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terça-feira, 21 de abril de 2009

Mata real dentro da selva de concreto

Se você já entrou alguma vez na Chácara Flora ficou com a sensação de que não estava na cidade de São Paulo. Se nunca entrou não sabe o que perdeu. Condomínio de ricaços com terrenos enormes e muita mata. Lá dentro há apenas uma forma de você saber que está na selva de concreto. É quando passa um avião. É a única situação em que se ouve algum som urbano. Sem dúvida um oásis.

Uma coisa que tornou o ser humano agressivo e indiferente ao semelhante foi a progressiva falta de contato com a natureza. O way of life dos dias de hoje é comprado nas lojas, shoppings, bares e internet. Coisa que tem levado a natureza da condição de nosso habitat para objeto de contemplação. Numa cidade como a nossa observamos uma mata como algo que um dia bem provávelmente deixará de existir.

As fotos dêsse post mostram um oásis público muito bem mantido que contrasta muito com o mundus urbanus chatus. Infelizmente não pude fotografar duas presenças comuns no local. Saguis e pica-paus.

Não muito longe da Chácara Flora há um parque por onde passo habitualmente e onde também já fiz alguns treinos para a única corrida de São Silvestre da qual participei. Para a sorte de tôdos o parque conta com a proteção de uma ação comunitária sem a qual muito provávelmente estaria em situação de abandono servindo de local de refúgio de marginais, conforme já se sucedeu no passado. Trata-se do Parque Severo Gomes localizado no coração do bairro Granja Julieta na zona sul de São Paulo. Não é muito grande mas há uma mata densa que o torna um dos poucos locais da cidade onde você pode se sentir em contato com uma mata de verdade. Não sei qual é a área total mas uma volta pela calçada que o rodeia tem 1000 mts. A região tem sómente contruções de alto padrão e os únicos edifícios do bairro se situam perto da av. Santo Amaro, relativamente distantes do parque.

Após uma chuva é possivel sentir a humidade, o cheiro e o friozinho característico de um local com um teto verde que bloqueia uma parte da luz solar o que mantém o chão úmido por um bom tempo. Há um edifício sede da administração que recentemente foi reformado. Há dois playgrounds, um grande espaço de lazer, um córrego, ajardinamento bem cuidado, um mural, banquinhos de concreto e de madeira, bebedouros e trilhas de pedriscos delimitados por paralelepípedos e isoladas por corrimões de madeira. Tudo em harmonia com a área de mata que tem aproximadamente a metade da área total.

O parque fecha os portões inevitávelmente às 19 e reabre às 7, momento em que um grupo de praticantes do tai chi chuan se reúne diáriamente num espaço entre árvores na área de lazer. A área total dessa mata foi dividida em dois por conta de uma rua asfaltada que não faria mal nenhum à comunidade local se deixasse de existir porque as opções de circulação de veículos são mais que suficientes. Por conta disso uma parte do parque não é aberto ao público e está sendo utilizada como área de criação de mudas e adubagem.

Fora a administração local que limpa o parque diáriamente, a presença da guarda municipal é constante e nos arredores há também a segurança privada. Vale a pena o passeio.

Seguem fotos do local.

trilhas de pedriscos que são diáriamente limpas

às 8 da manhã uma folha mostra a umidade sob um teto verde

ponte sôbre o córrego local ladeada por bambús
a escada ao fundo usa pequenos troncos como degraus


o pequeno córrego com contenção de madeira em um dos lados


uma rua dividiu a mata em dois
à esquerda uma área fechada à visitação
a calçada da direita que margeia o parque tem uma extenção total de 1000 mts


viveiro de mudas na área restrita


à frente uma composteira que gera adubo natural empregado na jardinagem
ao fundo uma pilha de troncos e galhos que caíram no local e serão usados na manutenção


jardins tratados diáriamente


uma parte da área de lazer com banquinhos, playground e tanque de areia ao fundo
exatamente à direta da foto caiu em dezembro do ano passado uma árvore durante a tempestade no natal

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