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domingo, 19 de abril de 2009

Rubens, Nelsinho, Bruno.

No Brasil há um clube enorme de apaixonados pela F1 que são ufanistas também. É uma das razões que faz com que esses mesmos torcedores metam o pau sem parar em Rubens Barrichello. Mas preferências apaixonadas não são racionais.
Nesse fim de semana Vettel mostrou o que pode fazer na chuva, assim como mostrou o mesmo no ano passado em Monza. Mostrou que compreende bem o carro que tem e que fez uso de tôda potencialidade dêle. Parabéns. Merece a glória.

Mas como aqui via de regra a torcida é sempre pelos brasileiros, seguem alguns comentários sobre esses três pilôtos e algumas frases suas.

Barrichello.
Bastou não ter ganho nenhuma prova em 2009 e já estão falando que será mais uma passagem pela F1 que terminará sempre atrás do companheiro de equipe. Francamente eu acho esse tipo de comentário altamente impróprio e tendencioso. Na abertura do campeonato êle já fez pódium, o que eu considero digno do proveito que êle conseguiu tirar da máquina que tem. Para quem sempre terminava atrás do décimo colocado êle têve o seu momento de mostrar que sabe pilotar, ao contrário do que muita gente fala. Aliás, mesmo com as críticas remanescentes, desapareceram os que acham que êle deve se aposentar. Nesse mesmo GP Rubens perdeu uns pedaços do polêmico difusor do seu carro e mesmo assim andou num ritmo forte embora um pouco mais baixo que o companheiro Button. Na segunda prova terminou em quinto após uma penalização que o fêz largar em oitavo. Deveria ter largado em terceiro e se assim fôsse o resultado final com certeza seria diferente. Na prova de hoje os dois carros da equipe largaram atrás de 3 motores Renault. Optou por largar com bastante gasolina o que claramente faz muita influência na relação pêso x potência. Mas a classificação se deu em com êle em quarto lugar em tempo sêco, enquanto que a corrida se deu inteiramente na chuva. Fora isso alegou problemas no freio de uma das rodas. Qualquer um é capaz de compreender a dificuldade de se frear na chuva, mais ainda num carro de F1. No final acabou em quinto com Button uma posição à sua frente. Os fanáticos ufanistas diriam que mais uma vez êle não ganhou a corrida. Engraçado, o Button também não ganhou. Nem foi ao pódium dessa vez.

No site Grande Prêmio se lê a seguinte declaração de Barrichello:
"Mas conseguimos levar o carro até o fim nessas circunstâncias difíceis. Marcamos os pontos que nos eram possíveis. Por isso, temos de ficar felizes com isso"

Acho que ele está correto.

Nelson.
Numa entrevista no ano passado concedida à Globo, tanto Barrichello quanto Massa foram enfáticos ao dizer que a primeira coisa que Nelson Ângelo Piquet deveria fazer é se concentrar no aprendizado no seu primeiro ano de F1. O primeiro ano já se foi e é comum que se dê uma aceitação ao pilôto principiante em relação aos maus resultados. Apenas um pódium inesperado e uma briguinha momentânea na pista com Hamilton, fizeram muitos pensar que Nelson poderia ter definitivamente encontrado o caminho. Mas o que se sucedeu na sequência apagou essa impressão. Em 2009 Nelsinho passa por um situação bem conhecida pelo seu pai. Mudanças na engenharia do carro. Nelson pai foi um dos pilôtos de F1 que experimentou um grande número de variações de engenharia durante tôda a sua carreira. E se adaptou à todas elas. Na Austrália Nelson Ângelo classificou em 14o., quatro posições atrás de Alonso e não terminou a prova numa rodada solitária. Na Malaysia classificou em 18o., dessa vêz 9 posições atrás de Alonso. Na China foi pior ainda. Largou em 17o. enquanto que Alonso largou em segundo. O espanhol foi mal e terminou em 9o., enquanto que Nelson foi o último colocado 2 voltas atrás do ponteiro.

Recentemente ele declarou que não pode dar ouvidos à tudo que Briattore diz. Na entrevista deixou evidente que não tem uma boa relação com o chefe. Um problema político complicado. Também diz que não tem o mesmo carro que Alonso e que a equipe dá a este muita atenção, da qual ele quer uma fatia maior. Se a equipe tem um principiante ao lado de um bi-campeão, vai mesmo dar mais atenção ao segundo. E o principiante precisa dar motivo claro para contestações. E daqui do lado de fora esses motivos não apareceram até agora. Será que essa diferença de atenção tem como resultado dois carros diferentes demais?
Na frase seguinte sobre o GP da China deixa claro que não quer nem saber de chuva, condição de pista na qual ele deu alguns prejuízos materiais para a equipe, sem contar a performance bem abaixo do companheiro de equipe.

"Foi um final de semana decepcionante, mas eu agora penso no Bahrein, onde espero que tenhamos uma corrida no seco e algum desenvolvimento em nosso carro."

E o chefe Briattore está sim concentrado no único pilôto que consegue usar o potencial do carro, conforme a frase abaixo:

"Já nesta semana nós vimos um grande esforço da equipe aqui em Xangai e na fábrica para proporcionar melhorias ao carro de Fernando."

Pode ser que continue na F1, mas estou achando difícil que esteja na Renault em 2010 se considerarmos o que se viu até agora.

Bruno.
Tanto o teste que Bruno fêz na Brawn como a contratação de Barrichello em seu lugar fazem muito sentido. Bruno precisa começar em algum lugar. Aquêle que estiver disponível. Principalmente nos dias de hoje onde as chances são escassas a Brawn seria uma possibilidade. A F1 é um clube fechadíssimo e qualquer porta que se abre deve ser considerada. Mas a contratação de Barrichello não o desmerece. Senna nunca disputou uma prova de F1. A Brawn, mesmo na condição de favoritismo de hoje, não está em condições de desperdiçar esforço e um principiante é uma incógnita indesejável. Como êle não quer mais correr na GP2 e não conseguiu vaga na F1, foi testar pela Mercedes no DTM. E segundo o site autoesporte, desistiu da categoria alegando estar interessado apenas em F1. Nisso êle parece ter herdado uma coisa do tio. Obstinação. Sabe sim o que quer para a sua carreira de pilôto. E além disso, como ainda não foi contratado por ninguém e é um pilôto muito jovem, sabe que a sua oportunidade chegará. Tanto por isso quanto pelo pêso do seu sobrenome.

Uma pessôa que o tem nas intenções é o dono da Force India, Vijay Mallya, que numa entrevista para o Observer disse que Fisichella está no final da carreira e que não deve estar na F1 em 2010. Mallya tem interêsse nos jovens que querem ingressar na F1 e além disso usa o motor Mercedes, empresa pela qual Bruno correria no DTM. Meu palpite é que Bruno confia muito em informações que ele tem dos times da F1 e que essas tais informações estão ligadas à Mercedes. Não vou estranhar se ele aparecer na F1 num carro equipado com êsse motor. Mas e se a Renault lhe fizer um convite?

Eu não iria. Não é apenas o regulamento que está mudado. Jan Todt já foi para casa antes de Shummacher, assim como Ron Dennis, e não tardará para que Briattore faça o mesmo. A Force India está nascendo e com planos a longo prazo. Por esses parâmetros seria um bom local para começar.

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