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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Rio de Janeiro - será que vão derrubar o Cristo também?



No blog do Flávio Gomes um post de hoje cita uma página antiga do GP Total onde há uma matéria com fotos exclusivas sobre testes de pneus na F1 em Jacarépaguá. Tanto o texto como as fotos são de Antônio Carlos Smith Coutinho. Nas fotos se vê uma F1 muito diferente da atual num lindo autódromo localizado precisamente no cartão postal turístico brasileiro, a cidade maravilhosa.

Duas imagens dessa matéria são de fato singulares. Mostram os boxes com um design único nas pistas de competição brasileiras. Uma forma individual que torna aquele autódromo distinto de todos os outros. Outra visão que impressiona é a geografia local. Os montes que aparecem rodeando o autódromo dão o toque final na beleza do cenário e realçam a sensação agradável de se estar rodeado pela natureza majestosa, que é capaz de trazer paz de espírito fazendo contraponto com a música poderosa dos motores. No final tudo acaba aparecendo como uma festa ao ar livre, uma espécie de Woodstock brasileiro da velocidade.

No mesmo momento em que escrevo esse post, ouço Copacabana na interpretação de Dick Farney, o cara da voz de veludo. E assim vou lembrando que o Brasil é cheio de cores, de altos, baixos, de muita gente, muita música, muita festa, muito espaço, muito cenário, muita poesia.

Esse autódromo, que embora não tenha a distinção que tem Interlagos na nossa história, foi mais um cartão de visitas brasileiro, o qual será riscado das nossas vistas e se tornará apenas lembrança. As nossas músicas sempre existirão porque não podem ser simplesmente evaporadas da nossa cultura. Mas a nossa iconografia vai sendo aos poucos mandada para a vala do desprezo e esquecimento. Aqui nós refazemos o que já está pronto e vamos de pouco em pouco transformando a nossa identidade. São Paulo é um bom exemplo disso, cidade que jamais está pronta. No Rio falta apenas derrubar o Cristo Redentor. O autódromo já vai dando adeus à platéia.

Como cantou Elis Regina,

é pau, é pedra, é o fim do caminho

é um resto de toco, é um pouco sózinho

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