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quarta-feira, 18 de março de 2009

Pai. Seis anos sem.

Meu pai e minha mãe em Campos do Jordão. Início dos anos 80.

Ontem (17/03) fêz 6 anos que meu pai se foi. Foi numa segunda-feira que fui acordado às 4:30 da manhã, chamado pelo hospital. Foi uma semana altamente estressante conforme eu comentei num post anterior. Práticamente não consegui fazer nada, o que atrasou bastante o meu trabalho. Quem foi uma companheira naquêles dias foi a Helena. Deu uma fôrça valiosa. E para ao meu pai foi bom porquê êle gostava dela.


Mas num domingo, tendo um atraso dos diabos no trabalho, vim para casa à noite para realizar o que me estava sendo cobrado. Vim mais cêdo para casa e o meu pai foi para outra mais cêdo do que eu gostaria. Assim que o hospital me ligou, eu chamei o serviço funerário que havia contratado. Êles me pediram que providenciasse certos documentos para levar no serviço funerário do município antes das 6 da manhã. A razão eu não me lembro, mas também não faz a menor diferença. Havia acabado tudo no mesmo hospital onde ele foi tratado por vários anos, e também o mesmo que diagnosticou o mal. Quando voltei para casa, o sol já estava de plantão. É engraçado como o sol tem um brilho diferente nesses dias. Sem graça. Fui pegar roupas, ligar para Deus e o mundo e aguardar o chamado para liberação do côrpo, o que se deu mais ou menos ao meio dia. Aqui vem uma parte bem desagradável. Você tem que fazer o reconhecimento. Precisa ser formal.

Fomos para o cemitério onde era aguardado o velório. Finalmente a expectativa tinha acabado e pudemos descansar um pouco. Os amigos mais chegados dêle estavam lá. Familiares nenhum além da minha mãe e eu. Como tudo tem a possibilidade de sair errado, naquele dia ocorreu uma coisa que ficou tragicômica. Naquelas tabulêtas onde o nome do falecido aparece, indicando a sala do velório, datas e tudo mais, havia um êrro grave. Ao olhar para a tal tabulêta chamei um funcionário e disse-lhe o que segue:

- Cara, aquêle ali sou eu. Quem morreu foi o meu pai!
O sujeito não sabia onde enfiar a cara e nem o resto do côrpo. Haviam colocado o meu nome lá. E ainda por cima errado pois misturaram o nome do meu pai com o meu. Não é coisa de se estranhar num país onde a maioria não lê nem ao menos Tio Patinhas. Como não valia a pena sob nenhum aspecto uma discussão, eu mesmo tratei de transformar o momento em gozação. Sim, o velório do meu pai teve ao menos um breve momento sem tristeza. Mais tarde vem a hora mais difícil que não é preciso dizer qual. A minha mãe nem quiz assistir e voltou para o carro. Ponto final. Está definitivamente encerrado. Volta para casa e com uma sensação de impotência que não há como descrever.

Levou algum tempo para me acostumar. Mas a vida funciona assim mesmo. Tem coisas sobre as quais não temos nenhum contrôle. Aliás, depois dessa passei a pensar que controlamos apenas algumas pouquíssimas coisas.


Na foto, do início dos anos 80, meu pai e minha mãe em Campos do Jordão. Apesar da vida dura que têve, após a aposentadoria êles tiveram um bom tempo de satisfação, com viagens para muitos lugares, muitas delas em camping´s. Afim de reverenciar a memória do pai, fica sendo este post o último da semana. Novos só na próxima.

2 comentários:

Anônimo disse...

PAI.20 ANOS SEM...

NÃO EXISTE UM SÓ DIA QUE NÃO PENSO NO MEU QUERIDO PAI!
QUE SAUDADES! QUANTAS INDAGAÇÕES SEM AS SÁBIAS RESPOSTAS E AS DOCES EXPLICAÇÕES...
FELIZES SOMOS NÓS QUE TIVEMOS PESSOAS TÃO ESPECIAS A NOSSA VOLTA COMO FORAM NOSSOS PAIS!
CYNTHIA

Anônimo disse...

Sabe Cynthia, agora que estou lendo o teu comentário, me veio à cabeça um detalhe. É normal que o ser humano tenha grande dificuldade de lidar com perdas desse tipo. E veja só. Nós dois declaramos ha quanto tempo estamos sem pai. Na verdade seria melhor que disséssemos quanto por quanto tempo o tivemos. Mas isso é uma coisa humana mesmo. As perdas acabam tendo um pêso muito grande sobre outras coisas porque encerram o capítulo sem possibilidade de ser reescrito.
É a vida. Ela funciona assim mesmo

Abraço
Zé Clemente