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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vidas que se cruzam

Vou contar aqui uma estória que me marcou pela incrível coincidência.
Na semana do lançamento do Livro de Bird Clemente tive a satisfação de descobrir que Anísio Campos é amigo de um grande amigo meu e que não se viam ha 20 anos. Um dia nos encontramos na casa do nosso amigo comum e tivemos uma tarde de ótimas conversas. Mas esta não é a única coincidência que me liga a este grande amigo. Há outra anterior, bem interessante, onde se cruzaram os caminhos das nossas famílias.
Em 1981 eu trabalhei em uma empresa muito tradicional do setor papeleiro, da qual falarei mais em outro post. Nessa época fui visitar uma família em Guarulhos que conhecia desde a infância. Meu pai veio para São Paulo pela primeira vez quando era adolescente e morou no bairro do Canindé. Lá conheceu um senhor chamado Silvério e sua família. A filha deste, Dora, quando era criança perambulava um dia pelas ruas da região e ao passar em frente a uma grande porta de oficina, viu lá dentro uma máquina muito esquisita. Perto da porta, um homem ao qual ela perguntou o que era aquilo. Este respondeu com semblante sério que era um motor de avião.
Falávamos na nossa conversa da empresa na qual eu trabalhava e o nome lhe pareceu familiar embora não pudesse confirmar com certeza se conhecia.
No dia seguinte procurei o patrão e lhe contei a estória que então já tinha talvez 40 anos. E sorrindo, ele confirmou e esclareceu.
Já formado em mecânica pelo Mackenzie, João Cavallari Sobrinho, filho e sobrinho dos fundadores daquela fábrica, foi procurado certa vez por um maluco que teimava em construir uma máquina impossível. O moto-contínuo. Um mecanismo complexo cheio de pesos e contra-pesos, todos móveis, fixados por braços igualmente móveis e com um eixo central que seria o eixo de saída da engenhoca.
A idéia dessa maluquice era que ao ser posta em marcha, permanecesse girando indefinidamente e no eixo de saída se acoplaria algum outro equipamento que tirasse proveito do ´movimento eterno´. Uma idéia secular jamais realizada com sucesso e absolutamente impossível pois o atrito das partes inevitávelmente pararia o mecanismo.
Mesmo tendo apelado muitas vezes à razão e ao seu conhecimento acadêmico de mecânica, João Cavallari não conseguiu convencer o sonhador, que teimava em construir aquilo, de que jamais funcionaria. Lhe deu um orçamento desencorajador e mesmo assim recebeu a encomenda inusitada.
E no dia em que aquela criança passou em frente à sua porta, ele não encontrou forma melhor de descrever aquela coisa maluca a uma menina que tinha algo em torno de 12 anos na época, e por consequência aquilo se tornou momentâneamente um motor de avião.
Nunca pude esclarecer essa estória para Dora pois aquele dia foi a última vez que tivemos contato. E lá estava eu, 40 anos depois, trabalhando numa indústria que marcou a sua presença no mercado, podendo confirmar uma estória que chegou aos meus ouvidos a partir de uma longa amizade do meu pai, do tempo em que eu nem ao menos estava ´nos planos´. João Cavallari, já falecido, é o pai do meu amigo Celso, com quem mantenho amizade até hoje.

2 comentários:

Anônimo disse...

preciso urgente entrar em contato com o celso cavallari,se vc puder ajudar vou agradecer mto,por razões pessoais,não da pr explicar,mas vou deixar meu cllar e meu imail,desde de ja mto a gradecida e fica com DEUS.CELULAR=67727088;IMAIL=maracanosa@hotmail.com

Unknown disse...

Sou neta do Celso e bisneta do nono João, gostei muito de ler um pouco sobre a minha família