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domingo, 26 de abril de 2015

Lúcio Pascual Gascòn - o Tchê



Se o dia de hoje é triste para o kartismo nacional, para mim é mais triste ainda. Em 3 semanas perdi 3 amigos. Primeiro o Paulo Costa, conforme notifiquei nesse post. Hoje pela manhã recebi o telefonema de uma amiga da minha mãe me notificando do falecimento do seu marido, Pedro Rocha, que trabalhou com o meu pai no final dos anos 1950 no Laboratórios Squibb. Compareci ao velório e após o sepultamento seguimos para a casa dele numa reunião de família afim de quebrar o clima triste durante um lanche e muitas conversas.

Foi quando recebi um telefonema do Jan Balder me informando que o Tchê havia falecido. A minha cabeça deu hoje uma volta imensa pelo passado. Foi como se eu tivesse revivido vários sentimentos da minha vida em prazo record.

Tchê é mais lembrado por ter sido a pessoa responsável pela preparação dos motores do Ayrton no kartismo nacional, mas trabalhou tambem com muitos outros campeões que brilharam tambem no automobilismo, como por exemplo, Emerson Fittipaldi.

Do Tchê, fora a amizade ótima, guardo uma lembrança como um tipo de fotografia de um momento que virou registro mental. Num sábado à tarde passei na sua anterior oficina na Av. Jangadeiro e havia treino da Stock nesse dia. Mesmo tendo o que fazer ele ficou conversando comigo no fundo da oficina por um tempão, ao som dos motores roncando no autódromo. O mais típico ambiente de ofcina para quem adora velocidade.

O Tchê era um cara especial. Falava de tudo, era um poço de lembranças do kartismo, e estava sempre pronto a explicar algo a alguem sobre motores, pista ou hitórias. Comecei a contar as suas hitstórias mas infelizmente isso se resumiu ao primeiro e único post, aqui neste link. Não tive condições de continuar a empreitada e perdi uma incrivel oportunidade de registrar um monte de coisas sobre a vida dele. Falar com ele era coisa que voce poderia fazer por horas sem se cansar, e ele também. Tinha o peculiar hábito de realçar determinados pontos da conversa com os olhos. Por isso escrevi certa vez que ele falava com os olhos sobre as suas passagens das quais guardava detalhes minuciosos.

Perdi um amigo, num final de semana incrivelmente triste. Tenho um a menos para conversar e me sinto um pouco mais afastado das coisas que eu valorizo na vida.

A foto do post é minha, na oficina do Tchê. O motor é o último motor que ele preparou para Ayrton Senna antes dele seguir para a sua carreira na Europa.
Como muito bem disse o Jan hoje, a fila está andando. Eu apenas gostaria que ela andasse bem mais devagar. Dessa vez foi quase a jato.

Um comentário:

Zé Clemente disse...

Muito legal Tala. A Sênior está de parabens pela manifestação. O Paulão era um cara à parte e merece as devidas reverencias.