Uma semana após a trágica morte do japones Shoya Tomizawa, o mundo da velocidade vai dar mais um espetáculo numa pista histórica onde há 40 anos no mesmo mes de Setembro, faleceu o único campeão póstumo da Formula 1, o austríaco Jochen Rindt.
Não se espera que algo de grave aconteça em Monza e se por acaso alguem bater forte, o polones Kubica é o atestado vivo de segurança por conta do seu terrível acidente quando ainda era piloto da BMW. Saiu ileso de uma batida que no passado mataria qualquer um.
A F1 de hoje tem uma série itens no seu planejamento que remetem à segurança, tanto do público como do piloto, e eu penso que é assim mesmo que deve ser.
Nunca conheci alguem que fosse a um autodromo com o objetivo explícito de ver acidentes com pedaços de carros voando para todos os lados, embora eu saiba que existem pessoas com esse perfil. Ate onde sei a Indy é a única categoria rápida do planeta que tem no seu pacote a previsão de acidentes muito fortes, a grande maioria sem consequencias para os pilotos na atualidade. De uma certa forma pode-se dizer que a Indy inclui as reais possibilidades de acidentes em todas as provas de oval e as medidas de seguranças estão restritas aos carros apenas.
Na F1 a coisa é mais ampla e as áreas de escape fazem o seu papel e muito bem. Naquela época de Rindt a distancia que havia entre a beira da pista e o guard-rail, claramente era insuficiente no caso de uma colisão forte. Tambem não se utilizavam as caixas de brita, muito comuns hoje. O piloto na verdade estava largado à sua propria sorte no caso infeliz de sair da pista em velocidades muito altas.
E ponha altas nisso pois naquele treino trágico Rindt não utilizava as asas, o que lhe conferia um bom rendimento nas áreas de velocidade plena. E no caso da parabólica eles sabiam que seria possível contornar a curva sem o auxilio da pressão aerodinamica.
Entendo que uma das razões disso eram justamente os pneus, que naquele ano ainda não eram os slicks. Os pneus eram fator limitante da velocidade em curva e a aderencia mecanica tinha o seu limite, como tem tambem os slicks hoje, e se correram sem asas é porque o carro estava sim dependente de forma acentuada do grip que o próprio pneu é capaz de dar.
Na F1 de hoje isso é impensável devido à constituição desses carros no que diz respeito à performance particularmente falando. Hoje, mesmo com slicks um carro de F1 é obrigado a retornar ao box no caso de uma perda de asa ou parte dela, pois esse conjunto asa-pneu tem atualmente o melhor da performanece que se conseguiu até hoje, e separados mostram uma queda de rendimento muito grande.
Na verdade Rindt não morreu por conta de uma área de escape, um guard-rail ou outra coisa do lado de fora do seu carro. As fotos do acidente mostram a causa de maneira clara que era a fragilidade. A frente do carro foi literalmente desintegrada a ponto de ficarem para fora do que restou, as duas pernas do piloto. Nem há como comparar com o acidente fortíssimo de Kubica que acabou indo para o hotel andando pelas suas proprias pernas.
São outros tempos e outra F1. O que causa espanto a respeito da F1 daquele passado é a ausencia de mecanismos de segurança que fossem alem de extintores, guard-rails e ambulancias que demoravam muito para chegar ao local. E a razão é simples demais de ser colocada. Quem é capaz de fazer uma coisa complexa e com tal grau de rendimento como um carro de F1, com as suas peculiares sofisticações, detem inteligencia mais que suficiente para planejar a performance total de todos os fatores que envolvem a segurança dos pilotos. E não fizeram nada por uma única razão, não se interessaram. O grande proposito era o espetáculo e as mortes eram a consequencia da ousadia de todos e nada mais.
A F1 de hoje peca num ponto importantissimo ligado ao espetáculo. A segurança aumentou muito em relação àquela época de pilotos ousados ao extremo. Assim ao público de hoje se oferece a possibilidade de disputas no lugar das tragédias. Mas o dinheiro envolvido atualmente é muito maior do que no passado e ele precisa ser justificado. Por isso eu digo que todo o mecanismo organizacional que rege a F1 está preso à necessidade manter em alta a atratividade para o patrocinador. E isso é apenas negócio. Esporte mesmo era naquela época.
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