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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Nos Bastidores do Automobilismo Brasileiro (10)

fragmentos do livro de Jan Balder e comentários do Amigos Velozes.

O título do livro de Jan inclui uma pergunta que até então ninguem havia formulado: ´Porque tantas vêzes campeão?´.

Responde-la é uma tarefa não tão simples assim e engloba um certo número de atos no palco das nossas competições automobilísticas. Um dos ítens que faria parte da resposta é o fato de que determinadas pessoas estiveram no lugar certo e na hora certa. Houve um contexto que favoreceu o crescimento do automobilismo na década de 1960. Um dos acréscimos no esporte foi a Fórmula V que era uma opção barata de monoposto com mecânica Volkswagen 1200. A sua criação era uma idéia defendida pela revista Auto Esporte.


A trajetória natural da carreira do piloto, começando pelo kart, passando pelos carros de turismo das fábricas e chegando a um pequeno fórmula, com componentes Volkswagen, tornou-se uma realidade no Brasil, e boa parte da jovem guarda aderiu à nova categoria.

Surgiram alguns fabricantes caseiros, com destaque para o Fitti-Vê e o Aranae. Alexandre Guimarães importou um modelo austríaco e o copiou no Brasil. Batizado de Aranae, o projeto era um monoposto com cockpit largo, chassi tubular, suspensão dianteira VW e traseira com dois tensores paralelos de cada lado e molas espirais com amortecedor interno. O Fitti-Vê, por sua vez, era mais estreito, com o chassi tubular criado pelo Wilson Fittipaldi Jr. em parceria com o funileiro Francisco Picciutto, um artista na condução do martelo. O designer Anísio Campos também aderiu à novidade, fabricando um único modelo. Surgiu um bom número de monopostos de Fórmula Vê.

Antes da fórmula Vê houve muitas tentativas frustradas de criar uma categoria de monopostos verdadeiramente nacionais: a Fórmula Jr., com motor de 1,0, a Fórmula Gordini, que não saiu do papel, e a sonhada Fórmula Brasil de até 2,0 litros, que ensaiou alguns passos também sem resultados positivos.

Esses “charutinhos” nacionais fizeram poucas corridas. Sobrevivia apenas a categoria da mecânica nacional com híbridos monopostos, mesclas de antigos carros importados da Fórmula 1 com motores adaptados, a maioria deles acima de 3,0 litros, que pelo alto investimento estavam com os dias contados.


O relato do livro prossegue com mais detalhes, mas o que foi acima transcrito mostra um panorama do nosso automobilismo da época na categoria de monopostos. Sem uma categoria como a Fórmula Vê, os pilotos seriam obrigados a gastar muito mais dinheiro e os grids poderiam ficar resumidos a alguns bolsos bem recheados. Isso porque nesse período as fábricas não se interessavam mais pelas competições. A própria Volkswagen seguia a sua política de não se envolver diretamente, embora tenha dado um apoio muito pequeno, forncendo peças a custo diferenciado para as equipes de F Vê. Nessa época uma marca de lubrificantes já acompanhava os irmãos Fittipaldi e ficou bem marcada na memória de tôdos: Bardahl. Poucos anos depois o capacete de Émerson Fittipaldi mostrava na Europa uma frase curiosa: “Café do Brasil”, escrito logo acima da bandeira brasileira.

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