fragmentos do livro de Jan Balder e comentários do Amigos Velozes.
Em 1960 eu era uma criança de 5 anos. O Brasil vivia um momento especial da sua história. Muitas coisas mudariam nessa década. Uma importante revista foi lançada nesse ano - a Revista 4 Rodas. Quando eu a vi pela primeira vez (não me lembro mais em que ano foi), constatei que na última página havia uma reportagem sobre competições. A partir daí eu adquiri uma mania que conservo até hoje. Sempre começo a ler essa revista pela última página. É impressionante o poder de sedução que um carro de corridas tem sobre uma criança. Aquilo parece uma coisa majestosa, poderosa, com uma beleza especial, um tipo de harmonia que não dá para descrever. Eu nem imaginava nomes como Bird Clemente, Chico Landi, Camilo e tantos outros, mas de alguma forma me conectei pela primeira vez na vida com uma idéia que jamais abandonou os meus pensamentos - a velocidade.
No segundo capítulo do seu livro, Jan Balder fala de um automobilismo e de um Brasil diferente daquele dos anos 50. As fábricas entraram no jogo.
A Simca começava com uma equipe romântica, de apaixonados pela velocidade, mas estreante e sem vivência no automobilismo. Por isso Pasteur contratou dois especialistas na área - primeiro Ciro Cayres, e, mais tarde, Francisco Landi -, que assumiram a chefia de um departamento específico para competições.
Nessas Mil Milhas de 1960, a fábrica DKW entrou com três carros totalmente brancos, sem nenhuma menção ao nome da empresa, ao passo que a revenda DKW-Serva Ribeiro aparecia na cor bege, novamente com Eugênio Martins, que convidou Bird Clemente para o lugar de Christian `Bino` Heins. `Bino`, um dos maiores ídolos da nova geração, fora correr de Alfa Romeo JK em dupla com Francisco Landi, sob o comando de Amilcar Barone. Christian Heins e Chico Landi acabram vencedores das famosas Mil Milhas, a primeira vitória de um veículo de produção brasileira.
As três fábricas envolvidas até então - DKW, Simca e FNM-JK - competiam com os seus modelos originais enquadrados no regulamento internacional da FIA e cada qual vencia na sua categoria. O grande desafio eram as Mil Milhas, com seu regulamento distinto liberando a preparação dos carros. A prova fez com que as fábricas passassem a confeccionar veículos específicos, especialmente a DKW Vemag e a Simca, para enfrentar as carreteras.
Nós já tínhamos um autódromo, pilotos e mecanicos, um Automóvel Clube, uma revista especializada e uma corrida de longa duração que durante muitos anos foi a nossa mais genuína disputa automobilística. Tanto que as fábricas se empenharam em derrotar as poderosas carreteras nessa prova de resistência e coragem. Um carro que vencia as Mil Milhas tinha um importante significado. Ninguem andaria nas ruas com uma carretera, mas compraria em uma revenda um carro que vencera aquela prova. Um bom martketing, sem dúvida.
A década de 1960 trouxe muitas mudanças importantes no país. Uma delas a da capital federal. Outra que deu seus primeiros passos em 1958 foi o mais incrível movimento musical brasileiro, a Bossa Nova que em 1962 foi ouvida no Carnegie Hall. O jazz foi tropicalizado. E tão bem que Stan Getz gravou com João Gilberto ´Garota de Ipanema´ e o estilo disseminou pelo planeta.
Um paulistano bom de briga teve uma trajetória análoga à do futuro campeão Émerson. Nos Estados Unidos, em 1962, pela primeira vez um brasileiro se sagrava campeão mundial de box, categoria peso galo. Éder Jofre nocauteou o mexicano Eloy Sanchez no 6o. assalto e ganhou o título mundial pela NBA (National Box Association) que mais tarde viria a ser designada WBA. Anos mais tarde teve uma breve aposentadoria e depois retornou à modalidade mas em outra categoria onde também se tornou campeão - peso pena.
O Brasil era outro. Estávamos deixando de ser os provincianos de sempre. Ao mesmo tempo o romantismo da Bossa Nova, a corrida nacional mais importante, o nosso futebol campeão e o nosso boxeador de esquerda matadora, nos colocavam em uma outra esfera, na qual tínhamos orgulho e respeito pelo que nós mesmos éramos. No automobilismo uma nova geração desafiava os tradicionais V8 importados, pilotando carros fabricados aqui mesmo.
Em 1960 eu era uma criança de 5 anos. O Brasil vivia um momento especial da sua história. Muitas coisas mudariam nessa década. Uma importante revista foi lançada nesse ano - a Revista 4 Rodas. Quando eu a vi pela primeira vez (não me lembro mais em que ano foi), constatei que na última página havia uma reportagem sobre competições. A partir daí eu adquiri uma mania que conservo até hoje. Sempre começo a ler essa revista pela última página. É impressionante o poder de sedução que um carro de corridas tem sobre uma criança. Aquilo parece uma coisa majestosa, poderosa, com uma beleza especial, um tipo de harmonia que não dá para descrever. Eu nem imaginava nomes como Bird Clemente, Chico Landi, Camilo e tantos outros, mas de alguma forma me conectei pela primeira vez na vida com uma idéia que jamais abandonou os meus pensamentos - a velocidade.
No segundo capítulo do seu livro, Jan Balder fala de um automobilismo e de um Brasil diferente daquele dos anos 50. As fábricas entraram no jogo.
A Simca começava com uma equipe romântica, de apaixonados pela velocidade, mas estreante e sem vivência no automobilismo. Por isso Pasteur contratou dois especialistas na área - primeiro Ciro Cayres, e, mais tarde, Francisco Landi -, que assumiram a chefia de um departamento específico para competições.
Nessas Mil Milhas de 1960, a fábrica DKW entrou com três carros totalmente brancos, sem nenhuma menção ao nome da empresa, ao passo que a revenda DKW-Serva Ribeiro aparecia na cor bege, novamente com Eugênio Martins, que convidou Bird Clemente para o lugar de Christian `Bino` Heins. `Bino`, um dos maiores ídolos da nova geração, fora correr de Alfa Romeo JK em dupla com Francisco Landi, sob o comando de Amilcar Barone. Christian Heins e Chico Landi acabram vencedores das famosas Mil Milhas, a primeira vitória de um veículo de produção brasileira.
As três fábricas envolvidas até então - DKW, Simca e FNM-JK - competiam com os seus modelos originais enquadrados no regulamento internacional da FIA e cada qual vencia na sua categoria. O grande desafio eram as Mil Milhas, com seu regulamento distinto liberando a preparação dos carros. A prova fez com que as fábricas passassem a confeccionar veículos específicos, especialmente a DKW Vemag e a Simca, para enfrentar as carreteras.
Nós já tínhamos um autódromo, pilotos e mecanicos, um Automóvel Clube, uma revista especializada e uma corrida de longa duração que durante muitos anos foi a nossa mais genuína disputa automobilística. Tanto que as fábricas se empenharam em derrotar as poderosas carreteras nessa prova de resistência e coragem. Um carro que vencia as Mil Milhas tinha um importante significado. Ninguem andaria nas ruas com uma carretera, mas compraria em uma revenda um carro que vencera aquela prova. Um bom martketing, sem dúvida.
A década de 1960 trouxe muitas mudanças importantes no país. Uma delas a da capital federal. Outra que deu seus primeiros passos em 1958 foi o mais incrível movimento musical brasileiro, a Bossa Nova que em 1962 foi ouvida no Carnegie Hall. O jazz foi tropicalizado. E tão bem que Stan Getz gravou com João Gilberto ´Garota de Ipanema´ e o estilo disseminou pelo planeta.
Um paulistano bom de briga teve uma trajetória análoga à do futuro campeão Émerson. Nos Estados Unidos, em 1962, pela primeira vez um brasileiro se sagrava campeão mundial de box, categoria peso galo. Éder Jofre nocauteou o mexicano Eloy Sanchez no 6o. assalto e ganhou o título mundial pela NBA (National Box Association) que mais tarde viria a ser designada WBA. Anos mais tarde teve uma breve aposentadoria e depois retornou à modalidade mas em outra categoria onde também se tornou campeão - peso pena.
O Brasil era outro. Estávamos deixando de ser os provincianos de sempre. Ao mesmo tempo o romantismo da Bossa Nova, a corrida nacional mais importante, o nosso futebol campeão e o nosso boxeador de esquerda matadora, nos colocavam em uma outra esfera, na qual tínhamos orgulho e respeito pelo que nós mesmos éramos. No automobilismo uma nova geração desafiava os tradicionais V8 importados, pilotando carros fabricados aqui mesmo.
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