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domingo, 1 de agosto de 2010

Michael Schumacher no GP da Hungria - Caráter não se discute

Quem não se lembra, ou eventualmente nunca viu, neste link do youtube - http://www.youtube.com/watch?v=6sDtn8QnpFg - vai encontrar a antológica batalha na F1 entre Gilles Villeneuve e Renè Arnoux em Dijon Prenoir em 1979. Disputa duríssima e emocionante que ao final gerou a admiração mútua dos dois pilotos. E a admiração se deve tambem pelo carater de conduta essencialmente esportiva da parte dos dois. Foi um dia histórico na F1.

Mas hoje vimos uma situação muito diferente dessa na Hungria, patrocinada por uma atitude de total anti-profissionalismo de Michael Schumacher. É um grande piloto porque ninguem ganha 7 campeonatos de F1 se nao for grande piloto. Mas precisamente por isso deve mostrar na pista uma atitude de esportista e aí eu digo que Schumi mostrou hoje que não é esportista no melhor da expressão.


Falam muito de Rubens no Brasil, e falam autenticos absurdos. A maioria das pessoas não tem a menor ideia do que significa ao menos pilotar um pneu slick e nem imaginam o que é pilotar isso num F1.

Rubens, ao contrário do que muita gente diz, está num excelente momento da sua vida de piloto. Amadureceu em todos os sentidos e carrega dentro do cockpit a bagagem de quem é recordista absoluto de participações na categoria. Ninguem fica tanto tempo na F1 e tem contrato renovado porque é mal piloto. É justamente pelo oposto disso que continua na categoria.

Me lembro como se fosse hoje o dia em que na hora do almoço, vi no noticiário a contratação de Rubens pela Ferrari. Comentei com um amigo que não via aquilo com bons olhos e que ele acabaria sendo submetido à hierarquia. O resto é história.

Tem pessoas cuja vida demora para lhe dar as chances de mostrarem a que realmente vieram. E hoje vemos um Rubens motivado, experiente, profissional, veloz, e em perfeitas condições de executar a sua tarefa de piloto sem altos e baixos de performance.

Para quem está habituado a criticar as suas declarações, atualmente ouvimos dele frases curtas, diretas e que mostram que são proferidas por uma pessoa amadurecida e que não carrega mágoas e vive o presente da melhor forma.

Na corrida da Hungria ficou bem claro aos olhos de todo o público de F1 mundo afora, que Michael Schumacher tem uma diferença pessoal com Rubens no sentido mais negativo do termo. Grandes campeões estão sujeitos a manifestações emocionais não recomendadas, mas no caso de Schumi não é a sua estrutura emocional que entrou em ação e sim o seu caráter.

Desde que êle retornou à categoria eu tenho afirmado que as razões da sua permanencia na Mercedes F1 são o desenvolvimento do carro, referencial interno da equipe para Rosberg, e causar sensação em todo o público de F1. Acho chato e esquisito quando a emissora local, a Globo, bate sempre na mesma tecla dizendo que Schumi está se divertindo. Rubens tambem está, assim como Vettel e Bruno Senna. Mas são todos eles profissionais que precisam prestar contas ao patrão. Ninguem no mundo recebe uma bolada para se divertir. Diversão é coisa que fazemos às nossas expensas apenas.

Hoje, Nico Rosberg ficou fora da corrida por conta de um problema interno que nem foi ele quem causou e restou à Mercedes o piloto com menos resultados na temporada. Não acredito de forma alguma que a equipe tenha lhe pedido algo espetacular na pista afim de que o carro prata fosse notado no mundo todo.

E a atitude de Schumacher no final da prova foi uma demonstração de que para ele profissionalismo é uma coisa circunstancial. Que ele se acha no direito de tomar atitudes fora do padrão profissional porque no passado foi a estrela da categoria. Ele mostrou para o mundo que mesmo estando em outra equipe diferente de Rubens, as suas diferenças pessoais com o brasileiro persistem, a ponto de colocar em risco os dois carros e os dois pilotos no final da prova.

Quiz mostrar que Rubens não é capaz de ultrapassa-lo e que se tentar correrá riscos. E aí está um ponto em que justifica-se Bernie Ecclestone chamá-lo numa saleta fechada e lhe perguntar no melhor tom ingles enraivecido se ele está de fato com intenções de continuar na categoria ou se já quer aposentar definitivamente. Não se portou como esportista e se portou de forma anti-profissional.

Caso totalmente oposto de Barrichello que soube ter a paciencia que só a maturidade e a experiencia trazem, para encontrar o momento certo de ultrapassar e fazer isso de forma muito decidida. E mostrar que seja lá quem for Michael Schumacher, é alguem que tem um caráter sujeito a mudanças repentinas.

Lembremos que Schumi não procede dessa forma com os outros pilotos e em certos casos chega a facilitar a ultrapassagem. E aí eu pergunto se uma atitude tão exagerada como essa, não quer significar uma forma de desagrado pelo fato de o brasileiro ainda estar na categoria e bem cotado pelo seu team, e tambem pelo fato de não ter destruído a carreira de Rubens como aconteceu com Irvine no passado. Quero dizer, será que isso não significa uma necessidade extremada de auto afirmação, de manifestação de um poder que na Mercedes ele não tem, como teve na Ferrari?

Como eu costumo dizer, carater não se discute.

2 comentários:

Anônimo disse...

Com o melhor carro e com uma equipe que gastava, o dobro das outras por temporada, GANHA-SE SIM sem ser grande piloto. E se fosse o "fenomeno" que sempre definiram o Michael Schumacher, como é que nao anda mais na frente ? Precisa de uma RED BULL ?
Mario

Zé Clemente disse...

Mário, esta é uma discussão de fato polemica e muito dificil de chegar em conclusão. Voce citou Red Bull. Pois bem, ele precisaria sim de uma Red Bull, assim como Rubens precisaria tambem, assim como Vettel precisa e Schumi precisou de Ferrari no passado, como Senna de McLaren.

Não se vence com carro que não anda, sem que os da frente cometam erros. Alonso foi um exemplo recente. Só ultrapassou porque mandaram Massa abrir.

É muito dificil discutir-se isso. Sei que me exponho ao calor das polemicas.

Abraço
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