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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Nossos melhores pilotos - Ayrton Senna.

Se eu estivesse escrevendo sobre Kimi Raikkonen, seria muito simples. Ele pouco fala e restam apenas as suas curtas declarações em coletivas. Portanto as estatísticas disponíveis seriam o suficiente para falar de um piloto desses.

Ao contrário dessa situação, Senna é sem dúvida o piloto do qual é mais difícil escrever-se algo, pois a sua personalidade se mistura com a sua carreira de forma intensa, e é fator de influencia nos seus resultados. Práticamente é necessário falar dele sob duas óticas.

Seus maiores desafetos na F-1 foram Alain Prost e Nelson Piquet. Aqui já há um dado a ser levado em conta. Nelson ingressou na F-1 em 1978 e Prost em 1980. Portanto esses dois são contemporâneos. Já Ayrton Senna ingressou em 1984 quando os carros-asa haviam sido banidos. O grande diferencial entre as equipes passou as ser os motores turbo. Nesse ano Piquet já era bi-campeão e Prost seria campeão, pela primeira vez, um ano depois.

Nossos melhores pilotos - Nelson Piquet

A história dos brasileiros na F-1 poderia ter sido diferente na década de 70, caso José Carlos Pace, o Moco, não tivesse falecido num acidente aeronáutico com o seu amigo, também piloto, Marivaldo Fernandes.

Em 1981, quando a equipe Copersucar já não tinha mais condições de permanecer na categoria, e Emerson passava por enorme descrédito tendo abandonado a carreira de piloto, Nelson Piquet Souto Maior conquistou seu primeiro título na F-1, o terceiro de um brasileiro. Na mente do público brasileiro o bi-campeão Emerson havia sido definitivamente substituído. O nosso interesse pela categoria teve um súbito crescimento.

A chegada de Piquet na F-1 se deu de forma diferente e as vitórias de Emerson tiveram uma influencia. No início dos anos 1970, o interesse pelo automobilismo brasileiro estava crescendo. O Brasil passou a contar com provas internacionais e o nosso automobilismo cresceu e se profissionalizou. Também no início dessa década o nosso kartismo ganhou força e passamos a ter campeonatos de kart mais competitivos. A Fórmula Vê foi reeditada com o nome de Fórmula VW1300 e surgiu também a Super-Vê, com uma mecanica mais sofisticada e preparação livre dos motores VW1600, e pneus slick. Isso tudo nos colocou mais próximos, técnicamente falando, das categorias européias de base.

Nossos melhores pilotos - Emerson Fittipaldi.

O sobrenome Fittipaldi perambula nas minhas lembranças desde a minha infância, e é natural que eu sinta uma admiração à parte.

Emerson Fittipaldi é o mais completo dos tres na minha opinião. Mas quando julgo assim não o faço do ponto de vista das suas habilidades, isoladamente falando.

Após um bem sucedido início no automobilismo brasileiro, Emerson entendeu que as suas chances estavam fora do país. No Brasil as fábricas de automóveis não se interessavam mais pelas competições porque tinham alcançado o objetivo maior, que era a exposição das suas marcas. O profissionalismo estava lá do outro lado do oceano e aqui a previsão era que restassem apenas os garagistas de plantão.

Nossos melhores pilotos.

Se há uma pergunta polêmica e dificílima de se responder é a avaliação de quem foi o nosso melhor piloto. A lista é tão grande que daria origem a uma enciclopédia. Se a resumirmos e falarmos dos nossos 3 campeões de F1, ficará muito mais simples ao mesmo tempo que estaremos tratando também de uma polêmica.

Curiosamente, os posts que seguem foram escritos uma semana antes da Autosport publicar o resultado de uma pesquisa com outros pilotos da F1 que apontou Ayrton Senna como o melhor da história. Não vou mudar um vírgula do que escrevi, mesmo porque a minha intenção não é dar a minha nota para quem dos nossos 3 eu considero o melhor.

Nos últimos anos tenho lido na internet opiniões sobre esses três, que na maioria das vezes se mostram incoerentes e excessivamente apaixonadas. Quando essas opiniões são emitidas pelo público jovem, acaba ficando pior porque infelizmente essas pessoas não teem tantas referências, pois de um tempo para cá o automobilismo nacional enfrentou uma visível decadência que se manifesta nas arquibancadas vazias. E assim apenas os da velha guarda fazem menção a pilotos como Ingo Otto Hoffmann, que tem uma lista impressionante de vitórias na Stockcar, fora a sua passagem pela Europa que incluiu a F-1. Também são poucos que mencionam, por razões compreensíveis, José Carlos Pace, que lamentávelmente faleceu num acidente aeronáutico na compania de outro grande piloto, seu amigo Marivaldo Fernandes.

Comparar pilotos de épocas diferentes é mais ou menos como comparar laranjas com frutos do mar. São pessoas diferentes que atuaram em épocas e condições diversas. Por isso é tão comum recorrer-se a estatísticas. Num julgamento desses Michael Schumacher é indiscutívelmente o melhor da história mundial.

Nos proximos 3 posts vou dar a minha opinião pessoal a respeito dos nossos campeões de F-1. Quero lembrar que o que penso deles é subjetivo e global. Não vou entrar em detalhes profundos, típicos dos jornalistas europeus que acompanham tudo, prova a prova, e acabam se tornando até referencia de comentários.

E antes de iniciar vou colocar um julgamento meu a respeito das opiniões do público em geral. Nunca li nada dizendo que as opiniões sobre esses 3 são como são, muito especialmente em função da identificação do público com a pessoa do piloto, a sua personalidade. É normal nos depararmos com divergências fortes quando o tema é Piquet X Senna. É parecido com discussões sobre futebol. Há muita paixão envolvida e a exposição na mídia pôs lenha na fogueira com o passar do tempo, e por conta disso apareceram os defensores e os agressores. Penso que o julgamento que o público tem desses pilotos está muito contaminado pela exposição deles na mídia.

Não tenho a mínima pretenção de agradar gregos e troianos. Portanto, mãos à obra. As opiniões são bem vindas, inclusive as divergentes.

sábado, 26 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL!

Aos meus amigos que frequentaram ou não o meu blog nesse ano, desejo um Feliz Natal e um ano de 2010 com muita satisfação e esperança.

Abraços à todos.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Divisão 4 - Um Polar no Museu do Automobilismo Brasileiro.

Uma fase do nosso automobilismo que deixou lembranças e saudades àqueles que não perdiam uma corrida, foi o período dos protótipos Divisão 4 no início da década de 1970.
Passamos a ter no Brasil o equivalente nacional da Sport Protótipos européia. Lindos carros contruídos sob medida para as competições, totalmente adesivados.

As carenagens desses carros permitiam uma ótima exposição dos logos dos patrocinadores, o que sem dúvida era uma idéia muito atraente. Sob essas carenagens se encontravam potentes motores que acrescentavam a música que mais gosto de ouvir ao design de linhas idealizadas para competições.

Em 1974 o piloto Jan Balder sagrou-se campeão Paulista e vice-campeão Brasileiro da Divisão 4 com um protótipo Polar com motor VW 1950cc.

O Museu do Automobilismo Brasileiro vai colocar na pista de Guaporé em Janeiro, um carro desses inteiramente restaurado. E Jan, que forneceu a carenagem para o museu, vai poder matar a saudade de pilotar essa autentica jóia da nossa memória do automobilismo de competição.

A foto abaixo, enviada por Paulo Trevisan, é do carro já pronto para acelerar.




segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Miguel Angelo Castro - Meu sonho era pilotar. Aviões! (2)


 (continuação da entrevista com Miguel Castro)

Quando você conheceu o Peterson Nakamura?

- Eu conheço o Nakamura ha uns 5 anos. Eu mantinha uma certa distância. Uma coisa curiosa que acaba acontecendo entre os pilotos é que a disputa acaba ligando um cara com o outro, é muito engraçado. Hoje a minha equipe de 500 milhas somos eu, o Maurício, o Wendell e o Peterson.

- O Peterson é um grande gente fina, figuraça, meu grande amigo hoje. Em 2006 ele tinha um parceiro para o Endurance que deu um cano na equipe dele na primeira etapa. Eu ia correr com outro camarada que tambem deu um cano na segunda etapa. Aí ele me convidou para entrar na equipe.

- Eu sempre fui muito exigente comigo mesmo, eu não me achava à altura de andar com o Peterson. Ficava sempre com aquele compromisso, responsabilidade de mostrar serviço, quando não andava muito forte ficava envergonhado. Dizia a êle que se quizesse me tirar não tinha problema.


Miguel e Nakamura ficaram parceiros nas corridas do Endurance noturno. Nos campeonatos diurnos eles não eram parceiros. Peterson era parceiro de Alexander, que parou de andar e no lugar dele entrou Wendell Capraro que era parceiro de André Campos. A Equipe Meteoro foi vice no campeonato de Endurance de 2006, ganhou 2007 e 2008.

O que aconteceu na prova de oval em 2008 no final da corrida?

- Quebrou o kart do Wendell na última perna e a gente não viu. Perdemos aquela corrida.

Participação em campeonatos individuais.

- Quando começou a Sênior em 2006 na Amika foi o Caccuri em primeiro, o Talarico em segundo e eu em terceiro. Em 2007 foi eu empatado com o Tala em primeiro e ele levou o título por uma vitória a mais no campeonato. Nesse campeonato eu tomei uma advertência na última etapa e aí eu empatei em pontos, e como êle tinha uma vitória a mais, ficou com o título. Depois eu ganhei o de 2008 e o desse ano também já ganhei com duas etapas de antecedência. Meu pior resultado nesse ano foi um terceiro. Nesse ano eu evoluí razoávelmente.

- No Pangaré eu não me lembro quantos eu ganhei, foram dois ou três. Mas lá é geral, não tem campeonato de sênior. Esse ano eu ganhei também, acabou ontem (28/11/2009). Eu voltei pro Pangaré ha umas quatro temporadas. Eu tinha parado de andar no Pangaré porque era só pistinha e não tinha lastro. Eu, com equipamento, vou para 80 kgs e lá tinha cara com 65 kgs.

- Como equipe de Endurance nós ganhamos o Enkasp. Fui vice-campeão no ano passado no CPKA na geral. Nesse ano não sei em que lugar eu fiquei. Sétimo ou oitavo. Na CPKA Sênior eu não ganhei. Estava ganhando hoje, mas de repente ´parei de ganhar´ (risadas). Eu estava com o título na mão e aí fiz aquela palhaçada e acabei abandonando.


A Equipe Meteoro foi a vencedora da primeira edição da 500 Milhas Amador, o que lhes valeu a inscrição na tradicional 500 Milhas de Kart da Granja. A melhor colocação nas 500 Milhas foi décimo sexto há dois anos. Miguel disputou a prova pela Equipe Meteoro duas vezes.

Não foi nessa prova que o Massa bateu?

- Bateu logo depois da inclinada. Nessa corrida eu tomei um susto danado. No meio da corrida, umas 4 ou 5 da manhã baixou um nevoeiro. Eu estava entrando na reta e aparece um kart sem piloto andando sózinho na minha frente. O cara espalhou, bateu nos pneus, caiu, e o kart voltou de ré para a pista sem piloto. Passei tirando tinta do kart.

Voltando ao assunto pilotagem.

Perguntei ao Miguel como faz a hum nas 500 Milhas e êle não apenas alivia mas também dá uma pequena freada. É um ponto em que não é possível fazer flat com aquele equipamento. Os pneus usados na última edição eram os vermelhos da MG mas com uma composição específica que pode durar até umas 7 horas.

Você gostou da 500 Amador?

- Gostei, achei bem legal. Foi muita adrenalina. Houve duas paradas, sendo uma por conta de acidente e outra por falha na cronometragem. Eu imagino que teria durado umas onze horas se fôsse direto. Ficou mais de meia hora parado por causa do acidente. E depois ficamos mais uns quinze ou vinte minutos parados por causa da cronometragem. O regulamento dizia que seriam 644 voltas ou doze horas. Começou 13:23 e acabou 01:23 da madrugada.

- Nós largamos muito mal. Não sabemos explicar bem o que aconteceu com o nosso kart. O Peterson Nakamura, que é ´o cara´, fez a primeira perna tomando mais de 2 segundos. É um regulamento novo em termos de troca e nós estamos viciados em fazer o Endurance em 5 horas. Nós não sabíamos quanto tempo iríamos perder nessa.

- Em função do tempo que se perde nós decidimos quando vai parar, mas não tínhamos esse número na cabeça. E demoramos muito para decidir a troca do Peterson. Tinham 43 karts e quando decidimos fazer a troca, o Peterson estava em 35o. tomando uma volta. Fomos os primeiros a parar e voltamos em 43o., quase uma volta e meia atrás.


No final a corrida estava práticamente perdida. Mas a equipe que liderava foi penalizada pela prova a fazer um drive-thru. As trocas demoram aproximadamente 30 segundos. Na última troca a Equipe Meteoro sairia atrás do lider aproximadamente 15s. e o piloto era Peterson Nakamura. A troca da Meteoro demorou mais de 40s porque os líderes, segundo a versão da Meteoro, atrasaram a saída dela. A Equipe Meteoro reclamou na direção de prova e foi atendida, o que resultou em drive-thru à equipe concorrente.

É comum que muitos pilotos de indoor julguem que a melhor forma de virar tempos baixos é atravéz apenas do pé do acelerador. No entanto, em alguns lugares a frenagem tem papel muito importante. Perguntei qual o papel da frenagem na opinião dele.

Numa boa tocada, quantos por cento se devem ao braço e quanto ao pé?

- É óbvio que os dois teem muita importância. O braço tem muita importância, mas é uma coisa tão sincronizada que ao mesmo tempo que o braço tem que chamar na curva no momento certo, o freio vai ter que ajudar o braço, e se você não tiver freado para que o kart vire, ele não vai virar. Eu diria que é 60 para o braço e 40 para o pé. Principalmente no 4 tempos. No 4 tempos o pé fala menos que no 2 tempos.

- No 4 tempos é preciso tocada muito redonda. Já que não tem motor, a saída de curva tem que ser o mais redonda possível, nunca forçar a frente.

- No 2 tempos se errar voce chama no motor e compensa. No 4 tempos não tem isso. As tocadas são diferentes. Depois que andou no 2 tempos, quando vai para o 4 tempos parece que está em camera lenta.

- Vou cair no óbvio de novo. Voce sabe bem disso, o piloto que ganha depois de um certo nível não é o que acerta, é o que menos erra. Andar atrás do Peterson dá nervoso por causa disso. Ele faz 25 ou 30 voltas e é a mesma volta. Às vezes ele vira no centésimo igual em duas ou tres voltas. Foi o que me disseram uma vez: não é importante qual a sua volta mais rápida, mas a constancia sim.


Miguel usa muito a observação em pista da tocada dos outros pilotos, em pontos onde se podem ver detalhes. Também conversa muito com seus amigos, trocando idéias sobre pilotagem.

Na primeira 500 Milhas da qual participou, entrou na pista atrás de Rubens Barrichello e fez a reta encostado na traseira dele. Julgou que tinha um kart bom. Mas quando chegava na parte de baixa do circuito, Rubinho abria na sua frente em todas as voltas.

- Eu achava que já era o rei da Granja Viana. Êle foi para a pista de novo e eu fui na passarela para olhar. Eu vi que ele entrava no miolo muito diferente. Eu entrava pendurado e êle entrava ´manso´. E quando eu voltei para a pista fui tentar fazer do mesmo jeito e percebi que precisava vir um pouco mais manso na entrada. Em uma volta eu já tirei dois décimos do meu próprio tempo.

- Na 500 Milhas a saída do miolo é fundamental. E a curva 2,5 que precisa fazer redondinha porque vai pegar um trecho de subida. Precisa otimizar o trecho de baixa e preparar a saída.


Na sua opinião quem é o cara que você conhece que é o mais redondinho, mais suave?

- Hoje é o Peterson. Eu falo muito dele porque é o meu parceiro, mas hoje é o Peterson, sem dúvida.

E o cara mais arrojado, que se deixar entra totalmente de lado aqui?

- É o Maurício mesmo. Maurício Leite Pereira. São os dois que andam mais rápido. Hoje ele engordou, está com 80 kilos, mas anda muito rápido. O Maurício vira muito mais em função de trabalhar mesmo, de sair de traseira, do que ser constante, redondinho. O Peterson é aquela volta que parece traçada com compasso. E não erra.

- Hoje eu viro entre 1 e 2 décimos do começo ao fim, se não tiver tráfego. Preciso melhorar ainda, mas já é um tempo bem razoável.


No edição de 2009 da 500 Milhas de Kart da Granja, a Equipe Meteoro não se deu bem, terminando na 41a. colocação depois de uma sequência de quebras. Mas pelo que já vi essa equipe fazer na pista, não descarto uma futura participação muito mais proveitosa. Material humano para isso a equipe tem. Desejo aos integrantes da equipe melhor sorte na próxima, e agradeço a atenção do meu amigo Miguel Angelo Castro para com o Amigos Velozes.


foto: Amigos Velozes

Miguel Angelo Castro - Meu sonho era pilotar. Aviões! (1)


Em 2006 passei o ano assistindo meus amigos da Amika Senior disputarem suas posições na pista, enquanto eu acompanhava tudo do box, após um acidente de treino no qual trinquei uma costela, poucos dias antes da primeira etapa. Foi assim que eu descobri o real significado do colete toráxico. Por um lado foi interessante pois além de assistir boas disputas, eu pude ver como cada um fazia o seu trabalho. Entre outros que me chamaram a atenção, um era frequentador assíduo do pódium e tinha uma tocada segura e constante. Vou falar nesse e no próximo post do piloto Miguel Angelo Castro, um dos integrantes da Equipe Meteroro que venceu nesse ano a primeira edição das 500 Milhas de Kart Amador no Kartódromo Internacional Granja Viana.

Miguel fez curso técnico de eletronica na Escola Técnica Lauro Gomes, influenciado pelo avô que tinha uma pequena oficina. Tendo se formado encontrou emprego na Vasp como técnico eletronico em 1979. Lá trabalhou na manutenção de terminais de computador. Depois fez eletronica em Mogi. Mas o mercado na época era mais favorável a processamento de dados. Então ingressou na FASP onde fez administração com enfase em processamento de dados, mas considerou o curso fraco e mudou para matemática, disciplina da qual é bacharel tendo se formado em 1986.

Trabalhou no período da reserva de mercado na Ecodata onde teve a primeira experiencia como analista de sistemas. Nesse período utilizou a tradicional linguagem de programação Cobol. Mas antes disso na Vasp, já teve uma passagem com programação quando trabalhou num projeto da empresa chamado Sabiá, que tinha a finalidade de ler sinais dos aviônicos e transmitir dados via rádio. O programa foi desenvolvido em assembler para o famoso processador Z80 da Zilog. Após a Vasp entrou na Alcan onde a sua carreira se consolidou. Quando a empresa substituiu os antigos mainframes por AS400, Miguel foi convidado para trabalhar na área de suporte, o que até hoje é o seu trabalho. Surgiu o desejo de trabalhar em empresa de tecnologia e isso se deu na AT&T, e na sequencia na Claro, e finalmente no IBOPE, sempre na gerencia de suporte e infraestrutura. Mas o sonho de garoto, não realizado, era ser piloto de avião.

- Meu sonho era ser piloto. Mas a família era humilde, não tinha muitas posses. Eu até corri atrás e cheguei a ser piloto privado. Fiz na Praia Grande, era muito divertido.
 



Recentemente Miguel optou por um voo solo, mas não na aviação. Criou a sua empresa de prestação de serviços de consultoria e infraestrutura de redes computacionais. A Winitech está dando os seus primeiros passos e se vale de uma longa experiência profissional de Miguel e seus colaboradores, bem como dos bons relacionamentos construídos ao longo de anos de atividade.

Início no kartismo.

- O kart apareceu ha pouco tempo na minha. Foi na Claro em 1999 a primeira vez que sentei num kart. Aqui tinham os karts com motor de 5,5 hp´s. Antes disso a minha juventude toda era Interlagos, assisti todas as corridas do Senna.

Primeira corrida.

- Marcamos dia e hora na Granja Viana e entrei no carro e perguntei: "Cristiano, como é lá o tempo de corrida? Umas duas horas?"

- Na época eram R$50 ou R$60. Pensei "R$50 para andar só meia hora?". Eu estava mais preocupado com o dinheiro. Sei que em 15 minutos de corrida eu estava procurando a bandeira de chegada, estava todo torto.

- Eu não me lembro o lugar em que cheguei mas lembro o tempo que eu fiz. Era o traçado longo sem chicane. A minha volta mais rápida naquele dia foi 01'04". Comecei virando 01'08" e terminei virando 01'04". Alguns anos depois eu lembrei desse episódio. A minha volta mais rápida nesse traçado, no indoor com pneu amarelo, foi 00:58,8".

- Aí fui mordido pelo mosquito. Voltei aqui algumas vezes e fui andar em tudo que é kart indoor que tinha em São Paulo. Fui no Jaguaré, no Playkart na Salim Farah Maluf com a Marginal. Nessa época tinha o Jaguaré, o Playkart, o Pitstop era num prédio, não era a pista aberta, aqui, a Aldeia já existia, e em São Bernardo tinha um que eu acho que era o Speed Hunters que era no estacionamento de um supermercado.


Influenciado pelas provas de karts alugados na Aldeia da Serra, onde estes corriam junto com os de competição de 2 tempos, Miguel ouviu a sugestão de um amigo de correr em Atibaia com kart próprio. Lá conheceu o mecânico Carlinhos que lhe conseguiu um kart usado com motor V4. A compra foi dividida em três mas quem mais andava com o kart era o já apaixonado Miguel. Pouco tempo depois conseguiu comprar um chassi Mini 2001 com motor V4, e ingressou com esse equipemento num campeonato em Atibaia.

- Andava lá porque era barato. A inscrição era cento e poucos reais em Atibaia. Andei aqui, na Aldeia, em Interlagos. Ganhei algumas prova em Atibaia mas não ganhei campeonato porque não dava para ir em todas. Eu tenho família com tres filhos, casa pra cuidar, e quem está nesse mundo sabe o quanto gasta para andar forte na frente.

- Lembro de um amigo de infância que estava pondo o filho pra andar. Um cara que hoje é empresário no ABC. O filho andava forte, mas gastava R$ 10.000,00 por corrida. Quando eu falava pra minha mulher que ia gastar R$ 90,00 numa corrida ela ficava louca.


Na avaliação dele, um kartódromo que valoriza a atividade, como o Granja Viana, e que tem uma boa quantidade de karts com diferenças pequenas, tem condições de fazer um bom campeonato. Principalmente porque onde as diferenças não são tão grandes, o braço conta muito. Caso oposto dos karts de competição onde um pneu novo pode significar 0,5s.

- Sem dinheiro você não faz um campeonato oficial. Já no indoor, com R$ 80 a R100 por mês você faz um campeonato como Amika ou CPKA. Você consegue se divertir legal.

Miguel começou a pilotar no indoor e nunca teve, desde que começou a andar de kart, um instrutor. Adquiriu experiência por conta própria, na kilometragem como costumamos dizer.

- Depois que eu comecei a brincar de indoor, quando fui andar de 2 tempos eu vi que tinha muitos vícios do indoor. O cara que começa no indoor adquire muitos vícios como frear e acelerar ao mesmo tempo, frear muito dentro da curva. Quando eu fui andar em Atibaia, o Carlinhos me deu algumas dicas. Êle ficava me observando na curva hum e me dizia que eu entrava pendurado demais.

- Me mandava frear antes. Eu começava a chamar mais cêdo mas mesmo assim para êle era muito tarde.


Aí Miguel avaliou que mesmo freando mais cêdo o tempo baixava porque acelerava mais cêdo também. Êle sentiu um aperfeiçoamento na sua tocada no indoor. Mesmo disputando provas de 2 tempos, Miguel nunca parou de pilotar indoor. Em 2005 êle entrou no campeonato da Amika.

- Não existia sênior na época. Era uma contagem de pontos paralela das pessôas que tinham mais de 45 anos. Nessa época o rei era o Talarico, era o dono da sênior.

Em 2006 a Amika instituiu a categoria sênior como disputa única, separada da principal.

- Hoje a Amika está no quarto ano da sênior. Eu nunca abandonei a categoria principal. Eu me dou razoávelmente bem e é um desafio querer bater o Maurício, o Peterson. Se eu não ganho deles, eu atrapalho bem.

Na verdade o primeiro campeonato que Miguel Castro ingressou foi o Pangaré.

- Quando eu comecei a andar de 2 tempos eu parei de andar no Pangaré. Achava que ser campeão do Pangaré não soa bem (risos). Mas os caras tocam. O meu parceiro de campeonatos de indoor, o Costoya, está lá até hoje.


(continua no próximo post) 

foto: Amigos Velozes 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Mogar Filho campeão do Kart São Paulo 2009 - Parabéns ao garoto!


 Ontem se deu a definição do campeonato de 2009 do Kart São Paulo. Na Light o campeão por antecipação, Gilberto Gallucci, confirmou que anda forte e faturou mais uma vitória largando na décima colocação, uma à minha frente. Também marcou a melhor volta com 47,992 no circuito 4 com o kart 27.
Merecem parabéns o Stocco que ficou em segundo na prova, o Lucas em terceiro, Marcelo Nogueira em quarto, Fábio Junqueira em quinto e Marcelo Messiel em sexto.
 

Porém a prova não terminou nessa ordem. Ficou acertado, de comum acordo, que os iniciantes em final de campeonato não levariam para casa as posições de pódium. Foi o caso do Zé Ayres, e os irmãos Silas e João Hypólito. A chegada foi, do primeiro ao sexto, Giba, Stocco, Lucas, Zé Ayres, Marcelo Nogueira e Silas. Tanto o Zé quanto o Silas não foram ao pódium, e por isso cederam os seus lugares aos subsequentes.

Eu? Uma merda, pra ser mais objetivo. E contei com a ajuda de alguém, que pouco importa quem seja, que achou que eu não deveria disputar posições. Acho que agora, definitivamente eu voltei ao kartismo. Quando um cara te põe pra fora por uma cagada dele, voce fica muito p. da vida e isso tira o sabor da corrida. Tanto que eu fiquei com vontade de parar e depois nem esperei os pódiuns que dessa vez demoraram um pouco. E também não assiti a Master. Se eu fosse um kartista babaca, sairia até dando risada, mas eu estava lá disputando as minhas posições e fiquei com raiva da situação, que foi desnecessária embora não fosse caso de punição do ponto de vista esportivo. Dane-se, em 2010 tem outro campeonato caso eu venha a disputar este.

De bom mesmo para mim só duas coisas. Depois da segunda troca de kart (no meio da prova), fiz tempos relativamente regulares. Mas só isso e nada mais.
E depois no deck, durante uma cervejinha, conheci um jornalista da Bandeirantes, o Henrique Pereira, que curiosamente foi o cara que quebrou a perna na minha frente no ano passado na prova oval do Endurance Noturno. Tivemos um bom papo sobre aquela prova e outros assuntos mais. Um boa praça.

A Master eu só vi um pedaço no meio da prova e vi que o Mogar não conseguiria chegar no Otto. Mas mesmo assim foi uma prova disputada e anciosa, e no final o Mogar empatou na pontuação com o Abdo, o que, segundo as más línguas dá o campeonato ao Mogar. A prova foi vencida pelo Abdo seguido, na ordem por André Loducca, Otto, Nico, Júlio e Mogar.

Portanto são campeões e vice, na Light Gilberto Gallucci e Rafael Stocco, e na Master Mogar e Cláudio Abdo.

Dia 13/01 às 21:00 tem confraternização com uma corridinha na Granja e entrega de troféus aos vencedores do campeonato de 2009. Não vou participar mas estarei lá.

Por enquanto, Feliz Natal e Feliz Ano Novo à todos sem excessão e um muito obrigado pela acolhida. Eu gostei de pilotar no KSP, foi muito bom.

Abraços à todos.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Revista Brasileiros - Matéria com Bob Sharp.



O número 28 da Revista Brasileiros, edição de Novembro, traz entre outras coisas uma matéria de Jan Balder sobre o piloto Robert Amaral Sharp, o Bob Sharp. Uma ótima matéria, pra variar. Mas para mim foi surpreendente o primeiro parágrafo da matéria que fala de uma coisa da qual eu não tinha conhecimento, o Autobol.

Você já pensou alguma vez em jogar futebol com o seu carro? Pois é, essa maluquice foi criada no estado do futebol, o Rio é claro. Carros em final de vida útil eram utilizados como os integrantes do time. Isso começou no finalzinho da década de 1960. Gostaria de conversar com algum “artilheiro” da época para entender como se faziam dribles, como era o “jogo de corpo”, um escanteio, um penalti. E mais, como o juiz apitava uma partida dessas? Deve ser uma loucura.

Mas pelo que entendi isso não é só coisa do passado, da qual eu não tinha notícia. Clique na imagem abaixo e assista um vídeo de autobol moderno. E depois faça uma pesquisa no Google e veja outras imagens a respeito.

E, é claro, o tema aqui é a matéria sobre o Bob, e portanto não percam esta edição da revista pois está sensacional.

Ah, outra coisa. Se alguém quizer marcar uma partida no final de semana, podem contar comigo. Pra gandula!




sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Aviso aos navegantes.



Hoje acontece a classificação para a 500 Milhas de Kart da Granja. Amanhã às 12:30 acontece a largada da prova. Procurei no site a relação de inscritos e não encontrei. Também não sei quem vai transmitir mas o kartodromo criou um Twitter só para a prova nesse endereço: http://twitter.com/500milhas_kgv

Quem foi no kartódromo recentemente, viu que há uma arquibancada que foi montada sobre um trecho da pista. Daí que até o dia 10, data do encerramento do Kart São Paulo, o circuito será o 6, conforme imagem desse post. Mais uma variável para quem está no campeonato. Já andei nesse e gostei.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Carros-asa na F-1 - como era a sua pilotagem?



Em 1990 foi lançado no Brasil o livro “A arte de pilotar” do jornalista Gordon Kirby, traduzido para o português por Jorge Meditsch. Trata-se de um depoimento do bi-campeão de F-1, Emerson Fittipaldi, onde os temas principais são uma explanação sobre diversos aspectos das técnicas de pilotagem, um histórico da sua carreira de piloto, e uma exposição da sua vida nos Estados Unidos como piloto da Cart. Uma leitura interessante, vale a pena.

Logo no começo do livro, Emerson fala das suas impressões sobre a pilotagem dos carros-asa, que foram banidos da F-1 no início dos anos 1980. Segue abaixo uma curta transcrição , que nos dá uma idéia do que significava pilotar um carro desses, dito por um piloto que não deixa dúvidas na sua capacidade.

A grande mudança na maneira de dirigir veio em 77, 78 e 79, quando Collin Chapman iniciou a revolução do “efeito-solo” com as Lotus 78 e 79. Eu tenho que admitir que o período que se seguiu tornou necessários pilotos mais corajosos, até que o efeito-solo sem restrições fosse proibido na F-1 em 1982. Você entrava nas curvas muito mais rápido que antes, mas ninguem esperava que você colocasse de lado um carro-asa. Foram os tempos da laterais deslizantes, as “minissaias”, que criavam uma área de contato entre o fundo do carro e a pista. As saias se movimentavam para cima e para baixo, por dentro das laterais da carroceria. Um sistema de molas e roletas mantinha as saias pressionadas contra a superfície da pista o tempo todo e não havia vazamentos no vácuo que se criava embaixo do carro. Então, era necessário andar como se fosse sobre trilhos, porque os aerofólios, as asas dianteiras e a aerodinâmica que havia por baixo do carro deixariam de operar e se perderia quase toda a pressão se o carro estivesse de lado.

O mesmo ocorre com os F-1 e os Indycars de hoje, mas naquela época era muito mais crítico manter o carro em linha reta. A técnica era entrar na curva tão rápido quanto você podia, tentando manter o carro equilibrado durante todo o percurso. Você tinha que dar gás logo, mas não deixar o carro deslizar de jeito nenhum. Devido a toda pressão e à sucção, havia muita carga aerodinâmica no eixo dianteiro e a direção era muito pesada. Os carros geravam tanta força para baixo e tinham uma baixa pressão tão fenomenal embaixo deles, que não havia maneira nenhuma de você sentir ou ser avisado quando o carro começava a derrapar. Quando você percebia, ele já tinha ido embora!

Para mim não havia prazer em pilotar desse jeito. Todos os pilotos, penso eu, estavam perdendo seu estilo. O carro é que ditava a maneira de guiar. O carro é que estava no comando, no lugar do piloto. O piloto tinha de se adaptar ao que o carro queria fazer, nunca o contrário. Se o carro saísse de controle, havia pouca ou nenhuma chance de corrigir. E havia muita diferença de desempenho entre os carros. Um bom piloto não podia fazer nada para um carro ruim andar melhor.


Os carros-asa foram uma criação da Lotus que estreou em 1977 o Lotus 78. Niki Lauda ganhou esse campeonato mas o do ano seguinte foi de Mario Andretti com esse carro. Curiosamente um dos projetistas, Ralph Bellamy, foi contratado mais tarde pela Copersucar e desenhou o F6 que foi um tal desastre de performance que acabou sendo abandonado mesmo depois das tentativas de modificação do chassi que resultaram no F6A.