma coisa complicada porque exige tudo do piloto que nessa condição não tem referência. Na verdade êle é a referência. Mas andar atrás no meio do bôlo é complicado. Sempre tem alguém atrás pronto para te pegar, e sempre alguém na frente que você precisa ultrapassar. Isso exige muita cabeça e paciência. E o Rubens sabe lidar com isso porque os anos de Ferrari acabaram virando escola. Tanto é que hoje êle foi prejudicado por um incidente no comêço e mesmo assim conseguiu fazer uma prova brilhante com um carro que nítidamente não copiava o desempenho do seu companheiro. Por sinal, companheiro de estirpe. Liderou a prova com maestria e mereceu muito a vitória. Ao final, a primeira atitude ao deixar o carro foi festejar com Rubens o resultado. A Brawn inteira está de parabéns. Merece o título de equipe com ´E´ maiúsculo.

terça-feira, 24 de março de 2009

Mais pobre, em forma e motivado.

Até o GP de Melbourne este aqui será o último post sobre F1. E este será de mais um sobre o Rubinho. A razão é que algumas coisas recentes me chamaram a atenção além da performance notável do carro da Brawn.

No dia da homenagem do Nobres do Grid a Bob Sharp, Jan Balder foi chamado a fazer uma curta entrevista com Rubens que na época estava na espanha testando o BGP01. Foi para uma rádio que infelizmente não tive a curiosidade de perguntar qual. A pergunta foi para o Rubens explicar a que se devia a performance do carro. Eu não ouvi a entrevista mas a resposta passou por algumas explicações gerais e, é claro, não conclusiva como mandaria o bom senso numa situação dessas. Rubens não colocou o motor como o fator principal mas o mencionou.

E para quem leu os resultados das outras equipes, fica bem claro que o motor é ótimo mas no caso da Brawn o que se distingue é o projeto como um todo. Entre outras coisas Rubens disse que está ganhando muito menos que no passado recente.

Neste último sábado, ao acordar em frente à televisão na madrugada, apareceu Rubens no programa Altas Horas do Sergunho Groismann. Recentemente ele disse que passou os últimos mêses cuidando da preparação física. Repetiu a afirmação no Altas Horas e num take de perfil é bem notória a boa forma física dele. Está visível que ele mantém o preparo e mesmo nos carros atuais onde se apertam botôes e borbolêtas, a forma física é essencial. Citou um aspecto interessante das corridas, relacionado à manutenção corporal dos pilôtos. Antes da largada tôdos se hidratam com líquidos preparados com sais minerais muito usados por atletas. E um pouco antes do início da prova forma-se um fila no banheiro pois nesse momento tôdos os pilôtos estão descarregando um pouco do excesso que a hidratação provocou.

Em relação às finanças ele diz que tem um contrato assinado e que tem um pequeno salário mais adicionais. Muito provávelmente um adicional relativo aos pontos que êle conseguir obter na pista. Duvido que haja algum outro adicional na atual conjuntura da equipe.

Um pouco mais à frente na entrevista ele chamou o filho, cujo nome não me lembro. É o caçula. Aí Rubens mostrou uma coisa que eu já sei de gente bem próxima a sua família. Ele é uma pessôa que vive pela família. Você já viu o Rubens alguma vêz em baladas de boates como certos esportistas que conhecemos?

Falou uma coisa curiosa que eu nem imaginava. Ele é míope e dá umas tropeçadas aqui e ali de vez em quando. Deve ser um problema menor senão não estaria pilotando um F1. Jacques Villeneuve usava óculos quando estava na F1. Rubens só não disse se corre de lente de contato ou sem.

Em relação ao Schumacher ele foi enfático e direto. Ele admite que aprendeu muita coisa com o alemão. Mas não por algum desprendimento do alemão de ensinar algo a alguém. E sim por uma obrigação dele de transmitir algum dado em função das suas obrigações na equipe. E disse que o alemão é um cara rude no trato pessoal. Não foi êsse o têrmo que ele usou mas foi isso que quiz transparecer. E foi bem curto sobre o Schumacher. Decididamente Rubens não tem o alemão em alta conta. E eu nessa situação também não teria.

Ele se mostrou alegre e animado e transpareceu uma evidente motivação. E isso é uma coisa sem a qual ninguém faz nada. E motivação não sai de dentro como passe de mágica. É preciso que haja uma razão concreta para isso. É preciso um objetivo. E me parece que êsse conjunto está presente na vida dêle hoje.

Finalizando, o que ouvi e vi nos últimos dias me deu uma boa impressão. O que resta é acompanhar a F1 no ano de 2009 e ver os resultados.

segunda-feira, 23 de março de 2009

IKWC - O Mundial de Kart Indoor

No mundo todo as provas de automobilismo que mais chamam a atenção do aficcionado por velocidade são o Mundial de F1 e a 500 Milhas de Indianapolis. Os brasileiros podem se orgulhar de ter campeões nas duas modalidades incluindo Émerson Fittipaldi que foi campeão nas duas e também vencedor do campeonato da Indy no mesmo ano em que venceu em Indianapolis pela primeira vez.

Mas não é apenas nas modalidades mais sofisticadas de competições de velocidade que o Brasil tem destaque. Não é do conhecimento do público em geral, mas o Brasil tem pilotos que se destacaram em outra modalidade na qual também já temos campeão. No kartismo Indoor.

O kartismo Indoor cresceu muito no mundo todo e no Brasil também. Tanto aqui como na Europa e EUA há ligas de Indoor que promovem campeonatos regionais e nacionais. Aqui no Brasil a modalidade ganhou muita força e a razão é simples de explicar. O Brasil tem hoje um kartismo profissional, federado, que se desenvolveu muito desde o início na década de 60 pelas mãos de Cláudio Daniel Rodrigues, Wilson Fittipaldi, Émerson, o grande Maneco e outros que vieram na sequência, incluindo campeões mundiais. Mas os custos não são acessíveis à todos. E como é visto principalmente como lazer, muitos não podem arcar com os gastos de uma categoria dessas. Ao mesmo tempo pilotos como Émerson provaram para os brasileiros que temos uma escola de pilotagem capaz de nos colocar em condição de combate contra pilotos estrangeiros. As nossas vitórias no automobilismo mundial e também o crescimento do nosso automobilismo regional nas décadas de 60 e 70, fizeram nascer uma legião de admiradores sem dinheiro e ávidos para pilotar numa pista. Esse panorama fez o kartismo indoor tomar fôlego ao longo do tempo. Ficou sendo uma saída de custo baixo para quem quer saber o que significa pilotar 4 pneus de competição. E em 2005 alguns desses tiveram a oportunidade de mostrar a outros e em outro lugar o que aprenderam aqui mesmo.

IKWC - Indoor Kart World Championship (Campeonato Mundial de Kart Indoor), é um campeonato que teve sua primeira edição em 2005 na cidade de Phoenix no Arizona com a participação de 40 pilotos de 9 países. A decisão se deu por somatória de pontos a partir da participação em 4 provas. A final teve 1:30h de duração. As 3 primeiras provas definiram os 25 participantes da final. No total os pilotos que completaram a final pilotaram 4:30hs durante dois dias. O campeão foi Werner Truegler, piloto austríaco, seguido pelo brasileiro Thiago Costa que terminou a tão somente 2,3s atrás do austríaco. Por um desses azares do mundo da velocidade o campeão não foi um brasileiro. Pedro Washington precisava apenas de um 3o. lugar na final mas uma das duas rodas traseiras quebrou e a sua vitória acabou na barreira de pneus. O resultado final dessa primeira edição foi:

1 - Werner Truegler - Áustria
2 - Thiago Costa - Brasil
3 - Pedro Washington - Brasil

Houve uma pontuação por equipes e a equipe brasileira - TopKart - foi a campeã, formada pelos pilotos Thiago Costa, Pedro Washington, Filipe Jorge, Marcio Arcoverde e Dico Oliveira.

Nos próximos post vou escrever mais desse campeonato.

Abaixo, imagens da primeira edição.


O diretor de prova, Jared Wilcox, conversa com o pole, Pedro Washington, minutos antes da largada da final.


Werner Truegler da Áustria, o vencedor da prova final.


Werner Truegler, o primeiro campeão da categoria no pódium com Thiago Costa (2o.) e Pedro Washington (3o.)


Forma bem conhecida por nós da comemoração no pódium.
Pedro com a bandeira brasileira e ao fundo Juan Martinez da Colômbia no pódium de equipes.

fotos: http://indoorkartworldchampionship.com

domingo, 22 de março de 2009

F1 2009. O que a pré-temporada nos diz?

Nos últimos dias a Brawn GP dominou as notícias do mundo da F1 em função da incrível performance obtida nos testes pré-temporada, que deixou claro que o projeto nasceu muito bem. Mas as outras equipes mostrarão evolução ao longo do campeonato e nesse aspecto é muito dificil acreditar-se em uma possível hegemonia da Brawn. Uma coisa a respeito dessa equipe não pode ser esquecida. Não é o Rubinho que vai andar em condição de disputa com os outros pilôtos. É a Brawn que vai incomodar. Os dois pilôtos mostraram tempos muito próximos um do outro. Não veremos coisas como o que acontece na Renault onde o espanhol anda num ritmo sempre acima do Nelson.

Mas quando o campeonato mostrará aos fanáticos do esporte quais são as chances de uns em relação a outros?

Fiz uma pesquisa no site da F1 e acho que a melhor maneira de responder isso é dizendo onde se dará. No site oficial da Fórmula 1 há o calendário e os records estabelecidos no passado nessas pistas onde se dará o campeonato de 2009. É óbvio que se são records, o são em pista sêca. Com base nisso e a extensão da pista se obtêm as velocidades médias. E as médias são o que dizem o quanto uma pista é mais rápida do que a outra.

O calendário de 2009 prevê 17 corridas, sendo a última em Abu Dhabi, da qual não se têm dados. Vamos deixar essa de lado. Ordenando as pistas pelo comprimento temos Monte Carlo como a mais curta e Spa a mais longa. Das outras, 11 têm entre 5000 e 5800 metros. Uma diferença de 16%. Aqui é bom um aparte afim de lembrar que no passado, por exemplo do Émerson, a F1 corria em pistas antigas que eram apenas reformadas ano a ano. Até a nossa Interlagos já foi mais longa que hoje. Ou seja, a engenharia de pista de hoje faz com que 70% das corridas se dêm em pistas de extensão próxima uma da outra.

Em relação às médias, a mais lenta é Monte Carlo com 161,528 km/h e a mais rápida Monza com 257,321. Entre 197 km/h e 228 temos 11 pistas. Uma diferença de médias de 14%. Nesse grupo estão 70% das pistas. Tudo sem contar com Abu Dhabi.

E é aqui que há o dado interessante. Dessas 11 pistas apenas 4 estão na europa, que são Valência, Budapest, Catalunya e Nurburgring. As outras são Kuala Lumpur, Shangai, Sakhir, São Paulo, Istanbul, Melbourne (a abertura) e Suzuka.

É claro que não será só nelas que o campeonato será decidido porque nessa conta faltam Silverstone, Spa e Monza que são as mais rápidas e Monte Carlo e Singapura que são as mais lentas. Sem contar Abu Dhabi que está na média das extensões com 5.554 mts.

Enfim, em onze pistas temos a garantia de que as condições são parecidas entre uma e outra. Temos uma incógnita que será a última prova do campeonato. Temos uma pista muito lenta e estreita onde a classificação vale ouro, e três pistas muito velozes onde motor vai fazer muita diferença. Falo específicamente de motor porque a aerodinâmica para este ano está mais ´limpa´. Já que a pista da Catalunya, apesar de ser uma das curtas do campeonato, tem média dentro desse grupo de onze com 205,192 km/h, podemos acreditar que as performances apresentadas nos testes pré-temporada têm uma grande chance de se repetir ao longo da maior parte do campeonato. Aqui estou desprezando a evolução das equipes, coisa que fatalmente acontecerá. E a corrida de abertura está também nesse grupo. Melbourne tem média de 226,934. Como eu disse em outro post, Melbourne será a hora da verdade.

Sempre lembrando que as contas foram feitas com dados do passado em condições de tempo iguais e esses valôres não são mais válidos por conta das mudanças de regulamento. Mas servem para estabelecer relações entre uma pista e outra. É bom lembrar também que uma chuva numa dessas corridas muda tudo.

Mais abaixo segue a tabela em ordem crescente das médias. Os valôres são respectivamente a extensão, o record em segundos e a média horária.

No próximo domingo teremos uma idéia mais clara do que pode acontecer. Vamos aguardar.


Coming Soon

O que se vê na foto é um printout da página da equipe americana de F1 que teve que mudar o nome. Agora se chama USGPE, US GP Engineering. A Formula One Management rejeitou a anterior designação devido ao fato de que F1 é uma marca dela que não pode ser usada por ninguém. Assim sendo a futura-talvez-quem sabe-tomara-oxalá equipe americana de F1 teve que mudar o seu nome. Até aí tudo bem considerando-se que as marcas têm proprietário e isso precisa ser respeitado. Mas há duas coisas que eu tenho dificuldade de entender. Porque não falaram disso antes? Será que o nome USF1 foi ouvido pelo Bernie apenas depois do anúncio oficial? E fora isso, como se vê na foto, o site da equipe por enquanto apenas reservou o domínio. Eu acho muito engraçado que uma empresa alardeada pelos quatro cantos do planeta, com data prevista de entrada no campeonado para 2010, que está procurando interessados no seu projeto no vale do silício, entre outros lugares, não possa colocar no ar um site onde se veja ao menos uma breve biografia dos fundadores e alguns textos relativos à empreitada. E isso no país do marketing. De qualquer forma, caso você queira mais informações, o melhor a fazer é escrever para o email de contato, o que no momento fatalmente lhe renderá uma resposta bem objetiva: Coming Soon.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pai. Seis anos sem.

Meu pai e minha mãe em Campos do Jordão. Início dos anos 80.

Ontem (17/03) fêz 6 anos que meu pai se foi. Foi numa segunda-feira que fui acordado às 4:30 da manhã, chamado pelo hospital. Foi uma semana altamente estressante conforme eu comentei num post anterior. Práticamente não consegui fazer nada, o que atrasou bastante o meu trabalho. Quem foi uma companheira naquêles dias foi a Helena. Deu uma fôrça valiosa. E para ao meu pai foi bom porquê êle gostava dela.


Mas num domingo, tendo um atraso dos diabos no trabalho, vim para casa à noite para realizar o que me estava sendo cobrado. Vim mais cêdo para casa e o meu pai foi para outra mais cêdo do que eu gostaria. Assim que o hospital me ligou, eu chamei o serviço funerário que havia contratado. Êles me pediram que providenciasse certos documentos para levar no serviço funerário do município antes das 6 da manhã. A razão eu não me lembro, mas também não faz a menor diferença. Havia acabado tudo no mesmo hospital onde ele foi tratado por vários anos, e também o mesmo que diagnosticou o mal. Quando voltei para casa, o sol já estava de plantão. É engraçado como o sol tem um brilho diferente nesses dias. Sem graça. Fui pegar roupas, ligar para Deus e o mundo e aguardar o chamado para liberação do côrpo, o que se deu mais ou menos ao meio dia. Aqui vem uma parte bem desagradável. Você tem que fazer o reconhecimento. Precisa ser formal.

Fomos para o cemitério onde era aguardado o velório. Finalmente a expectativa tinha acabado e pudemos descansar um pouco. Os amigos mais chegados dêle estavam lá. Familiares nenhum além da minha mãe e eu. Como tudo tem a possibilidade de sair errado, naquele dia ocorreu uma coisa que ficou tragicômica. Naquelas tabulêtas onde o nome do falecido aparece, indicando a sala do velório, datas e tudo mais, havia um êrro grave. Ao olhar para a tal tabulêta chamei um funcionário e disse-lhe o que segue:

- Cara, aquêle ali sou eu. Quem morreu foi o meu pai!
O sujeito não sabia onde enfiar a cara e nem o resto do côrpo. Haviam colocado o meu nome lá. E ainda por cima errado pois misturaram o nome do meu pai com o meu. Não é coisa de se estranhar num país onde a maioria não lê nem ao menos Tio Patinhas. Como não valia a pena sob nenhum aspecto uma discussão, eu mesmo tratei de transformar o momento em gozação. Sim, o velório do meu pai teve ao menos um breve momento sem tristeza. Mais tarde vem a hora mais difícil que não é preciso dizer qual. A minha mãe nem quiz assistir e voltou para o carro. Ponto final. Está definitivamente encerrado. Volta para casa e com uma sensação de impotência que não há como descrever.

Levou algum tempo para me acostumar. Mas a vida funciona assim mesmo. Tem coisas sobre as quais não temos nenhum contrôle. Aliás, depois dessa passei a pensar que controlamos apenas algumas pouquíssimas coisas.


Na foto, do início dos anos 80, meu pai e minha mãe em Campos do Jordão. Apesar da vida dura que têve, após a aposentadoria êles tiveram um bom tempo de satisfação, com viagens para muitos lugares, muitas delas em camping´s. Afim de reverenciar a memória do pai, fica sendo este post o último da semana. Novos só na próxima.

O segundo é apenas perdedor

Se há uma categoria esportiva que inventa coisas mirabolantes nos seus critérios, esta é a Fórmula 1 de forma isolada. Quando se falou em premiação por medalhas pensei em 1o., 2o. e 3o. Não imaginei que a definição do campeão fôsse por um critério diferente daquêle que define as colocações dos outros participantes.

É dificil entender o propósito de uma coisa dessas. No início do campeonato todos estarão motivados a se degladiar na pista para buscar uma vitória. O que pode fazer com que alguém não muito bem intencionado consiga pôr o concorrente para fora da pista, o que será seguido por uma luta de box talvez. Aos que não conseguem lutar por posições nesse bolo restará a participação em função dos pontos da equipe, cujo critério não foi alterado. Isso fará com que logo no comêço do campeonato um determinado pilôto já desista de brigar por posições e se preocupe mais em regularidade nos resultados.


Sem necessáriamente querer criar cenários, imagine que o alemão estivesse no campeonato com a sua Ferrari demolidora. Em pouco tempo ele seria definido como campeão antes que a temporada acabasse. Aí não faria sentido o Rubinho sendo escudeiro. Isso faria com que o alemão corrêsse apenas pelas suas vitórias e o Rubinho apenas pelos pontos da equipe.

Dois pêsos, duas medidas. Mas no cenário de hoje o que torna as coisas mais confusas é o conflito de regras. Um pilôto como o Hamilton, a partir de um determinado ponto do campeonato simplesmente desistiria de competir pelo título o que seria o mesmo que antecipar o título de outro, caso o seu carro não evoluísse ao longo do campeonato. Mas êsse outro pode correr o risco de ver a viola em cacos se o motor quebrar antes da hora. Ou seja, vem de uma vitória na estapa anterior e por um dêsses azares da vida é obrigado a trocar o motor. Aí anda dez posições para trás no grid, o que não apenas vai dificultar a sua vida, como pode até determinar a perda pura e simples da vitória. Assim, nessa corrida ele vai lutar pelos pontos da equipe, esperando que na próxima ele vá lutar pela vitória. Fora isso, um pilôto que está na pole de um GP mas não tem condições de ganhar o campeonato, vai guiar com que propósito? De que vai adiantar ele ganhar a corrida? Vai adiantar pelos pontos, certo? Mas e se o carro quebrar o motor ou o câmbio porque lá na frente você sempre exige o máximo? Ele vai chegar à conclusão de que é melhor aliviar o ritmo mesmo que isso represente a perda da prova mas lhe dê a garantia de que não vai ser penalizado pelas regras?


Confuso demais. Depois do Gp da Austrália haverá um dado inicial sôbre a efetiva performance dos carros e dos pilôtos em condições de disputa. E no panorama atual eu apostaria as minhas fichas no Alonso. É muito técnico, é um bom estrategista e um bom acertador. É um cara que tem condições de tirar o título de outro pilôto no meio do campeonato. A performance da Renault no ano passado foi claramente crescente na mão dêle. Por outro lado, se êle não tiver chances de disputar o título, é provável que o Nelsinho volte para casa mais rápido, porque nessas condições uma diferença grande de resultado entre os pilôtos fará com que a equipe não tenha nenhuma chance de disputar o título. Coisa que almejaria com unhas e dentes se não pudesse ter um dos seus pilôtos campeão. Esse campeonato pode não ser divertido mas com certeza será esquisito.

terça-feira, 17 de março de 2009

Melbourne - lá será a hora da verdade

Esse período pré-temporada da F1 está despertando muita curiosidade principalmente pela atuação da Brawn GP. A confirmação de Rubens Barrichello na equipe e a performance que os dois pilôtos obtiveram acendeu a curiosidade de todo mundo, até mesmo dos seus concorrentes. Duas coisas foram marcantes nesse aspecto. As declarações de Massa e Alonso. Principalmente o espanhol foi enfático em relação à performance do BGP01 e disse que nem que fôsse para a pista de tanque vazio, conseguiria o mesmo rendimento. Mas ele fêz exatamente isso ontem e ficou a 0,05s à frente da Brawn, tendo combustível para apenas duas voltas. É óbvio que as equipes não estão dispostas a abastecer os seus carros a cada duas voltas pois, além de ser um contracenso em termos de condições de teste, mal dá tempo para aquecer os pneus ao máximo. Enfim, com a sua volta voadora, Alonso provou o que disse. Apenas com uma grande diferença de pêso conseguiu chegar no tempo da Brawn. Em outras palavras, o carro anda mesmo.

A F1 de hoje não é porta aberta como foi no passado. Tudo que se fala passa por um filtro. É o que interessa à êles. Nesse panorama fica dificil acreditar em ´informações privilegiadas´. Pois o que se publica hoje sobre os testes tem caráter muito especulativo. Por duas razões básicas. A primeira é justamente a questão das informações de equipe. Muitas não estão sendo publicadas, específicamente as mais significativas para um julgamento. Outro ponto importante são as condições de teste. Como o objetivo é as equipes terem uma pista à disposição para ajustes iniciais, não interessa a nenhuma delas ficar disputando posições como se faz num GP. Então na verdade tudo o que se apurou de performance não é necessáriamente aplicável como prognóstico de uma disputa curva-a-curva durante o campeonato.

Um único fator coloca a Brawn na disputa por pontos nesse ano. A ausência de testes imposta pelo regulamento durante a temporada. Ou seja, as provas serão o dia de testes das equipes. Na sexta-feira do GP as equipe tem 1:30h de treino livre apenas. Dessa forma quem começou bem está na disputa e quem começou mal vai trabalhar muito durante o ano com direito a grandes dôres de cabeça. A corrida de Melbourne fica sendo o divisor de águas dos prognósticos. Ali os carros vão se encontrar pela primeira vez em condição de combate. Ainda há mais uma variável que provávelmente será eliminada pelas equipes no correr do ano. O KERS não é compulsório. Como o sistema pesa mais ou menos 35 kgs, ele vai acabar sendo eliminado por quem estiver necessitando de balanceamento de pêso. Tira o dispositivo que pode estar só na traseira e completa o pêso com lastro a ser colocado estratégicamente afim de conseguir mais equilíbrio.

Mas há uma coisa sobre a qual não tenho visto comentários. Os pneus. Mudaram para slicks neste ano. A variável mais crítica de um carro de corrida, seja ele F1 ou outra coisa qualquer, são os pneus. Em que carro você estiver pilotando haverá 4 pneus. Sendo slicks os desse ano, os pilotos poderão abusar mais das freadas e se você abusa mais, exige mais e portanto desgasta mais também. A Bridgestone anuncia os compostos para as cinco primeiras provas. Daí se deduz que o desenvolvimento não está inteiramente definido.

Por tudo isso e mais a dificuldade óbvia que existe de obter-se informações não oficiais, acho que tudo que se fala no momento está muito mais para especulação. Análise mesmo só no meio do campeonato.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Águia - Luiz Evandro Campos

Uma coisa que dá muito prazer numa reunião de pilôtos, como foi a do último sábado do Nobres do Grid em homenagem à Bob Sharp, é a possibilidade de conversar sem pressa com essas pessôas ao mesmo tempo que encontramos carros que dificilmente vemos andando pelas ruas. É o caso do Willys Interlagos das fotos, de propriedade de Luiz Evandro ´Águia´. Fora a disposição de Águia para atender aos pedidos de uma foto ou uma conversa. Simpático e sempre com um ´sim´ como resposta. Quando fiz as fotos já estava na hora da sessão de homenagens ao Bob e não houve muito tempo para uma conversa mais prolongada. Mas mesmo assim agradável, como já pude constatar em outras ocasiões com Águia. No site da FASP, há uma entrevista dêle com muitos detalhes da sua carreira e uma foto do mesmo carro quando disputou a Classic. Repare que na foto no site da FASP há um aerofólio traseiro que não faz mais parte do carro. Deve andar um bocado pois a mecânica é CHT 1,6. Não perguntei ao Águia mas penso que o carrinho atinge 200 fácil. Afinal esse mesmo motor levava um carro bem mais pesado que ele e sem aerodinâmica a 140. Parabéns Águia pelo belo carrinho e mais ainda pela simpatia.

fotos: Amigos Velozes

domingo, 15 de março de 2009

BOB SHARP - V Nobres do Grid

Nobres do Grid é uma idéia dos amigos Ciro Margoni, Flávio Pinheiro e Ronaldo Nazar. Os três apaixonados pelo automobilismo realizaram um encontro na presença de Luiz Pereira Bueno no ano de 2007. Êste por sua vez têve a idéia de convidar o amigo Chiquinho, no que foi prontamente atendido. Mais tarde Luiz agradeceu por carta o dia de confraternização e sugeriu que o grupo de amigos fôsse intitulado Nobres do Grid. A idéia foi prontamente aceita e os encontros seguintes reuníram um número bem maior de participantes.

No último sábado aconteceu o 5o. da série no Clube da Eletropaulo ao lado da represa Guarapiranga. Fora a maravilhosa tarde de sol a reprêsa está com o nível de água alto o suficiente para que muitos pequenos veleiros fôssem vistos navegando. Uma das poucas visões agradáveis na nossa cidade de concreto e asfalto. Aliás não consigo compreender muito bem porquê dizem que a praia do paulista é o shopping. O que um shopping tem a mais que a reprêsa quando está em época de cheia com barquinhos passando pra lá e pra cá? É uma questão de opinião muito dificil de ser discutida, mas a verdade é que a vista da represa em dia de sol no silêncio de um clube traz uma sensação de bem estar que um shopping não pode proporcionar a ninguém.

E no que diz respeito a proporcionar bem estar, o cenário acima descrito foi perfeito para prestar homenagem ao pilôto carioca Robert Amaral Sharp, o Bob, na presença de vários amigos seus de pista e familiares. Entre outras coisas, Bob é um desses felizardos que já pilotou Maverick na Divisão 3. A principal razão para o comparecimento da equipe MFG Racing Team com um dos seus carros, entre outros que estiveram presentes. O carro voltou para casa com o autógrafo de Bob e o de Edgard Mello Filho no teto, no canto esquerdo dianteiro, como mostram as fotos.

Tudo com o tempêro de um belo buffet e uma quantidade apreciável de latinhas de cerveja muito bem vindas devido ao calor da tarde que fêz com que fôssem consumidas constantemente. No mesmo salão onde as mesas foram dispostas para o almoço, foi realizado ato de homenagem ao Bob com a exibição de um vídeo contendo declarações de muitos amigos seus. Ao final foi convidado a dar a sua palavra, momento em que aproveitou para abordar um tema muito preocupante nos dias atuais. A segurança ao volante. Na sequência teve a sua fala enriquecida pela do amigo Jan Balder que outra vez enfatiza a preciosidade das iniciativas de manutenção da memória do nosso automobilismo, muito especialmente o período do qual êles fizeram parte, que sem dúvida foi importantíssimo para esse esporte de apaixonados.

Na minha rápida fala no Encontro Maneco Combacau em Janeiro deste ano, citei que há uma clara diferença entre saudosismo e memória. Se você que está lendo este post é pessôa que cultua a memória do automobilismo nacional, acesse o web site Nobres do Grid e aguarde a data do próximo encontro que provávelmente se dará no meio desse ano de 2009. Estarei lá e com muito prazer e convido meus amigos a fazerem o mesmo.

Seguem abaixo fotos do encontro.


Bob Sharp conversando com Edgard Mello Filho


Momento do autógrado de Bob Sharp no carro da MFG


Edgar Mello Filho dá seu autógrafo ao lado autógrafo de Bob


A marca das feras no teto do bólido


Três prêmios Victor. O do meio de Luiz Pereira Bueno, ladeado pelos dois de Bird Clemente


Muitos e muitos kilometros de pilotagem se somam nessa turma


O pilôto Dante di Camillo, que está na mais difícil prova de sua visa, foi lembrado no evento


Jan Balder completa o período de homengens a Bob Sharp


A ´família´ MFG Racing Team na compania do seu capitão Luiz Pereira Bueno

fotos: Amigos Velozes

Cláudio Reis na lente amadora de um amador

Cláudio Reis registrando o Encontro Maneco Combacau em 31 de Janeiro

Há uma coisa que os pilôtos de todas as modalidades devem agradecer a existência e também o uso contínuo. A fotografia. Os fotógrafos são as pessôas que eternizam momentos de uma corrida e por consequência têm material apto a ser publicado do evento, pilôto, público, local e tudo mais. Mesmo que a cena seja gloriosa, hilária, compromentedora ou mesmo trágica, o trabalho do fotógrafo em pista é o que garante visiblidade, registro e lembrança dos momentos de um piloto. Sem isso essas pessôas estariam quase relegadas ao descaso total, muito especialmente num mundo como o de hoje onde tudo é uma imagem, seja ela dinâmica ou estática.

É o papel que cumpre mensalmente nas corridas de kart o amigo Cláudio Reis do site PlanetKart, conforme registram as imagens desse post. Na corrida de ontem no Kartódromo Internacional Granja Viana ele me viu atrás do alambrado aguardando o início da Sport400 afim de dar alguns cliques para o meu blog. Com o sorriso e irreverência habituais me indagou imediato:

- O que você está fazendo aí? Vem pra cá!!

Vindo do amigo em questão não é um chamado apenas mas uma sentença a ser levada a sério. Caminhando pela grama da reta oposta já principiam algumas citações sobre a prova que se iniciara. Ato contínuo da parte de duas pessôas que gostam de kartismo. Se no momento não posso pilotar e fico com uma certa inveja de quem está no asfalto derretendo borracha, por outro lado esqueço da chatisse dos dias atuais ao observar um evento do qual vou escrever depois e com fotos próprias. Infelizmente deixei de registar ontem uma cena interesante. No final da Sport400, Cláudio e mais dois fotógrafos se agacharam do meu lado direito, guardando uma pequena distância entre seus cotovêlos, um ao lado do outro afim de registar a quadriculada daquela prova. É quase um ballet atrás de excelentes objetivas profissionais, pilotadas por profissionais. Ao mesmo tempo e sem que alguém fale algo, tomam posição num determinado local um ao lado do outro e visando o mesmo ponto e no mesmo ângulo.

Cláudio Reis aguardando mais uma cena enquanto eu me ocupo da passagem de Luiz Braz

Trabalho feito com prazer, o grande diferencial.

Cláudio aproveita a oportunidade para fazer graça da minha pobre Kodak EasyShare, emprestada de muito bom coração da Helena. Não tenho outra máquina e esta tem sido a minha salvação nesses dias. É a razão pela qual as minhas imagens são de baixa qualidade. É uma máquina que está apta a no máximo registrar cenas de família sem a mínima condição de ser um trabalho profissional. Enfim, no quesito fotografia dividi ontem o meu espaço com teles que poderiam muito bem mostrar as restaurações dos dentes do pilôto lá no comêço da reta, caso o mesmo estivesse com a bocarra aberta.


A Kodak emprestada da Helena Martins. Não fosse ela......

Apesar de não ser profissional já estive uma vez numa situação onde me vi na condição de profissional e me saí bem. Certa vez num auditório com as luzes apagadas fiz o que muito fotógrado profissional do passado fêz inúmeras vêzes. Trocar o filme 6X6 em uma Rolleyflex sem nenhuma iluminação para isso. E acredite se quizer, é mais fácil do que pode parecer. É claro que antes desse dia pratiquei isso no laboratório com filme velado. A velha Rolley é uma verdadeira mãe nesse aspecto.

O melhor amigo do homem pode ser uma Rolleyflex

Mas a fotografia é coisa para amadores e para profissionais. E com os profissionais o resultado pode ser marcante. É o caso da fotografia abaixo que me foi gentilmente cedida por Cláudio Reis. Foi no dia 31 de Janeiro desse ano no Encontro Maneco Combacau na Granja Viana. Perceba o ôlho atento do fotógrafo ao reprodizir uma expressão de Maneco no mesmo ângulo da foto seguinte que foi feita numa corrida em Ribeirão Prêto 40 anos antes. É o charme da imagem estática na mão do profissional.

Parabéns Claudio Reis.

fotos: Cláudio Reis, Rafael Heying, Amigos Velozes, arquivo pessoal Maneco

Maneco Combacau em 31 de Janeiro Kartódromo Internacional Granja Viana

Maneco numa foto antológica da década de 60 numa corrida de karts em Ribeirão Preto

SPORT400 etapa 1 - 14/03/2009

A largada tendo Bruno Miloni na liderança, a qual manteve até o final

Na manhã deste último sábado o céu estava de cara feia e o ar frio. No caminho para o Kartódromo Granja Viana o sol brilhou mas por poucos instantes. Na chegada no kartódromo as nuvens retornaram. Eram 8:45 da manhã e não havia mais lugar para estacionar dentro do kartódromo. A única saída foi parar o carro a alguns metros do portão de entrada. O ar frio de uma manhã de céu nublado é mais piedoso com os pilotos e também com seus motores.

Mas isso não foi suficiente para dois amigos meus que correram ontem a primeira etapa do ano da Sport400.

Luiz Alberto Braz não obteve tempo de classificação pois o seu motor quebrou o pistão quando tentava a sua volta rápida. O motor foi trocado às pressas e ele foi para o grid no último momento e em último lugar. É bom lembrar que o pistãozinho valente do motor avariado fêz todo o campeonato de 2008 e só ontem pediu a sua aposentadoria por tempo de bons serviços prestados.

Já Ricardo Talarico, vice do ano de 2008, teve uma classificação não muito encorajadora, ficando no meio do pelotão, mas tinha confiança no rendimento do seu equipamento para tentar chegar até o pódium. A confiança deu lugar à decepção e demonstrações de inconformismo quando ainda na primeira volta uma mangueira de gasolina se rompeu por estar atritando com a campânula da embreagam centrífuga. Convenhamos, é uma forma bem desagradável de dizer-se que perdeu uma corrida.

Braz que largou na última posição, teve a paciência que falta a muito piloto para aguardar que o bolo à sua frente começasse a se definir, para então partir para o ataque. Não foi assim a conduta de alguns que largaram à sua frente que se encontraram logo na primeira volta na curva hum, motivando até uma capotagem. Ali mesmo ele já herdou algumas posições perdidas pela falta de paciência alheia. Mas não tinha um motor tão ajustado assim às condições do dia e até fêz o característico sinal de ´negativo´ com o polegar direito, sinalizando que o motor lhe propiciava menos que o necessário. Essa condição ficou muito evidente na reta. O melhor lugar para se realizar ultrapassagens sempre foi a reta. Desde que você saia da última curva o mais veloz que possa e tenha potência e aceleração suficientes. Na falta dessas condições resta o ponto mais difícil para uma ultrapassagem que são as curvas de baixa. Especialmente quando elas sucedem um trecho de alta. Aí qualquer deslize do concorrente é o que basta para se ganhar um posição. E é aí que o piloto mostra o quanto sabe aproveitar o seu equipamento. Foi dessa forma que Luiz Braz conseguiu finalizar a prova em 11o. num grid de 19, saindo na última posição e com um motor que apenas depois de umas cinco voltas entrou em ritmo constante de funcionamento.
Na segunda etapa, já com motor novo, virá a oportunidade de se recuperar.
Luiz Braz abrindo dos concorrentes após ultrapassagens no miolo

A mesma oportunidade que terá Ricardo Talarico que foi obrigado a assistir a corrida da qual teria participado. Coisas das disputas de kartódromo que podem acontecer a qualquer um. Apesar do descontentamento justificável, Ricardo mantém o seu característco bom humor. Coisa que muita gente não consegue nessas circunstâncias.

Ricardo Talarico, o Tala, mantendo o bom humor apesar do abandono na primeira volta

Brilhante foi a prova do vencedor, Bruno Miloni, que liderou de ponta a ponta e sendo perseguido em todas as voltas pelo segundo e terceiro colocados. Os seis primeiros colocados foram Bruno Miloni, Breno Pero, André Salmoria, Beto Nini, Michael Pryor e Renato Rios.

Da esquerda para a direita: Rafael Scalize, Luiz Alberto Braz e Carlos Braz

O pódium da principal

fotos: Amigos Velozes

quinta-feira, 12 de março de 2009

1 segundo é chão

(All timings are unofficial)
Assim se lê nos relatórios dos testes da Brawn GP. Não são oficiais mas são reais. Inclusive a diferença de 1s que o Button colocou na Ferrari no seu último dia em Barcelona.

Rubens e seu chefe. Parece ser uma nova fase ´Stewart´

Você só sabe o que é um segundo na pista se entrar numa com equipamento de competição. Não precisa ser um F1. Mas no caso de um F1 onde o rendimento é sempre extremo e as diferenças entre uns e outros são pequenas, um segundo pode significar o fim da fila. Mas o que mais impressiona na Brawn GP não são os tempos muito bons que foram obtidos. Mas o fato de tê-los conseguido. E isso é uma prova contundente da capacidade da equipe. Tudo depõe a favor de Ross Brawn. Ele é o cacique agora. E ainda por cima sem suporte. O bólido foi para os testes sem logos de patrocinadores.
Ao mesmo tempo as estrêlas do ano passado, Ferrari e McLaren, estão sofrendo para andar no ritmo mais forte. Literalmente não estão conseguindo.

Antigamente quando os testes eram liberados e os treinos de GP´s começavam na quinta, no dia da corrida as esquipe teriam andado ao menos o equivalente a um GP, fazendo acertos de todo tipo. E no dia da corrida nada mais havia a ser feito. Nesse panorama os testes inciais da temporada não tinham o significado que adquiriram agora. Basta dizer que nessa época de Émerson e Piquet era comum que uma equipe trocasse o motor do carro antes do warm-up do GP. Toda essa flexibilidade não existe mais e por consequência tudo o que é feito antes de colocar o carro no asfalto é o que vai determinar como ele vai andar o resto do ano.

Por isso que o desempenho da Brawn GP chama a atenção. Todas as etapas de construção do novo modêlo resultaram num carro competitivo. E não se pode computar isso ao motor Mercedes pois a McLaren está com esse motor andando em último nos testes. Desempenho que fatalmente será alterado para melhor no correr do campeonato. Então a Brawn GP tem um pacote muito forte que vai incomodar os outros no campeonato todo. Porque a única chance de testar os carros em ritmo de GP é essa de Barcelona. Se errou vai ficar difícil concertar depois.

Aí é onde o Bruno Senna teria dificuldades. Nenhuma vivência no dia-a-dia de F1. E a resposta do Rubens na pista é imediata porque já está calejado.

Mas a Brawn pode esperar algumas dificuldades pela frente. A volta voadora do Button impressionou. Mas foi apenas uma nessa condição. As outras ficaram na casa de 1:20 onde estão a Ferrari e a BMW. Para se ter uma idéia do rendimento da Brawn, a pior volta dela foi apenas 0,3s mais lenta que a melhor do Alonso.

Como daqui em diante o desenvolvimento dos carros se dará sem testes, isso significa que a Brawn está efetivamente na briga nesse ano. Na minha opinião vai andar entre os dez primeiros, ao invéz de entre os dez últimos como acontecia com a Honda.

Falta saber de duas coisas que serão de uma importância muito grande. A confiabilidade do motor e o acêrto na estratégia de corrida da equipe. O carro está pronto faltando os pequenos ajustes que virão com o tempo. Os pilotos mostraram que podem andar muito rápido. E o chefe mostrou que é chefe mesmo. Vamos aguardar Melbourne. E aguardar a BMW também que não está aí para brincadeiras.

foto: BRAWN GP

segunda-feira, 9 de março de 2009

Fragmentos da minha visão de mundo

Recebi um email com um texto de um oncologista, o qual não vou colocar aqui na íntegra pois é um texto muito longo. Vou transcrever apenas dois trechos muito significativos, que são os que seguem:

"- Não sabe não tio? Saudade é o amor que fica!"

".....Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência."

O texto está baseado na experiência da relação médico paciente com uma menina que sofria de câncer e que tinha como certo o final da sua vida, o que de fato se deu.

Eu não gosto muito de falar na primeira pessôa em certos temas, mas acho que nesse caso não há maneira melhor da minha parte para fazer as colocações que seguem. Me desculpe o leitor se este post é muito longo. Sei que posts longos não são apreciados.

Todos nós nascemos de uma união e portanto temos pai e mãe no caso de sermos criados por estes. Caso contrário os teremos de coração e não pais biológicos. Seja que tipo de pais temos, a verdade é que não nos dedicamos tanto a estas pessoas, muito em função dos nossos valores de juventude e de infância. Pai e mãe tornam-se chatos durante um certo período da nossa vida. Mas como a vida habitualmente nos dá tempo para percebermos e realizarmos mudanças, mais tarde a nossa leitura de família passa a ter outra conotação. Infelizmente para a juventude atual a matéria tem se mostrado tão absoluta na vida delas que está ficando práticamente impossível lhes mostrar outra visão, a qual por vêzes pode ser rejeitada até mesmo a poder de agressividade.

Paralelamente a isso temos o mundo que está se tornando dia a dia mais ácido, mais competitivo, mais materialista, menos realista (ou uma nova realidade fútil e mal constituída), mais destrutivo, carente de ética, de fraternidade, de respeito, de consideração, de compreenção e de caridade.

Meu pai jamais fumou e bebia sempre em doses minimalistas. Mesmo assim faleceu do mesmo mal da menina mencionada acima. Não há dúvida de que nisso há uma tendência do organismo. Mas há componentes externos que podem deteriorar a saúde de uma pessôa com incrível potencialidade para isso.

Dois fatores contribuíram muito para isso na vida dele. O principal foi a flagrante rejeição familiar, a qual um dia o meu gênio de italiano sepultou muito mais que 7 palmos abaixo. E por conta dessa rejeição ele não teve ambiente psicológico para suportar a dureza da rejeição que também sofreu no trabalho. Suportou isso por longo tempo na vida até que finalmente veio a almejada aposentadoria que, não posso negar, lhe trouxe alguns anos de conforto. Mas o mal já estava plantado e um dia se manifestou.

Após um ato cirúrgico bem sucedido e um tratamento ao qual não colocaria dúvidas, sobreviveu por mais cinco anos até que o mal se manifestou novamente. Aí como é sabido por todos, nada há a ser feito.

Os dias finais foram um autêntico stress para mim. Mas eu não imaginava que havia coisa mais triste ainda a lembrar além do nosso último aperto de mão.

Tão logo ele se foi eu tive a obrigação imediata de cuidar dos interêsses e pendências remanescentes, o que é muito comum nessas situações. Tal não me provocaria mais dissabôres não fosse o fato de que a partir desse momento passei a me deparar com a sordidez do ser humano.

A primeira etapa veio justamente de alguém de quem eu já esperava algo não muito recomendável. Uma família de mente porca e mesquinha, que na ocasião tinha a posse de um bem do meu falecido pai, tentou subtraí-lo às custas de uma manipulação de relacionamento. Não tiveram como esconder que estavam aguardando o final do meu pai como se isso fôsse apenas o fim de um carro enferrujado. Não sei descrever a sensação que isso me causou.

Na sequência vi porque o meu ambiente de trabalho estava ficando dia a dia mais estranho. Você jamais deve demonstrar algum tipo de fraqueza num ambiente desses. Não existe compreenção para nada nessas horas. Apenas cobrança e oportunismo, advindos da ganância e materialismo sem limites. Você está na mão dos outros. E no meu caso, os piores sanguessugas que já vi. E mais algumas outras coisas desagradáveis que mais quero é esquecer.

Tudo centrado num valor. Uma vida que não importava nada a ninguém, que podia ser tratada como bem quizessem, tinha-se ido e restou o que esta mesma vida deixou entre nós.

Isso tudo foi a demonstração mais clara da sordidez do ser humano, que eu pude ver na vida. Aí meu pai era pessôa apenas para mim.

Passado o tempo essas coisas se acomodam. E na acomodação a minha visão de mundo começou a mudar. O que me afetava profundamente passou a não fazer mais nenhuma diferença. Coisas bobas na vida como andar de kart ou escrever num blog passaram a ter grande valôr, além tantas outras que vieram lá no início dessa fase. Certas pessôas que eu tinha como amigos ou parceiros, que na verdade jamais foram, passaram a não entender muito bem a minha distância. Muitas que me interpretaram, ao invéz de me conhecerem, deixaram de contar com a minha presença e lealdade, tal qual aconteceu ainda recentemente. A naturalidade e espontaneidade das pessôas pode ser até chocante, dependendo da situação.

E a caridade que eu mencionei acima, onde entra nessa estória? Caridade não se faz com dinheiro. É uma forma e muito eficiente dependendo do bolso onde esse dinheiro vai cair. Mas se faz especialmente com gestos e por consciência. Ninguém precisa tirar um centavo do bolso para ser caridoso e nem acreditar que é o telemarketing a fonte da remissão das suas faltas.

É uma das coisas que falta no mundo de hoje. A caridade. O ser humano que vive na neura sem fim do trabalho nos dias de hoje, cujas leis para nada servem pois são absolutamente inumanas, e que enfrenta diáriamente um trânsito insuportável e sanguinário, não tem condições psicológicas e emocionais de viver a sua família ao aportar na morada. Até mesmo os pequeninos ficam com a fatia de tempo comprometida. E que relacionamento não vai sucumbir à isso?

É por isso mesmo que tanto meu pai quanto eu e muitos outros que eu conheci e conheço foram ameaçados no seu trabalho. Porque é a fonte da manutenção do que estão construindo. A sua família e o relacionamento advindo dessa situação.

Onde as pessôas mais deveriam estar unidas é que estão mais desunidas ainda e se contrapondo dia e noite. Não deveriam estar unidas como num sindicato mas como sêres humanos, tais como alguns ótimos amigos que o meu pai fêz durante a sua vida profissional e que eu tive o prazer de conhecer. Poucos na verdade mas houve.

Recuperei aquele bem e recentemente mais um outro. Para ser mais claro, depois do passamento do meu pai tentaram me tirar tudo o que tinha. Era uma oportunidade. A lógica da civilização atual não prevê coisas intrínsecamente humanas como compreenção, respeito, caridade. E para piorar um pouco, respeito nos dias atuais é traduzido em polidez ou mesuras desnecessárias. Cansei de ver na vida gente que tinha um linguajar límpido na sua forma de expressão e ao mesmo tempo uma mente mesquinha que nada mais vê à frente além do materialismo e a capacidade de manipulação nos momentos de conveniência. É engraçado isso pois a classe política tem exatamente essas características. É a mediocridade no topo da ordem.

Aquele ditado, nojentamente mal aplicado por políticos - "é dando que se recebe" - jamais pode ser empregado na íntegra. Tornar nú um santo afim de cobrir outro não leva ninguém a nada. Mas o oposto da individualidade, do absolutismo citado acima na frase do médico, desde que dosado de forma consciente é uma fonte geradora de conforto que não pode ser adquirido em parcelas de cartão de crédito.

É por conta dessas leituras que há pouco tempo literalmente dei uma propriedade minha, abandonada há muito tempo, a uma pessôa que não tinha como adquirir algo fácilmente. Pode parecer piada, mas na sequência disto recuperei mais uma do meu pai, fruto do seu suor, que outro tentou subtrair. Tentou porque estamos no mundo dos espertos, dos mais rápidos, dos mais interesseiros, do tudo por dinheiro, o mundo dos argumentos, da malícia, da boa conversa, da hipocrisia. Também foi pela mesma leitura de mundo que certa vez dei metade do meu guarda roupa a uma instituição de caridade porque eu tinha mais roupas do que usava. Isso se deu num dia em que eu vi uns mendigos deitados no chão aqui na esquina e ao cair na cama me cobrí com 2 cobertores por conta do imenso frio que fazia. E êles, como estavam?

Finalmente, a mesma sensação que o oncologista teve na sua relação com a menina paciente de dias contados, que lhe fez mudar a visão de mundo, foi mais ou menos a que eu tive ao experimentar a imensa sensação de impotência ao ver o meu pai no seu último leito já sem forças até para falar. As pessôas não se dão conta da impressionante fragilidade que a vida tem. Às vezes só conseguem perceber isso pela tragédia.

Para que a minha leitura do ser humano não se tornasse fria e calculista e para que eu não sentisse o mesmo descaso com o qual meu pai foi tratado por certas pessôas, é que me afastei ´sem mais´ de muitos, ao mesmo tempo que me encontrei com outros novos e bons parceiros da vida.

Essa garotada de hoje que vive essa vida absolutista com o argumento que essa é a atual, a mais correta, a única aceita, precisa de algo que lhes desperte a consciência de que o mundo, mesmo com tudo que pode proporcionar ao ser humano nos dias de hoje, na prática vai de mal a pior porque é incapaz de proporcianar o mais importante de tudo. O próprio ser humano em si, ao vivo e a côres. Hoje qualquer pessôa pode ser substituída no shopping mais próximo ou no boteco da esquina ou nos dois.

Aos sórdidos e medíocres que me acompanharam nos últimos anos, apenas uma lembrança. Estou vivo. E não estou triste.

Aos reais amigos que ficaram e aos muitos novos que recentemente fiz, a ansiedade pelo nosso próximo encontro temperado por alguns copos e uma boa prosa.

Ao meu pai que já se foi, um alívio. Perdemos pouco. Mas perdemos principalmente o que nunca deveríamos ter tido. E ficaram os que pensávamos que iriam.

domingo, 8 de março de 2009

Celso Freitas - Spyder Light

Foi no encontro que organizamos para o Maneco Combacau que eu conheci o Celso Freitas. Apenas nos cumprimentamos e nem deu tempo para um papo. E nessa última etapa do Paulista de Automobilismo o vi no box, dessa vez de macacão. É um desses boa-praça com quem se conversa sobre tudo descontraídamente desde que isso não se dê a hum minuto da largada, óbviamente.
Celso no encontro em homenagem ao Maneco
Outro dia comentei com alguém que se me pedissem para escolher um carro do Paulista para andar seria um Spyder. É rápido de curva, usa slicks, tem 200 cavalos nas costas para domar, um habitáculo com espaço para braços e pernas e leve como são os carros de chassi tubular. E como é típico nesse tipo de construção, os menores detalhes fazem uma grande diferença. Saber lidar com eles é a alma da coisa. Por exemplo a asa traseira que não aparenta ser eficiente pode significar uns 300 rpm no final da reta se ficar em ângulo neutro.
No box pouco antes da classificação
Celso corre na Sypder Light com um carro que adquiriu zero há um ano. Não tive tempo de lhe perguntar sobre resultados anteriores. Na classificação de ontem não se deu muito bem. Não correu a primeira etapa e ontem ao sair para a classificação, no mesmo momento em que eu iria fazer uma foto no final da reta, o vi em dificuldades no S e na sequência ao contrário. Na hora pensei que ele tivesse abusado dos pneus que talvez não estivessem na temperatura ideal ou que ele tivesse ´pisado´ no lado sujo da pista onde caiu óleo pela manhã na classificação da Classic Cup. Ele estava abrindo volta naquela hora.
Classificação. Traseira deu muito trabalho.
Depois numa conversa no box ele disse que a traseira do carro estava arisca demais. E de fato estava, de acordo com o que eu vi. Esse carro é como um kartão, como ele gosta de salientar. Mas um kartão que passa de 200 na reta dos boxes. Então o tempo de reação não é muito grande. Mas fora isso a escapada é rápida como é a de um kart. Mas muito rápida.
E rápida também foi a sua reação de manobrar e prosseguir a classificação. No monitor apareceu com 1:46,9. Num grid de 19 ficou em 10o.

O preparador já sabia as providências que tinha que tomar no acerto da traseira e o Celso mostrou que está com vontade recuperar as posições da frente ao dizer que na corrida o rendimento será outro. Confiei na motivação dele.


Infelizmente eu não fui à corrida e não faço idéia do resultado que espero tenha sido bom para ele. Mas se ele me mandar algo, vou colocar aqui mesmo como observação.

Ronaldo Nazário - Spyder Soccer

No post anterior sobre o jogo do Corinthians eu disse que daria a minha opinião sobre a presença do Ronaldo Nazário no clube. Então, aqui vai.
Reafirmando o que eu disse antes, de futebol não entendo nada e nem pretendo vir a entender ou mesmo acompanhar. Tanto que esse aqui deve ser o segundo e último post sobre o esporte.

Disse que o Ronaldo não veio aqui necessáriamente para jogar. Claro, não vai passar a vida como reserva que joga só 30min do segundo tempo. E também quando estiver em campo vai sim procurar o gol que é o objeto de qualquer atacante.

Mas eu vejo o Corinthians meio como a ala de recuperação do Ronaldo e também como seu mais importante agente de marketing.
O Ronaldo fez a sua carreira na europa. Lá ele apareceu para o futebol mundial. Lá ele virou fenômeno, melhor jogador do mundo, milionário, semi-aleijado e por fim o jogador super bem pago que passou um longo tempo sem por o pé na bola. E para ser um pouco mais azarado arrebentou o outro joelho. Fora o desleixo impressionante no comportamento pessoal que aniquilou a forma física. Todos lembram do elefante que jogou a última copa pelo Brasil com direito a chapéu do Zinade.

Para a europa o Ronaldo acabou. Lá tem muitos jogadores com condições iguais ou melhores que as dele de hoje. E pessoas que moram lá mesmo e que podem pegar o trem apenas para visitar a família. Porquê trazer um do Brasil?

O Corinthians é sem dúvida a maior torcida do Brasil e talvez a maior do mundo. A presença do Ronaldo no jogo anterior foi determinante para o pequeno estádio ficar lotado até não ter espaço nenhum para mais torcida. A presença dele no outro jogo garantiu a torcida no estádio e na tv. E com direito a comemorar derrubando alambrado, não por uma vitória mas simplesmente porque o único gol do time foi ele quem marcou.

Eu não sei se o Coringão tem bala na agulha para pagar todos os custos de contratação do Ronaldo. Acho sim que nisso há muita lavagem de dinheiro como há em outros times e esportes. Mas bala na agulha, única e tão sómente, não seria garantia de estádio cheio mais tudo o que envolve a visibilidade na mídia. Assim sendo o Ronaldo é garantia de ingresso pura e simplesmente. Numa época de vacas magras como a atual, vamos ver o Coringão com a conta no azul.

E para o Ronaldo? Uma oportunidade de se readaptar físicamente. Ele não está velho como as pessoas gostam de falar sobre um atleta que atingiu a idade dele e teve um decréscimo de rendimento. Ele está muito mal adaptado físicamente. É o Corinthians que vai dar jeito nisso? Não, o time é quem proporcionará a oportunidade. Quem pode dar jeito nisso é ele próprio. Atletas de alto rendimento não precisam que técnicos o chamem para treinar. Fazem isso por obrigação e motivação própria também.

E além de uma oportunidade de se readequar, o Corinthians é também o lugar ideal para o Ronaldo aparecer em primeiro lugar nas notícias do esporte de novo. E com o time a tiracolo e não ao contrário, ele a tiracolo do time. Apenas o fato de ele entrar em jogo já põe a torcida em euforia, a qual não se preocupa no momento que o time tenha apenas empatado um joguinho meio aranha, no sentido mais pejorativo do termo.

Coisa que não aconteceria no Rio. Paulistas que me desculpem, mas o futebol mais nervoso do Brasil fica no Rio de Janeiro. Lá é como uma doença. O cara pensa no time dele os 7 dias da semana. É uma religião. E por isso mesmo o Rio poderia ser o fim do Ronaldo nas condições em que ele se encontra agora. O carioca cobra muito mais que o paulista, mesmo que o cara seja o Ronaldo. Na cabeça dele se é o Ronaldo, então é vitória. Outro resultado não é bem visto. Afinal, é de lá que saíram Garrincha, Gérson e outros que não lembro o nome.

Finalizando, eu acho que, o que o Ronaldo faz no Coringão hoje é literalmente inciar uma carreia de futebol no Brasil. Se usar a cabeça vai longe. Se usar o cartão de crédito na boate vai acabar indo pro brejo de vez.

Fiquem à vontade todos os meus amigos para me esculhambar porque não sei nada de futebol, não conheço nada e nem vou me dedicar a isso. Não será por isso que deixaremos de ser amigos. Acho até que vai fortalecer a nossa amizade.

Bom domingo à todos. Vou tomar um banho porque estou com o suor pingando aqui. E viva o fenômeno. Todos têm direito a mais uma chance.

Carlos Braz - Classic Cup

Carlos Braz no grid da Classic Cup

Carlos Braz que corre na Classic Cup com o 21, é amigo meu há muito tempo. Talvez uns 20 anos. É fanático por carros antigos e não apenas para desfilar na rua, como eu vi com alguns que ele restaurou. Nas pistas o gosto por carros clássicos foi posto em prática com o DKW 21 amarelo com o qual ingressou na Classic. Vi este carro sendo preparado práticamente desde o início. O motor que não deu um único problema durante todo o tempo em que correu na categoria, foi ajustado pelo seu amigo e preparador caprichoso, Rafael Scalize. Me lembro do trabalho que foi feito nas janelas do bloco, que se constituiu única e tão sómente em ajustar todas conforme um gabarito, sem a intenção de conseguir um alto ganho de performance mas com um capricho típico de quem é do ramo da mecânica e é criterioso.

DKW 21 - primeiro clássico de Carlos Braz na pista

Na sequência veio o Passat 21 que começou a sua trajetória com um AP1600 com carburador mini-progressivo, no lugar do original 1.5. Depois foi trocado por um 2.0 com Weber horizontal e câmbio de cinco marchas. Gira um pouco menos mas os 400cc adicionais colocaram uma diferença de tempo de mais de 2s sobre o conjunto anterior.


Neste último sábado foi a vez de colocar na pista o seu novo Passat 21 na D1B, do qual já falei em um post anterior. Até a hora da classificação o carro tinha apenas uma volta no circuito, exatamente há trinta dias. Qualquer carro pode apresentar alguma falha por menor que seja quando vai pela primeira vez para a pista. Na classificação marcou 2:12.286 ficando em segundo no grid atrás de Rogério Tranjan do Passat 44. Na geral 17o. num grid de 28.
Momento da largada da segunda etapa da Classic Cup
Na corrida começou muito bem até que os pneus começaram a esquentar e ficou muito clara a tendência de escapar nas saídas de curva. A classificação se deu em 15 minutos e com o asfalto mais frio, já que havia leve garôa. Na corrida a pista estava mais quente pois o sol já tinha vindo marcar presença. Aí o comportamento mudou. Acompanhou o tempo do 44 por várias voltas até que num determinado momento eu percebi que ele tinha literalmente aliviado o ritmo. Quando chegou no box, em segundo lugar, a água estava a 110 graus e o óleo a 130. A explicação apareceu rápido. Soltou-se a corrreia da bomba d´água.

No geral ele ficou contente com o bólido. E tem razão para isso pois o carro tem muito pouco mesmo a ajustar para um desempenho muito competitivo na sua categoria. Apesar do pequeno problema é um conjunto confiável.

O resultado final foi 2o. na categoria e 13o. na geral. Na categoria a prova foi vencida por Rogério Tranjan e em terceiro ficou Fernando Alcoforado. Para uma primeira vez eu acho que está muito bom.
Pódium da D1B com Carlos Braz em segundo
No site http://www.dmracing.com.br, no menu Matérias há várias fotos e um texto que dá os detalhes da preparação desse carro.