Páginas

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Jean Alesi na 500 Milhas de Indianapolis 2012

O frances Jean Alesi, que deixou a F1 no GP do Japão de 2001 após uma colisão com Kimi Raikkonen, piloto que mais tarde estaria na Ferrari onde o frances obteve sua única vitória no Canadá, anunciou que vai disputar a 500 Milhas de Indianapolis de 2012.

Alesi é membro da Lotus e segundo noticiado é parte da equipe de desenvolvimento do T125, um monoposto de milionários com características similares a um F1. Alesi deixou a categoria há muito tempo mas não ficou inativo, tendo disputado a DTM e a antológica 24 Horas de Le Mans.

Isso quer dizer que Alesi não disputa uma prova em monoposto há muito tempo. Não significa que não consiga pilotar um novamente mas ele mesmo tem consciencia das dificuldades que isso acarreta. Com 47 anos de idade, Alesi é mais novo do que muitos pilotos que disputaram a 500 Milhas no passado e pilotando carros mais potentes. A categoria hoje tem uma potencia inferior aos carros da época de Emerson Fittipaldi, o que não significa também que seja algo fácil de pilotar.

Uma das questões que geram incerteza é o fato de Alesi nunca ter pilotado em um oval. E como nunca esteve na Indy vai ter que passar pelos estágios iniciais, onde o primeiro é o rookie test. Correrá pela equipe da qual é membro e test driver e portanto contará com a atenção devida. Um ponto que vai tornar a prova um desafio pessoal é o preparo físico. A 500 de Indianapolis é uma prova muito longa e portanto muito exigente.

Vendo as características do T125 é possível inferir que os testes realizados com esse carro por Alesi lhe conferiram um crédito por parte da equipe para enfrentar uma prova como a 500 Milhas. A potencia do T125 é aproximadamente a mesma da Indy e isso conta no que diz respeito à aceleração em um monoposto. É o equivalente a dizer que o seu trabalho na Lotus o aprovou para a Indy.

Pelo que se viu do desempenho de outros pilotos da F1 ao mudarem para a Indy, e pelo histórico da categoria com pilotos madurões, penso que há uma possibilidade real de Alesi ingressar na Indy para uma temporada. Se tiver um bom desempenho na 500, terá passado num teste duro numa categoria onde nunca pilotou. Isso o qualificaria para um prosseguimento. Por enquanto é apenas essa prova. E o meu palpite é que ele pode começar muito bem. Aguardemos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pietro Fittipaldi - come il nonno

Pietro Fittipaldi, campeão em 2011 na Limited Late Models
(foto de Tatiana Fittipaldi, a Tia Tati)

Pietro Fittipaldi come il nonno ma lui ha solo 15 anni...

Pois é, repercutiu muito o feito do mais novo meteoro da família Fittipaldi. A notícia acima está no site do La República. Como o nonno Emerson, Pietro Fittipaldi é campeão de automobilismo, mas tão jovem (15 anos atualmente) que nem licença de motorista pode ter.

No último domingo Pietro Fittipaldi se tornou o primeiro latino-americano a vencer um campeonato em uma divisão da Nascar, no caso a Limited Late Models, pilotando na Lee Faulk Racing. Com apenas 15 anos e com uma trajetória vitoriosa no kartismo americano também, Pietro se torna uma promessa concreta no automobilismo. Tem o apoio do avô bi-campeão de F1 e campeão da Indy e da 500 Milhas de Indinapolis, coisa que evidentemente conta muito. Em poucos anos Pietro terá o corpo de um adulto formado e somado à isso a experiencia de ter disputado e conquistado um campeonato ao lado de outros pilotos mais velhos. É uma receita campeã e não vou estranhar que ele conquiste o seu próximo objetivo, ser campeão na Sprint Cup, a mais veloz da Nascar.

Pietro vai ser visto como herdeiro genuíno da família Fittipaldi, cujo avô Emerson amadureceu muito rápido no automobilismo e tem uma trajetória brilhante. Fazer previsões no automobilismo nunca deu certo pois corridas são autenticas caixinhas de surpresa. Mas se alguem me pedisse para dar um chute, apostaria em Pietro como um futuro ídolo do automobilismo americano pois, além do famoso sobrenome, aparece como um vencedor prematuro, coisa que muito poucos conseguem. Tem portanto um belo início de carreira e vai ter os olhares dos chefes de equipe voltados para ele, assim como foi com o avô na europa.

A foto do post, cedida por Maria Helena Fittipaldi, é da última corrida onde chegou em 9o. lugar, o que lhe garantiu o campeonato considerando-se a diferença de pontos para o segundo colocado, Tyler Church. É curiosa pois mostra o tamanho do campeão em contraste com o carro que pilota. Mais ao fundo o capacete com o design igual ao do avô.

Toda a família Fittipaldi está orgulhosa do resultado de Pietro, como por exemplo sua mãe Juliana. Mas alguém mais na família tem motivos muito pessoais para sentir muito orgulho do garoto vencedor. Seu bisavô Wilson Fittipaldi, o Barão, narrou a vitória de Emerson na F1 em Monza e muito tempo antes foi tambem o narrador da primeira corrida de karts do Brasil. Do lado de fora da pista seu filho Emerson, assitiu o irmão Wilson disputando a prova antológica pois, segundo consta, Emerson não tinha idade para participar segundo os padrões da época. Hoje o Barão vê ninguem menos que o bisneto vencendo um campeonato de automobilismo fora do Brasil, e ainda por cima numa idade onde teóricamente estaria no kartismo. Isso torna o Barão o dono de um acervo de memórias familiares que faria inveja a qualquer um. E um felizardo que ainda assiste a família a escrever história.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quem pode salvar o nosso povo da obscuridade cultural?

Reproduzo abaixo o link de um post do blog Autos&Máquinas do Roberto Costa. Vale a pena ler.

Salvem o Museu do Automóvel de Brasília!


Sem querer me aprofundar em comentários, vou colocar a minha opinião sob um ponto de vista global, sem especificidades. Vivemos numa sociedade muito complexa onde os nossos valores são na maioria dos casos fundamentados em imediatismos. Vivemos continuamente em função de resultados, o que na prática é a realidade da vida. No entanto, na vida pessoal acrescentamos pouca atividade, e o tempo requerido correspondente, em coisas que não são produtivas. E quando o fazemos não é pelo nosso crescimento interior e apenas para o nosso lazer. Isso coloca a cultura num plano de inferioridade indigno com o valor intrinseco que tem. E finalmente, como um país de população predominantemente jovem, o passado é coisa que tem poucos anos relativamente falando no computo global da nossa história, e acaba também não recebendo nenhuma forma de valorização. Por isso, coisas como um museu como esse está condenado a fechar as portas e perder todo o seu acervo. É, na opinião de muitas pessoas dessa nossa sociedade, uma coisa dispensável. E infelizmente essa idéia é generalizada. Não custa lembrar que estamos na iminencia de ter o nosso mercado inundado por carros chineses de qualidade muito duvidosa, ao mesmo tempo que enterramos a história do nosso próprio esforço e capacitação no nosso passado. É quase o mesmo que dizer que na prática em algum momento da nossa história nós não existimos.

domingo, 25 de setembro de 2011

Vettel vence em Cingapura e torna a conquista do título uma barbada

Sem sinal de tv me restou assistir as últimas 5 voltas na tv da padaria, quando vi Vettel na frente seguido do competitivo e preciso Jenson Button, vice-líder do campeonato. Mais atrás Webber que outra vez largou mal, segundo o que eu li na internet. Em quarto o espanhol ferrarista que tinha chances de superar Webber no final mas não deu. Webber é um cara esquisito. Classifica bem, pilota bem e larga mal. Se melhorasse nas largadas iria dificultar muito a vida dos outros. Assim, eu digo que Vettel é o matador atual da categoria pois está ganhando o campeonato sozinho lá na frente. E nas suas condições a vantagem que tem torna o bi-campeonato uma barbada realmente.

São nove vitórias, 11 poles, e não subiu no pódio apenas uma vez, na Alemanha onde também foi a única vez em que largou na segunda fila. Restando agora cinco provas para o final, nada há que indique a possibilidade de fracasso. No panorama atual do campeonato, as brigas interessantes serão entre Button e Webber, e na minha opinião com Alonso tentando entrar no meio. Mesmo sendo o piloto que é, Alonso não pode tirar mais do que está conseguindo da sua Ferrari nesse ano. Depois de 14 provas as capacidades das equipes estão já bem delineadas e os resultados falam por si dando uma noção confiável de previsibilidade.

Coisa que na verdade pode mudar no curso das ultimas 5 provas. Alonso está a apenas um pontinho de Button e Webber dois pontos apenas atrás do espanhol. Portanto esse final de prova de hoje é um cenário que deve se repetir nas últimas cinco entre esses três. E como as diferenças são muito pequenas, as brigas devem ser grandes espetáculos.

Hamilton tem, matemáticamente falando, chances de se enfiar na briga mas 2011 decididamente não é o ano do ingles. Embora seja campeão do mundo como Button, este está mostrando muito mais maturidade e combatividade. Mas se Hamilton tiver um pouco mais de cabeça fresca e se arriscar a seguir o seu companheiro, pode muito bem se ver na chance de disputar com ele a segunda colocação do campeonato.

Massa teve problemas nessa corrida e outra vez precisou fazer trabalho de recuperação. Para ele esse campeonato práticamente não existiu. Rubens dessa vez ficou atrás de Maldonado, enquanto que Bruno ficou à frente de Petrov. Di Resta, que vinha fazendo um campeonato apagado conseguiu um sexto e mostrou que a Force-India é mesmo uma nova força em surgimento. E Sutil, seu companheiro, terminou duas posições atrás.

Di Resta foi o ultimo a terminar na mesma volta do lider. Dos 20 carros que terminaram a prova, apenas 6 terminaram na volta do líder, sendo que as lambretas da Hispania tomaram 4 voltas. Aliás, acho que isso é tema para outro post a respeito tanto das corridas como das classificações. A Hispania cumpre com o quesito de performance mínimo para estar no grid, porém de maneira repetitiva pois não consegue progredir nunca.

Só espero que na próxima prova, Suzuka, a minha tv tenha sinal. O que correr o risco de não dar sinal sou eu mesmo pois a prova é às 3 da matina. Seria frustrante ter a tv funcionando mas eu dormindo.

sábado, 24 de setembro de 2011

F1 de muitas ultrapassagens e desequilíbrios maiores ainda

Há uma questão que não deixa dúvidas nesse campenato de 2011 da F1, há muito mais ultrapassagens. Há também mais corridas e uma nova pista na India. Mas o equilibrio não é o que sugere a melhora da Ferrari e da Mercedes. O campeonato está sendo dominado completamente pela Red Bull. Até aí tudo bem porque em todos os anos uma equipe se sobressai. Não tem nada a ver com um carro imbatível, é a equipe que se tornou imbatível. Carro bom com piloto ruim não dá em nada e a inversa é verdadeira. Portanto a Red Bull é nesse ano a equipe que tem esse conjunto nas melhores condições do grid da categoria.

Mas ao mesmo tempo que as disputas estão se tornando mais interessantes, o desequilíbrio está mais visível ainda. Em 2009 Button foi campeão pela equipe que era um espólio da Honda e quem nem sabia se conseguiria disputar o campeonato. Mesmo sendo muito eficiente em todos os aspectos, a Red Bull terminou 20 pontos atrás e a McLaren amargou um sofrível terceiro lugar mas com apenas um pontinho de diferença para a Ferrari. Em quinto veio a Toyota com apenas 10 pontos atrás da Ferrari.

Em 2010 a Brown tornou-se a Mercerdes GP e agora no seu segundo ano na categoria está em quarto lugar no campeonato, tendo crescido nas ultimas corridas. No campeonato do ano passado a iniciante Mercedes GP formou com Rosberg e Schumi e portanto não se poderia esperar uma performance significativa. Assim a Red Bull e a McLaren viram sair da sua frente a Brown e terminaram em primeiro e segundo, respectivamente.

Mas as diferenças de pontos ficaram dentro do que se pode considerar coerente na categoria, com 44 pontos entre a Red Bull e a McLaren. A Ferrari continuou atrás da McLaren e terminou dessa vez em terceiro. E a iniciante Mercedes GP ficou em quarto no seu ano de estréia.

Foi no ano passado que ingressaram as tartarugas Virgin e Hispania. que ao lado da Lotus não somaram nenhum ponto. As tres com os moteres Cosworth, os mesmos utlizados pela Williams que anteriormente usava os Toyota. Das 12 equipes que disputaram 2010 apenas 9 marcaram pontos, sendo que a nona desse grupo poderia ser descartada no computo, a Toro Rosso, pois marcou menos da metade dos pontos da oitava,  a BMW-Sauber.

Pole de Vettel em Cingapura. Por mim esse título seria definido amanhã mesmo.

Vettel mandou o sapato outra vez e cravou outra pole incontestável. Atrás dele vem o seu companheiro Webber. Para o meu gosto particular esse título seria definido amanhã com a vitória (inevitável em 2011) de Vettel. Mas estão lá na frente do grid os pilotos que disputam a segunda colocação. E conforme o resultado de amanhã a decisão vai ficar para o Japão.

A razão pela qual eu gostaria que o título fosse decidido amanhã se refere justamente à grande antecipação que Vettel criou nesse ano, tanto que apenas se aguarda o momento de anunciá-lo campeão. Depois de Cingapura há mais 5 provas e se Vettel se tornasse campeão amanhã teríamos mais 5 disputas eletrizantes pelo segundo lugar no campeonato. Seria um tipo de playoff do segundo pelotão. Isso faria as últimas corridas do ano terem a atenção voltada não para o vencedor da prova específicamente mas para as posições de chegada e as disputa concernentes, que possívelmente devem arrancar faísca na pista.

O campeonato desse ano tem uma expectativa a mais que é a pista de Nova Delhi. E no final tem Interlagos onde o clima costuma interferir na disputa. Acho que se isso tudo tivesse a atenção voltada para as disputas em pista entre Alonso, Button, Webber e Hamilton, teríamos algo do tipo um campeonato extra de lambuja no final do ano.

Mas amanhã desde que Webber largue bem, coisa que às vezes falha, vamos ver uma briga de equipes muito bôa com o australiano fazendo as vezes de defensor dos concorrentes mais atrás. Um trabalho estressante para ele porque o melhor seria que ganhasse a corrida ao invéz de ajudar Vettel a fazer isso. Webber está em quarto no campeonato e uma vitória lhe caíria muito bem. Se eu fosse chefe de equipe nas atuais condições, iria pensar na possibilidade de inverter essas posições na corrida para tentar uma vitória de Webber com Vettel em segundo.

A Red Bull será sem dúvida a campeã nesse ano e uma dobradinha que desse mais chances de um segundo lugar para Webber e mais dificuldades para os outros, seria interessante para a equipe. Em outras palavras, vindo amanhã ou no Japão o título de Vettel, acho que depois disso o alemãozinho vai ser convocado a fazer um trabalho extra no final do campeonato, ajudar o seu companheiro a ser segundo.

A questão é que Button, um sério candidato a segundo colocado, está colado ali neles. E acho sinceramente que Webber precisará da ajuda de Vettel nas ultimas corridas para tentar fujir de Button nos pontos. Button está mostrando crescimento na performance nas corridas e pelo visto amanhã promete o mesmo.

Há uma coisa que tem a possibilidade de mudar a história da corrida amanhã. Alguém repetir a performance do Koba hoje na classificação. Se isso acontece do meio para o final da corrida, o que poderia estar definido se transforma em outra largada e possível mudança de estratégia, conforme o panorama das trocas de pneus.

De toda forma, acontecendo o que venha a acontecer, a corrida de amanhã vai gerar definições importantes no campeonato. Até é possivel dizer que a disputa pela segunda colocação desse campeonato pode começar a tomar forma concreta amanhã. E é claro, é bom não esquecer que nisso há muros e zebras.

domingo, 11 de setembro de 2011

Monza - deu Vettel de novo. Pode começar a festejar

Vettel é o cara que mais motivos tem para ser o mais alegre da F1 nesse ano. Está com o campeonato no colo. É absolutamente sensato pensar no seu bi-campeonato mesmo restanto ainda 6 provas para o final. A diferença entre êle e Alonso é de 112 pontos, restanto 150 pontos a serem disputados até a ultima prova. Isso é claro que coloca Alonso como candidato, matemáticamente falando. Mas a performance da Ferrari não garante que possa bater o melhor pilôto no melhor carro, Sebastian Vettel.

Vettel é precisamente isso, o melhor piloto da atualidade conduzindo o melhor carro. Na tabela de velocidades máximas Vettel figura em 3o. atrás das McLaren´s. Como andou práticamente a corrida tôda na frente, não pôde fazer uso da asa móvel, caso oposto das McLaren´s. Além disso está vencendo o campeonato sózinho. Mais uma vez não contou com a proximidade do seu companheiro Webber, que dessa vez largou sem problema mas acabou saindo da prova. Portanto, como se diz por aí Vettel é mesmo o cara.

Vettel venceu na mesma pista onde venceu pela primeira vez. A difrença entre a primeira e esta é tempo. Na primeira vitória em Monza choveu e hoje foi sol durante tôda a prova. E portanto as velocidades e desgaste de pneus foram os componentes mais significativos do cenário.

Numa largada espetacular Alonso pulou da 4a. posição para primeiro mexendo um pouco com as lonbrigas dos tifosi, ao mesmo tempo que Liuzzi lá atrás foi o primeiro a alterar o cenário da prova. Veio descontrolado girando na grama em alta velocidade até atingir na chicane o carro de Vitaly Petrov. Junto entraram nessa confusão Rosberg, Kobayashi e Rubens. Assim a volta hum termina em safety car e a asas pdoeriam então serem usadas só mais algumas voltas à frente depois de outra relargada.

sábado, 10 de setembro de 2011

Monza - duas épocas, duas emoções distintas.





Há duas pistas no mundo que podem ser consideradas como capitais do automobilismo, Indianapolis e Monza. Vencer uma prova em Monza tem o mesmo significado que tem para os americanos uma vitória em Indianápolis. Não é para menos, são duas pistas tradicionalíssimas e de velocidade muito alta. No caso da pista americana, velocidade plena o tempo tôdo, e em Monza uma mescla desafiadora de trechos de alta velocidade e freadas muito fortes.

Emerson Fittipaldi tem o que eu qualificaria como uma corôa universal do automobilismo por ter sido capaz de vencer nas duas pistas. Fora isso venceu também o campeonato no mesmo ano em que venceu nelas. É literalmente o mesmo que se tornar uma referência única no seu meio, como alguém a ser batido.

Amanhã Vettel, que fez hoje mais uma pole, é claro candidato à vitória na mesma pista onde venceu pela primeira vez com apenas 21 anos. Para vencer em 2011 não precisa mais ganhar tôdas as corridas, o que não significa que não corre para vencer. Faltando 7 provas para a definição do campeonato, a atenção estará voltada para Webber, Hamilton, Alonso e Button, os quatro que vão disputar com unhas e dentes a segunda colocação no campeonato de 2011.

A pista de hoje oferece o mesmo tipo de dificuldade do passado, encontrar um compromisso entre velocidade muito alta e performance em curvas de baixa. É tão singular essa pista que o pole de hoje, Vettel, foi quem registrou a mais baixa velocidade máxima. Já Alonso conseguiu um bom tempo de volta junto com a quarta colocação nas máximas. Uma bela combinação desde que não signifique consumo de pneus.

Mas para os brasileiros ávidos por uma surpresa de um conterrâneo nas pistas européias, não temos nada a esperar. Massa tem a metade dos pontos de Alonso e assim conseguirá no máximo lutar pelo 3o. lugar no campeonato. Isso se a equipe não lhe mandar um pouco mais atrás em algum pit stop. Barrichello faz o que pode com um carro claramente deficiente e mais uma vez é o mais rápido entre os Cosworth. Bruno Senna está pela primeira vez dando os seus passos mais firmes na categoria. E terá amanhã à sua disposição um jogo de pneus zero quilômetro, poupado hoje durante o Q3.

Curiosamente, em 1972 também havia 3 brasileiros no campeonato, Emerson, seu irmão Wilson e José Carlos Pace. Mas o GP de Monza de 1972 foi incomparável. Neste, Emerson por pouco mesmo não largou. O carro titular ficou destruído num acidente com o caminhão da equipe. A solução foi usar o reserva. Ocorre que o reserva era o mesmo chassi de 1970, ano em que faleceu o seu companheiro Jochen Rindt num carro igual. Aliás, é bom lembrar que esse deve ter sido o dia mais solitário da vida de Emerson na F1. Tomou café da manhã com Rindt. Horas depois ele, Rindt, estava morto. E depois John Miles retirou-se das pistas. Portanto, Emerson se tornou o primeiro sobrevivente brasileiro em uma equipe de F1. De um momento para o outro, de terceiro pilôto passou para possível desempregado solitário e na sequência pilôto titular. Possívelmente deve ter sido a sensação de terem apagado as luzes sem que isso tivesse sido solicitado, bem no comêço da festa.

Mas, voltanto a 1972, Emerson tinha reais chances de ganhar o campeonato mas o carro com o qual fez os pontos para isso estava destruído num acidente. O outro carro de dois anos antes, era o mesmo mas sem as evoluções de engenharia que diferenciavam um do outro. Não quer dizer que fôsse um carro necessáriamente inferior mas não era o titular. Para piorar as coisas o tanque de gasolina vazou e têve que ser substituído pouco antes da largada. Naqueles anos não se faziam pit stops. A corrida começava e daí em diante era uma longa espera para o final.

Ao final da corrida tendo levado o carro na ponta dos dedos para que não quebrasse, venceu a prova consciente de que também era o campeão do mundo daquele ano, o primeiro brasileiro a vencer um campeonato de F1. E ainda por cima conquistando esse título num autódromo lendário, num autêntico templo do automobilismo mundial.

Isso causou um grande impacto na mídia internacional, e no Brasil Emerson passou de conhecido pé pesado para o mais ilustre pilôto de automobilismo. Foi noticiado, festejado, admiarado por tôdos. Tornou-se também a pessôa que polarizou a atenção do brasileiro no esporte. Nosso maior esportista na época, Pelé, estava indo para a aposentadoria e precisávamos de um substituto espetacular. Emerson era essa promessa pois já era vencedor, tornou-se campeão, e era natural pensarmos que poderíamos esperar mais vitórias em corridas e campeonatos.

Monza é sem dúvida um divisor de águas nas nossas lembranças do automobilismo. Também Nelson, Ayrton e Rubens venceram em Monza. Vencer nessa pista é uma evidente demonstração de capacidade e seja lá quem for o vencedor merece os louros da vitória. Mas por mais emocionante que venha a ser a corrida de amanhã, nada se compara ao grande impacto que nos causou a mesma de 39 anos antes. E mais, observem as corridas em Monza naquela época e verão que os carros andavam mais próximos do que o farão amanhã. Vencer em Monza não era para qualquer um, era genuíno desafio mesmo para um pilôto experimentado.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Para o meu gosto ainda falta mais um capítulo na história de Barrichello

A atual temporada F1 está chegando ao fim e começam os contatos entre equipes e pilôtos. Pode haver troca de posições, saída da categoria e entrada de novos pilôtos. Quem acompanha F1 há décadas como eu já se acostumou com as notícias desse período dos campeonatos.

As equipes de F1 vivem contínuamente a batalha pela continuidade na categoria, o que inclui a contratação de pilôtos que possam trilhar uma carreira em termos de longo prazo. É um clube fechadíssimo e uma contratação fecha as portas para outras. Errar numa hora dessas pode trazer desconfortos futuros. No automobilismo cada corrida é uma nova guerra mas o olhar está contínuamente voltado para o futuro.

Rubens Barrichello está vivenciando outra vez uma situação com a qual já se acostumou depois que deixou a Ferrari. A incerteza de continuidade na temporada seguinte. Ou acerta com a Williams ou encontra outra vaga. Seja lá como for, mesmo ainda em condições de pilotar é óbvio que está fazendo as últimas corridas da sua carreira.

No passado Schumi foi o cara que entrou na F1 para liquidar as chances do brasileiro ver outro compatriota seu campeão de F1. Primeiro foi Moreno que teve a vaga comprada na Benetton. Depois Piquet que encerrou a carreira na mesma equipe e por fim Senna que faleceu bem na frente de Schumi.

Rubens nessa época se tornou um alvo fixo da torcida e da mídia nacional de um momento para o outro. Era inciante, muito jovem e não tinha condições de suportar tal nível de expectativa sem sofrer os impactos de uma situação dessas. Na Ferrari Rubens deu sequencia na sua carreira de pilôto mas, infelizmente numa condição em que a bola da vez era o alemão. Ninguem pode negar ter visto Rubens copiar inúmeras vezes os tempos do alemão mas sendo forçado a permanecer atrás. Isso acabou virando tema do noticiário internacional.

Quando Bruno Senna ingressou na categoria, imediatamente o clima de desejo de vitórias reapareceu, óbviamente amparado apenas no sobrenome. O carro própriamente garantiria no máximo uma largada na última fila, o que naquele caso já era um resultado louvável.

Infelizmente Kubica se acidentou sériamente nesse ano e Heidfeld foi escolhido no lugar de Bruno. É claro que mesmo Petrov tendo mostrado ser um pilôto competente, isso não justifica necessáriamente a entrada de um novato no lugar de Kubica. Fala-se de uma possibilidade de retorno de Kubica. Vejo isso como uma dúvida imensa. E se voltar nada pode ser suposto a respeito da sua performance durante uma competição. Se o caso é fazer qualquer prognóstico prefiro ser mais cuidadoso e não contar com o retorno dele.

Acredito mais na continuidade de Senna pois entrou com dinheiro e também com vontade de brigar. Em Monza com certeza será mais conservador e vai fazer o que for possível para terminar bem a corrida. E acho que isso mesmo pode definir a preferencia da equipe pela sua permanencia, desconsiderando-se aqui questões contratuais dos outros pilôtos.

Assim, entendo que a Renault pode não mudar a sua formação atual para o ano de 2012. Mas pode também querer justamente Bruno na Williams, que usará esses motores na proxima temporada. Não acho isso muito provável dependendo como for a performence de Bruno nas últimas corridas desse campeonato.

Mas caso a Williams seja uma realidade factível para Bruno, para onde irá Rubens?

Há bem pouco tempo Rubens disputou com Button o campeonato na Brown. Por pouco, antes disso, os dois não deram adeus à categoria. E a Brown se tornou uma espécie de redenção para êles. Hoje Button acelera os motores Mercedes na McLaren tendo outro camepão como companheiro. Na prática não há nada que justifique a McLaren mudar a sua dupla. Também o mesmo ocorre na Red Bull, que usa os Renault, e que deve ter Vettel definido como campeão dessa temporada, sendo a equipe a campeã dos construtores.

Na Ferrari continuam no team, Fernando Alonso e Felipe Massa. Na Mercedes, que aparentemente apenas na próxima temporada deve sair da fase de ‘implantação’, estão Rosberg sempre andando na frente de Schumi, e êle próprio que apesar de ainda combativo não tem mais a velha performance e não passará da próxima temporada.

Portanto a substituição de Schumi são favas contadas. E o provável ocupante desse cockpit deve ser um novato ou até mesmo Nick Heidfeld que possívelmente venha a romper com a Renault. Olhando na classificação do campeonato de construtores a Williams aparece num distante nono lugar. No campeonato desse ano Rubens terminou 9 das 12 provas. Em 7 dessas foi o melhor classificado entre os que usam motores Cosworth. Acho que isso depõe a seu favor.

Quero dizer com isso que Rubens tem condições de acelerar mas claramente não tem carro suficiente. Mas as equipes mais eficientes estão com os seus quadros definidos e a única certeza de saída é do alemão.

Com quem os pilôtos conversam nessas horas só êles sabem, são segredos bem guardados. E é claro que Rubens faz os seus contatos profissionais, assim como os outros. Para tentar disputar ponta de outro campeonato Rubens precisaria de vaga onde não há. E com chances tão pequenas à vista eu passo a desejar de forma um tanto sarcástica a entrada de um brasileiro num lugar que daria sentido à idéia de fechamento de um ciclo, no melhor estilo ‘a vida dá voltas, não apenas a F1‘.

Como se sabe, tudo na F1 deve atender antes de mais nada ao chefão Bernie. Tudo é possível desde que êle esteja de acordo. É também sob o manto dos seus desejos que Schumi teve a oportunidade de escrever mais um capítulo da sua história já vitoriosa. Na Williams as coisas são muito duvidosas e na Mercedes é certo que haverá uma vaga, apenas não se sabe quando. Respeito o Schumi como pilôto mas acho que a F1 deve essa ao Rubens. E tenho sinceramente o sentimento de que êle tiraria um belo proveito disso. Afim de ser uma história completa, acho que ainda falta mais um capítulo. Tomara que seja escrito. Os finais é que costumam valorizar a história tôda.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tom Cruise - ator ou símio hiper dotado?



Escrevo no último domingo e os eventos aqui citados eu não acompanhei e nem me interessei. No canal Youtube da Red Bull foi postado o vídeo aqui compartilhado no final do post, em que o ator Tom Cruise pilotou o Red Bull F1 do ano passado. Seu instrutor foi David Coulthard, hoje aposentado da F1.

Fez-se algum alarde da façanha que óbviamente se trata de ação de marketing. Na transmissão de domingo da F1, Galvão Bueno anunciou matéria sobre Tom Cruise pilotando F1 a ser exibida naquele mesmo dia à noite na Globo.

Há alguns anos o tri-campeão Niki Lauda disse que até um macaco pilotaria um carro de F1 atual. Depois disso, com mais de 50 anos, com uma barriguinha bem desenvolvida, típica de austríacos amantes da cerveja, usando óculos e sem pilotar há uma década, entrou num carro de F1, não me lembro de qual equipe, e foi sentir de novo a sensação de andar no monoposto mais veloz do automobilismo.  Se não me engano ele andou 12s mais lento que o tempo de pista para aquele carro.

Achei que andou demais para as condições dele. Êle mesmo resolveu parar de pilotar na McLaren quando teve um ano inexpressivo e viu que era a hora de pendurar as luvas e capacete. Aliás, ele disse precisamente isso outro dia sobre Schumacher. Estamos falando aqui de alguém que além de ter cumprido todas as etapas de aprendizado que levam à F1, conseguiu ganhar campeonatos e por muito pouco mesmo não perdeu a vida num acidente horrível que lhe deixou marcas no rosto para sempre. Portanto, alguém que pode ser considerado referencia na matéria.

Tom Cruise tem 49 anos, é ator profissional, já pilotou carros de turismo ou protótipos como amador, mas jamais seguiu a trajetória do profissional que chega até a F1. É só ler a montanha de relatos que há na internet e qualquer um vai entender que é um caminho bem difícil do ponto de vista da capacitação. E só logra êxito quem começa cêdo e não tarde.

Tom Cruise não é um macaco mas não pilotou um F1. Não um com as mesmas características do carro que vai para as pistas de competição. Além disso, no vídeo é possível ver duas coisas muito significativas. O que pode ser chamado de área de escape naquela pista é um imenso descampado sem obstáculos imediatos ao lado da pista.

Numa rodada no final do vídeo Tom Cruise consegue retornar. No entanto já vimos inúmeras vêzes carros de F1 ficarem entalados em algum lugar fora da pista porque estavam com o assoalho encostado no chão devido à altura incrivelmente pequena no fundo. É, por exemplo, o que às vezes chega a impedir um carro de F1 de andar em aguaceiros pois o espaço livre embaixo chega a ser tomado pela água conforme o volume da poça.

É claro que esse carro da Red Bull teve um ajuste que permitisse que uma pessoa não condicionada a um carro tão arisco quanto o F1, conseguisse guiá-lo. A altura, que permitiu que êle voltasse à pista vindo da terra, é apenas um dos ítens. Há outras coisas como a curva de potencia, a regulagem eletronica do diferencial, a pressão da suspensão, dos pneus e sabe-se lá mais o que. Por falar em pneus logo, no início do vídeo pode-se ver que os pneus, slicks, já tinham rodado, óbviamente nas mãos de Coulthard, que também deixou o carro com os ajustes do volante mais convenientes para um leigo da categoria. E também a recomendação de não mexer em nenhum deles.

Mais uma coisa que somente um vídeo mais longo poderia mostrar, é o traçado no qual ele fez, se não me engano, 22 voltas. Sim, ele sabe pilotar mas andar no traçado ideal é outra estória e estamos falando aqui de um carro de 800 hp´s que ganha velocidade muito rápido.
Apenas para lembrar, fiz uma conta no sábado conversando com o Tchê, lendário preparador de karts espanhol. Com o meu peso atual, sentado em um kart de competição o peso total deve estar em torno de 160 kg´s. Andei no ano passado em Interlagos com um kart do Tchê em que ele estava testando um desenvolvimento seu em motor 2 tempos.

A potencia ele estima (mas não mediu) em 30 HP´s. Isso dá uma relação peso potencia de pouco mais de 0,5 HP por quilo. Nessas condições e com um motor que sobe muito rápido de giro, em certo momento enfiei o pé de uma vez em linha reta e o kart chicoteou a traseira. Também senti a pressão nas costas. Seria fácil ter rodado ali nessa hora, e estamos falando de um carrinho que chega a no máximo 125 km/h no final da reta do kartodromo de Interlagos.

Um F1 deve ter um peso mínimo de 640 kg´s e tem potencia proxima de 800 HP´s. Isso dá 1,25 HP´s por kg. Nem posso imaginar a sensação de acelerar uma coisa dessas. Mas quem procurar na internet vai achar um vídeo de um jornalista europeu que foi fazer matéria sobre a sensação de acelerar carro desses. E quando finalmente conseguiu sair do box sem apagar o motor teve um trabalho fenomenal para se manter em linha reta e mais ainda para frear o carro, quando inevitávelmente rodava.

Enfim, caso Tom Cruise seja um macaco disfarçado de ator americano, deve ser um símio hiper dotado pois conseguiu dar 22 voltas num carro que até Niki Lauda teve uma imensa dificuldade de guiar. O grande atrativo que eu vi na F1 foi ver caras andarem num carro que jamais me deixariam sentar, em condições que eu jamais conseguiria guiar. E aí eu me pergunto se a F1 de hoje realmente não é mais a mesma. Fiquei com a estranha sensação de que não é.

( imagem: Canal Youtube da Red Bull )