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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Jan Balder - Após as competições! (9)


O bastidor dos Bastidores.
 
Um dia, movido pelo ideal de contar uma parte da história do automobilismo brasileiro, Jan Balder lançou pela Mahle o livro Nos Bastidores do Automobilismo Brasileiro, já esgotado na sua primeira edição. Acompanhei a fase final do surgimento dessa obra que também tem os seus próprios bastidores.

- E o livro, como surgiu a idéia de fazer?


- Em 89 ou 90 eu estava na casa da Dulce Lee aqui no Alto da Boa Vista, e ela disse que tinha todas as fotos desde o primeiro parafuso do Copersucar em PB. "O que eu faço com isso?" - perguntou. Eu não sei que carro que é, que modêlo, que carenagem, que mecânico, não sei nada. Aí eu disse à ela que naquela época o Brasil tinha 7 títulos de campeão do mundo, 2 do Ayrton, 3 do Nelson, 2 do Émerson, em menos de 20 anos. E não tem a história. Exatamente como começou, como foi, com você fotografando, eu correndo, o Anísio com a Hollywood. Enfim, não tem essa história.

- Ela disse "Vamos fazer um livro?". Ela falou. A família dela era dona da São Paulo Petróleo. Ela achava que a compania tinha que patrocinar isso. Fomos lá eu e ela e o cara do marketing disse que havia muitos projetos e ela não têve muita voz ativa nessa conversa, apesar de ser herdeira.

- Para ela não deu certo, mas para mim tinha nascido o livro. Porque as idéias foram evoluindo e quando eu fui na São Paulo Petróleo, já fui com um projeto com uma sequência de coisas para escrever um livro. Aí com o tempo a coisa evoluiu mais. Em 2001 têve um almôço na Mahle agendado pelo Jorge Lettry, onde êle convidou uma série de pilôtos brasileiros. O pessoal da Mahle estava fazendo um calendário e tinha interêsse em conhecer todo mundo.

- O Claus Hoppen que na época era diretor estava presente. Naquela época eu estava abrindo um site na internet para boletins de fórmula 1. Falei com o Claus do site onde eu iria resgatar um pouco da história. Êle propôs uma parceria. Eu disse que para sustentar um site era preciso gente, precisa atualizar toda hora e dava um baita trabalho. Eu estava fechando com um outro site uma coluna sobre história do automobilismo. Eu entrei com o Geraldo Rodrigues na Fórmula News. Êle me abriu um espaço e a Mahle me patrocinava. Eu entrei com a história que eu já tinha colocado no papel no Fórmula News.

- Ficamos 2 anos fazendo isso. Aquelas matérias já criaram meio livro. Um tempo depois o Claus disse que precisava de verba para outras atividades e o site parou. Êle disse "Toca o livro, é mais interessante que fazer um site porque já tem meio livro pronto". Aí eu continuei o livro e depois teve problema com lei Rouanet, demorou 2 anos, até que um dia saiu e acabou acontecendo o livro. Então o livro nasceu lá atrás com a proposta de contar a história de uma época que a maioria do pôvo não conhecia.

- Vou te falar outra coisa. Em 1970 eu estava com o Émerson na europa, ele estava fazendo a segunda corrida de F1, o Chico Rosa estava conosco e o Émerson escrevia um depoimento para a revista 4 Rodas. O Chico Rosa que cuidava disso e mandava para cá. No meio de uma viagem eu disse a êle que ia escrever sobre a dificuldade que a gente tem de passar pela europa, como um aventureiro. Era uma dificuldade. Chegava nos países e não falava a língua. Aí no outro país tinha que trocar moeda. Naquela época não tinha Euro. Não sabia para onde e como ir. Todo mundo achava que isso era uma mordomia, que corre de F1, mas que nada. Aí o Émerson falou "Jan, é isso aí."

- Aí eu propuz à própria 4 Rodas. Tinha um maluco lá que trabalhava sem camisa, um tal de Mauro. Me atendeu sem camisa. Disse à êle "Eu vim da europa, tenho um assunto que eu acho legal que é a dificuldade que o pilôto tem para correr na europa". Mas não deu certo. Isso foi mais uma razão para alimentar o livro porque eu sempre quiz colocar essa dificuldade, desde os anos 70. E começou com a Dulce. Fomos na São Paulo e não deu em nada e eu não quiz parar. Fui na Mahle e êles endossaram. Foi uma alavanca no projeto.

- Hoje em dia quando você pesquisa sobre algum pilôto na internet ou revista, é sempre ´o fulano de tal foi, êle era, fêz isso e aquilo´, como se o cara já tivesse acabado, não existisse mais. E na verdade a gente sabe que a coisa não é bem assim. Porque você acha que a mídia no Brasil hoje retrata tanto o cara nesse passado distante que parece um aposentado de bengala, de muleta, que não serve para mais nada?

- A partir do ano 2000 aconteceu uma coisa que eu venho falando até em palestra que chamou a atenção. Houve um resgate da história do automobilismo brasileiro, especialmente o antigo, muito forte. Começou com o Claus Hoppen da Mahle com os calendários, a vontade de reúnir esse pessoal, e na sequência têve um momento muito importante, onde nós tivémos uma participação direta que foi um evento chamado Clássicos de Competição. O Eduardo Conde me convidou para ser o mediador de uma palestra com pilôtos antigos. Eu convidei vários pilôtos, entre êles Bird Clemente, Marinho, Wilson, Anísio, Emílio Zambello, o Tôco da Simca, o Pedro Vitor De Lamare. Nós reunimos uma turma que resgatou muita história naquela palestra e chamou a atenção de muita gente da mídia. Quando eu os convidei êles estavam esquecidos, ninguém falava dêles. Aconteceu que isso abriu um espaço para tôdos êles. Claro que a Mahle deu a largada embora não tenha patrocinado êsse evento especificamente.

- Aconteceu que tôdo mundo apareceu na mídia. O Marinho foi convidado para o programa do Reginaldo Leme, o Bird também, e outros. Aconteceu de ressicitar, entre aspas, aquela turma do passado porque têve gente que foi atrás daquela história. Era muito importante ser contada. Assim como eu contei no meu livro uma parte, era preciso também cada um contar pessoalmente.

- Nesse final de semana, 21 de junho, tem um evento legal. O Tite Catapani tem uma fazenda em Araraquara e ha muito tempo queria reunir essa turma antiga toda. Vamos fazer um fim de semana em Araraquara com a turma antiga, sem mídia dessa vêz. Essa turma vai se encontrar de novo.

- Porque as pessôas não têm interêsse hoje em saber quem são esses caras depois que pararam de pilotar? Isso é uma fase que vai até um determinado ponto, mas depois o cara não morreu. Êle parou de pilotar mas não de viver. É como se não existisse mais depois que parou de pilotar. É uma coisa ridícula.

- A Revista Brasileiros me deu a chance de fazer isso. Ela quer resgatar a história do pilôto antigo e o que êle está fazendo hoje. Sempre vai ter um box lá onde se fala o que êle está fazendo hoje. Nós estamos resgatando tudo isso. Já fizemos o Piero Gancia, o Luizinho, o Marinho, Jayme Silva está na banca agora e a Graziela Fernandes vai ser no próximo mês. Na sequencia vem Francisco Lameirão e Pedro Vitor De Lamare.
(ps.: essa entrevista foi gravada em Junho de 2009).

2 comentários:

Roberto Costa disse...

Jan,
Apenas um detalhe a comentar:
"Foi você quem disparou o primeiro tiro nesta batalha iniciada (até) antes do ano 2.000"
Parabéns não somente pelo pioneirismo e tudo que foi e está publicando mas principalmente pela, dedicação, competência e honestidade com que sempre se portou.
Um forte abraço e até breve!

Anônimo disse...

CARO ROBERTO,

QUANTO TEMPO- ONDE ANDAS?
RESGATAR HISTÓRIAS FAÇO COM MUITO PRAZER. FOI UM PERIODO DE PIONEIRISMO DA NOSSA INDUSTRIA E SUAS EQUIPES OFICIAIS, USANDO INTERLAGOS MAIS COMO LABORATÓRIO DO QUE MARKETING E CRIOU SE UM NOVO CICLO QUE FOI A LARGADA DE UMA NOVA GERAÇÃO DE PILOTOS.

VAMOS EM FRENTE
SUPER AB
JAN