Se o dia de hoje é triste para o
kartismo nacional, para mim é mais triste ainda. Em 3 semanas perdi
3 amigos. Primeiro o Paulo Costa, conforme notifiquei nesse post. Hoje pela manhã recebi o telefonema de uma amiga da minha mãe me
notificando do falecimento do seu marido, Pedro Rocha, que trabalhou
com o meu pai no final dos anos 1950 no Laboratórios Squibb.
Compareci ao velório e após o sepultamento seguimos para a casa
dele numa reunião de família afim de quebrar o clima triste durante
um lanche e muitas conversas.
Foi quando recebi um telefonema do Jan
Balder me informando que o Tchê havia falecido. A minha cabeça deu
hoje uma volta imensa pelo passado. Foi como se eu tivesse revivido
vários sentimentos da minha vida em prazo record.
Tchê é mais lembrado por ter sido a
pessoa responsável pela preparação dos motores do Ayrton no
kartismo nacional, mas trabalhou tambem com muitos outros campeões
que brilharam tambem no automobilismo, como por exemplo, Emerson
Fittipaldi.
Do Tchê, fora a amizade ótima, guardo
uma lembrança como um tipo de fotografia de um momento que virou
registro mental. Num sábado à tarde passei na sua anterior oficina
na Av. Jangadeiro e havia treino da Stock nesse dia. Mesmo tendo o
que fazer ele ficou conversando comigo no fundo da oficina por um
tempão, ao som dos motores roncando no autódromo. O mais típico
ambiente de ofcina para quem adora velocidade.
O Tchê era um cara especial. Falava de
tudo, era um poço de lembranças do kartismo, e estava sempre pronto
a explicar algo a alguem sobre motores, pista ou hitórias. Comecei a
contar as suas hitstórias mas infelizmente isso se resumiu ao
primeiro e único post, aqui neste link. Não tive condições de continuar a empreitada e perdi uma
incrivel oportunidade de registrar um monte de coisas sobre a vida
dele. Falar com ele era coisa que voce poderia fazer por horas sem se
cansar, e ele também. Tinha o peculiar hábito de realçar
determinados pontos da conversa com os olhos. Por isso escrevi certa
vez que ele falava com os olhos sobre as suas passagens das quais
guardava detalhes minuciosos.
Perdi um amigo, num final de semana
incrivelmente triste. Tenho um a menos para conversar e me sinto um
pouco mais afastado das coisas que eu valorizo na vida.
A foto do post é minha, na oficina do
Tchê. O motor é o último motor que ele preparou para Ayrton Senna
antes dele seguir para a sua carreira na Europa.
Como muito bem disse o Jan hoje, a fila
está andando. Eu apenas gostaria que ela andasse bem mais devagar.
Dessa vez foi quase a jato.