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domingo, 12 de junho de 2011

Velhos troféus empoeirados


Troféus são na prática uma lembrança de um acontecimento onde voce mereceu ser premiado pelo que fêz. Mas êles representam o resultado final de um esforço seu visando um determinado objetivo e por isso o valôr deles está além da lembrança pura e simples. Pergunto se um cara como o Eder Jofre, hoje práticamente esquecido, daria fim aos prêmios que recebeu nas suas lutas, muito especialmente as mais importantes? Claro que não, ninguem seria maluco de dar fim a essas coisas. A não ser que isso represente um passado ao qual não se dá mais nenhum valôr. É bom levar em consideração que troféus são premios relacionados à idéia do mérito pessoal. Quem ganhou fêz por merecer.

Recentemente um amigo disse ter vontade de dar um fim a todos os seus troféus que hoje ocupam espaço, empoeirados numa prateleira. Dar fim a essas coisas tambem significa desfazer um elo com o passado, que pode chegar ao nível até da negação. É claro que troféus não fazem a vida de ninguem, pilôto ou não, mas são únicos por terem significados únicos.

O nosso automobilismo está numa condição que deixou uma saudade no melhor estilo dos fados de dores de amor. Não é apenas o automobilismo em si que está em declarada agonia mas todo o ambiente não é mais o mesmo. Falei disso outro dia com um dos nossos melhores motociclistas e êle tem a mesma impressão.

Afinal, o automobilismo do qual gostamos de lembrar e que nos deu muitos prazeres, atualmente é visto como época de ouro, de brilho pessoal, mas que não tem paralelo nos dias de hoje. Mudou tudo, não apenas a tecnologia mas o próprio ambiente do ponto de vista social. E as pessoas que representam essa época às vezes se sentem um tanto separadas do meio, quase como se as suas vivências não tivessem mais nenhuma ligação com esse esporte.

Se o esporte que no passado foi brilhante, com momentos de glória até, hoje perdeu o valôr, é possível que as lembranças dessa época venham a ser também desvalorizadas. Acredito que se atualmente o automobilismo fosse mais valorizado, não apenas pelos pilôtos quando estão virando curvas em corridas, o que representa o automobilismo como um tôdo seria também valorizado incluindo as lembranças. Mas quando se fala com alguém que tem um desses troféus empoeirados, práticamente esquecido em um canto qualquer, o que se percebe algumas vêzes é que o estado daquele objeto reflete de uma certa forma o estado atual do esporte na visão do seu possuidor - como uma coisa envelhecida, empoeirada e esquecida.

Um comentário:

Pedro Garrafa disse...

Zé realmente voce disse tudo e muito bem , hoje os trofeus esquecidos e empoeirados representam exatamente a situação igual ao que está exposto o nosso pobre automobilismo.É uma pena.
Porem para alguns como no meu caso que suei e ralei para ganhar os meus, ainda os mantenho em um lugar previlegiado e em destaque numa sala que é só minha e para mim, pois só mesmo quem lutou e fez por merecer para conquista-los é que sabe o quanto eles valem e o que representam....