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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Rubens - torcida completa 10 anos ‘chorando’ Austria 2002. Haja.




Tudo bem que Rubens Barrichello não foi feliz em alguns momentos da sua carreira, entre eles aquele sempre lembrado em que chorou no pódio. Mas acho incrivel que ainda hoje o público e a mídia não tenham esquecido que aquele episódio e outros mais são fases que ficaram para trás.

Nesse ponto digo que a choramingação do público já deu o que tinha que dar, especialmente em relação à paciencia de quem gosta mais das corridas do que das demonstrações pessoais. Na verdade acho que esse público que choraminga anos a fio no mesmo assunto é infantil demais e deixa a impressão de que corrida mesmo parece mais como acessório do grande espetáculo que são as coletivas e declarações.

Amanhã se completam precisos 10 anos do fatídico GP da Austria em que Barrichello foi obrigado a dar passagem para o alemão porque a equipe queria garantir pontos tanto dela como do piloto. Foi uma palhaçada da própria equipe e até hoje a palhaçada comentada pelos quatro cantos do planeta é sempre a atitude do brasileiro. E a palhaçada da equipe fica sempre em segundo plano ou até mesmo no esquecimento.

O grande palhaço daquilo tudo foi e sempre será a própria Ferrari que não mede esforços de nenhum tipo para manter no ponto mais alto do pódio o orgulho da torcida tifosi. Acho que uma torcida que se preze deve ansiar por belas apresentações e isso inclui as perdas ou maus momentos, que depois são fetejados por vitórias subsequentes. E nesse ponto penso que a Ferrari foi um autentico fracasso naquele dia e transformou, na minha opinião, a imagem dos dois pilotos em fotografias patéticas da real política interna.


Rubens era na época empregado de uma empresa com contrato assinado, coisa tão comum no mundo moderno. Tinha chefe, posição, objetivo e tinha que obedecer ordens. Ele assinou isso e depois de assinado não há o que reclamar mais. Aí acho que reside a sua maior infelicidade. Não apenas assinou o dito contrato como também aceitou clausulas ligadas às sua imagem enquanto piloto da equipe. Em outras palavras, não podia dizer o que bem entendesse, o que não estivesse dentro do script de marketing. É como se fosse totalmente desnecessário ter acessoria pessoal. Aí é que eu entendo que está a grande enrascada dele, que no prosseguimento simplesmente significou a fritura da sua imagem perante uma parte do público, notadamente o brasileiro.

Em relação ao público chorão, meus argumentos vêm da própria equipe. No ano anterior (2001) ocorreu o mesmo evento na mesma corrida. Em 2001 tanto a Ferrari quanto Schumi ganharam o campeonato de lavada, com uma diferença de pontos insuperável. Schumi fez quase o dobro de pontos de Coulthard, o vice daquele ano. É verdade que Coulthard ficou a apenas 4 pontos de distancia de Schumi com o resultado daquela corrida da Austria.

Mas em 2002 a vantagem de Schumi sobre Montoya após a mesmo corrida era literalmente o dobro de pontos. E se 2001 foi ótima para a Ferrari e para Schumi, 2002 foi uma lavada sem precedentes, principalmente para a equipe que fechou o ano com mais que o dobro dos pontos da Williams.

E aí me pergunto qual seria a justificativa de não deixar o resultado daquela corrida ser a posição dos carros na pista, tendo em vista a performance arrasadora dos dois carros?

E para finalizar é bom lembrar que a Ferrari tem muito mais eventos negativos a serem criticados do que Rubens. Por exemplo, o caso de espionagem que ficou muito mal para a imagem da equipe. Há tambem trapalhadas de box, coisa que no passado a Ferrari era inquestionável. E que não se esqueça a ordem do mesmo tipo transmitida a Felipe Massa pelo rádio - ‘Alonso is faster then you’. E ainda perguntaram se Felipe tinha entendido aquilo. Sim, não apenas Felipe entendeu como tambem o resto do planeta. Mas a Ferrari é a Ferrari e isso é desculpável por essa razão. Rubens, ao menos na opinição da torcida, não.

O que é dificil engolir é essa recordação continua, que acaba até se tornando massacrante. Não vamos nos esquecer que Rubens andou naquele fim de semana inteiro na frente do alemão, portanto faster then Schumi, e que mesmo assim é lembrado por muitos como um piloto patético, e pelas mesmas pessoas que ainda pensam em ver uma vitória de Felipe na Ferrari, em que pese o fato de atualmente ele andar até um segundo mais lento que Alonso. Rubens não apenas acompanhava o alemão como até foi mais rápidos em alguns momentos na Ferrari. Diria por conta disso que ele foi escolhido pela sua capacidade de pilotar naquela performance, e acho isso uma afirmação inegável.

Apesar disso tudo o público ainda continua chorando um choro sem fim que na cabeça de Rubens hoje pode ser até mesmo motivo de risadas, principalmente num momento em que está vivenciando uma nova carreira.

Como disse lá no começo ele teve seus momentos de declarações infelizes. Mas vejo hoje claramente o público cultivando uma infelicidade típica dos exageros da idolatria. Sim, a idolatria tem duas faces, a do amor incondicional e injustificado e do ódio burro e permanente. Tomara que algum dia esqueçam dessa repetição pegajosa e passem a ver as corridas, que é afinal o grande objetivo.

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