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segunda-feira, 2 de março de 2009

Crônica de um amigo veloz

Se hoje me faltam muitas coisas na vida, em compensação sobram amigos. E é engraçado que esse mundo da velocidade é um espaço onde voce pode conhecer muita gente boa. Fiz muitos amigos no kart e agora estou fazendo novas amizades no autódromo, que de um tempo para cá voltei a frequentar.
Um desses, com o qual estivemos há pouco tempo, tem muitas qualidades além de ser um amigão. É carioca, pilota muito, de bem com a vida, bem casado, inteligente, incentivador do esporte que pratica e como se isso não bastasse sabe se expressar bem. Vou falar mais dele em outro post mas agora vou colocar um texto seu, pelo qual já deixo o meu agradecimento. Infelizmente o texto é muito longo para um blog e então eu resolvi colocar alguns trechos mas de forma que abranja todo a idéia. Bom proveito.

Tudo começa com o doce sabor da sua infância cercado de atenção por todos os lados e as descobertas sobre aquele novo mundo. Das descobertas a mais prazerosa das reações são as causadas pelo movimento do seu corpo. Você tornou-se um caçador de velocidade e aceleração e sempre teve sua atenção desviada para carrinhos ou qualquer coisa motorizada ou não que pudesse movimentar-se rápido. Se não pudesse correr como queria dava seu jeito de fazer a coisa voar e, aos 5 anos, dentro do seu inocente carrinho a pedal, desceram aquela ladeira da garagem a uma velocidade inimaginável pelo fabricante do brinquedo e contornaram quase por milagre aquela curva no final da rampa horrorizando a vizinhança que assistia incrédula a manobra.

O tempo foi passando e você foi tirando um "racha" aqui e ali, bateu com o carro do pai, fez coisas que não faria de novo de jeito algum e foi cuidar da vida. Aquela carreira de piloto foi sepultada pelo tempo, por ausência de oportunidades, de dinheiro, medo da família, pela esposa que tem horror àquilo e por aqueles que acreditam que isso não dá futuro a ninguém. A arquibancada e a TV foram seus refúgios de onde ouvia-se o ronco dos motores certos, na hora certa e no lugar certo e quase que por detrás de grades para não ser tomado pelo impulso de se jogar lá dentro do carro e fugir com ele para dar uma voltinha.

Mas para tudo há um jeito e no início dos anos 90 surgiu o kartismo lazer que logo virou kartismo esporte amador para jovens e adultos. Sem complicação, burocracia, curso, avaliação e cabendo no bolso de toda família mediana. O mundo inteiro abraçou esse movimento que fez mudar o rumo das coisas pois as fábricas puderam vender mais chassis e motores, os empresários do entretenimento adoraram a atividade rentável e os usuários compareceram em peso para praticar se não o lazer, o esporte desburocratizado.

Surge a figura do automobilista de fim de semana. São caras sérios, com ares de profissionais, possuem capacete de griffe pintado por artistas famosos, já fizeram curso de pilotagem na Alpie, usam macacão homologado para competições oficiais e quando vão para pista fazem o traçado direitinho e não tomam tempo de volta de qualquer um. Coisa de gente grande, mas na segunda feira bate o ponto em seu escritório, consultório ou cliente.

E como lugar de piloto é na pista, eles descobrem que a pista não fica longe de sua casa ou trabalho, é mais barata do que uma multa de trãnsito e dá oportunidade de fazer muitos, mas muitos amigos.

Ed Cordeiro

2 comentários:

Anônimo disse...

Zé, voce é uma pessoa especialmente generosa. Nunca haria esse texto se não fosse sua ajuda, por isso, o mérito é todo seu que dá cores ao automobilismo através de letras e sorrisos.

Anônimo disse...

Zé, voce é uma pessoa especialmente generosa. Nunca haria esse texto se não fosse sua ajuda, por isso, o mérito é todo seu que dá cores ao automobilismo através de letras e sorrisos.

Abs
Ed