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domingo, 24 de novembro de 2013

Festa de fim

É isso que Interlagos representa no atual calendário, uma sensacional festa de final da temporada. Não vamos comparar isso à Monaco que é uma festa de bilionarios e celebridades. Mas em relação ao esporte em si, a de hoje corrida foi uma verdadeira celebração.

A começar pelo fato de que o mais provável no GP do Brasil é termos duas corridas. Tal como foi neste final de semana, o treino de sábado rendeu surpresas que dificultaram o estabelecimento de uma estratégia e hoje a corrida se deu em condições para as quais as equipes foram obrigadas a definir estratégias na hora. Sei não mas arrisco a dizer que se São Pedro não é brasileiro, tem uma grande simpatia pelo nosso autódromo. Afinal ele aparece como a versão natural e muito provável da idéia de Bernie de jogar água nas pistas.

Aqui tem de tudo. Pode ser sol escaldante, chuva, chuvinha, temporal. Pode cair um dilúvio num dia e no outro fritar ovos no asfalto. Pode chover no meio da corrida ou no inicio ou no fim. Nada aqui é previsivel com segurança. E isso dá um brilho à parte ao espetáculo, especialmente quando se fala de uma corrida que encerra a temporada.

Até mesmo Massa que teve a sua participação prejudicada por uma punição, não deixou festejar em frente à torcida fazendo zerinhos. Vettel, que venceu mais uma, pra variar, tinha tambem motivos para encher o asfalto de zeros.

Mas quem roubou a cena toda foi Mark Webber que após a bandeirada rompeu totalmente o protocolo e patrocinou a cena que vai ficar na memória por muitos anos. Tirou o capacete pouco antes de chegar nos boxes e curtiu um ventinho na cara que, acredito lhe tenha sido mais saboroso que o champagne servido habitualmente nos pódios. Fez festa particular, à sua moda, no melhor estilo 'hoje a felicidade é minha'.

Se Interlagos não for um templo, tal como dizem muitos amigos meus, com certeza é um salão de festas com direito à muita diversão e comemoração. Se essa pista faltasse no calendário da F1, não tenho dúvidas de que iriam pedir para voltar.

Interlagos é único!

sábado, 23 de novembro de 2013

Vettel, o cara dos caras

Sebastian Vettel no GP do Brasil de 2013.


Mesmo na condição de tetracampeão, tendo conquistado mais um campeonato por antecipação, o alemãozinho veloz não poupou nada e cravou mais uma pole em Interlagos. Nada menos do que 0,6s à frente de Nico Rosberg, o segundo do grid, e um segundo inteiro à frente do seu companheiro Weber, que ficou com o quarto tempo. Isso tudo sob chuva.

Para quem viu as poles de Ayrton Senna, Vettel o lembrou no estilo arrasador marcando o melhor tempo lá no finalzinho do treino, da mesma forma que muitas vezes Ayrton fez e arrancou aplausos dos torcedores.

Não é possivel apontar um favorito para 2014 mas Vettel seria a minha aposta. É claro que o carro que ele conduz com clara maestria é o melhor do grid, atualmente. Mas para manter essa superioridade indiscutivel num treino classificatório na chuva é preciso ser um ótimo piloto pois é preciso pilotar na ponta dos dedos sem uma única distração. Conseguir isso já é bem difícil, e ser o mais rápido assim, mais dificil ainda.

Mas ele marca pontos tambem fora do cockpit. A foto do post foi cedida pelo amigo José Manuel Ferraz, e segundo foi dito o próprio tetracampeão foi quem deu o clique, na sexta-feira. Além de veloz e imbatível é simpático e livre de quaisquer orgulhos desnecessários. Isso é o que o torcedor de um esporte mais gosta nos seus ídolos. Poder se aproximar deles, que julgamos pessoas muito acima das nossas capacidades, mas que se portam como seres humanos comuns que dão espaço para a admiração e retribuem o ato sem rodeios.

Pelo que me parece, entre os caras Vettel é o cara.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Massa na Williams - mais alívio e muito estímulo

No mesmo final de semana em que anunciou a sua saída da Ferrari, Felipe Massa disse estar aliviado. A declaração soou menos importante do que a incerteza a respeito do seu futuro na categoria. De Bernie Ecclestone veio outra declaração que deixou um pouco mais de limão azêdo na imagem do pilôto. Disse Bernie que Massa é um cara azarado.

Diria que, para o azar de Bernie, não apenas Massa achou seu novo caminho para permanecer na categoria, como também inverteu um jogo. Agora é Maldonado quem vai precisar de sorte pois tem o dinheiro mas não tem a garantia de que este será aceito na Lotus, tanto que ainda não confirmou a entrada na equipe. Em curto prazo o que pareceu ser fim de carreira se tornou um recomeço estimulante para Massa. Acabou o azar e aumentou o alívio pelo fim da pressão e incerteza na Ferrari, e isso tudo certamente se carateriza como um estímulo muito merecido e bem vindo.

Se as ansiedades já são coisa do passado, o que interessa agora é o que vem pela frente. Um dia desses quando se anunciou a negociação de Maldonado com a Lotus e, por conta disso, um caminho aberto para Massa, fiz um questinamento a respeito desses dois. Quem será mais pilôto, Massa ou Maldonado? Quem terá o melhor carro em 2014, Williams ou Lotus?

A respeito dos pilôtos fico com Massa, e a respeito dos carros fico com a Williams, muito embora essa questão em particular deva ser comprovada na pista na próxima temporada. Acho que se Maldonado conseguir permanecer na categoria, corre o sério risco de precisar da sorte na mesma medida do azar que Bernie atribuiu a Massa.

A Williams é uma equipe com uma tradição de vitórias com grandes feras da pilotagem, e a ultima da categoria que iniciou nas mãos de um garagista que ainda está no comando. Fora isso há as questões internas que em determinados momentos são guardadas como segredos. A temporada de 2013 foi tão desastrosa para a equipe que nada impede que tenham literalmente desistido do projeto do atual bólido já no inicio da temporada e concentrado os maiores esforços no próximo carro que deverá atender regras que dão fim ao favoritismo. Ninguem hoje pode dizer quem terá o melhor carro em 2014 e não há nada que impeça que a Williams volte a ser frequente visitante dos pódiuns. Não será surpresa ver no ano que vem equipes de meio de pelotão disputando com outras que foram mais rápidas nesse ano.

E a Williams não pára na renovação dos pilôtos. A equipe promete o anuncio de mais novidades, uma delas a possivel contratação de Rob Smedley, engenheiro de Massa na Ferrari.

Tudo no plano das suposições por enquanto, mas dentro das reais possibilidades. E com um ingrediente a mais que pode arrancar alguns sarcásticos sorrisos dos torcedores brasileiros - um possivel momento de disputa na pista entre Massa e Alonso. Será que numa cena dessas o engenheiro do espanhol diria pelo rádio 'Massa is faster than you' ?

Parabéns Massa.

E bôa sorte.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

20 anos depois de Senna continuamos com a tv ligada. E continuaremos.



Hoje completam-se 20 anos que Ayrton Senna ganhou a sua última corrida na F1. Venceu a última prova do calendário em Adelaide na Austrália pela McLaren. Atrás dele terminaram as duas Williams, com Prost em segundo e o seu futuro companheiro de equipe em 1994, Damon Hill, em terceiro. O companheiro de Senna, Mika Hakkinen, terminou em quarto, apenas poucos centésimos atrás de Michael Schumacher.

Vinte anos depois desse episódio estamos diante da possibilidade de não termos um brasileiro na F1 em 2014, muito embora Massa mereça, e muito, uma chance para prosseguir em outra equipe. Dois cenários que contrastam de forma impressionante.

A verdade é que o brasileiro ainda não perdeu o interesse pela categoria e nem perderia se tivéssemos um ano sem um brasileiro. Passaram-se 20 anos sem vitórias em sequencia e continuamos plugados na telinha. Criticamos o show tecnológico atual mas não desligamos a tv nem mudamos de canal. Criticamos o Galvão, até mesmo com faixas nada elegantes nas arquibancadas, mas continuamos assistindo. Criticamos o Massa mas agora torcemos para ele permanecer.

Só para relembrar, Emerson Fittipaldi foi muito ciriticado pela ausencia de vitórias na sua equipe e me lembro bem que muita gente disse que ele amarelou quando deixou o cockpit. Mas foi festejado como herói na Indy pelas mesmas pessoas que alguma vez o criticaram.

Aconteça o que acontecer, o nosso interesse pela F1 já está muito sedimentado e não deixaremos de acompanhar as corridas. Senna não é o único responsável por isso mas sem dúvida foi ele quem deixou viva na mente do brasileiro a expectativa de vitórias a serem festejadas e comentadas o dia todo. Não se deve esquecer que o nosso futebol já passou por situação similar depois de ter alcançado uma, até hoje muito importante, distinção. Voltamos a ver o nosso futebol no topo. Podemos esperar o mesmo na F1?