Há anos os torcedores brasileiros da F1 desejam ver um novo campeão na categoria. O mais reverenciado até hoje é Ayrton Senna da Silva, indiscutivelmente um campeão de rara habilidade. Em 2010 teremos a oportunidade de ver quatro compatriotas na F1, sendo 2 veteranos e 2 estreantes, cada um vivenciando distintas dificuldades. Entre os estreantes, Bruno Senna Lalli gera expectativa em relação à sua performance na categoria mais exigente do automobilismo.
A preparação a longo prazo de um pilôto é um ingrediente importantíssimo para vislumbrar chances de sucesso. O talento natural pode determinar uma escalada de performance, mas a preparação sistemática é quem faz surgir as capacidades de forma evidente.
A preparação a longo prazo de um pilôto é um ingrediente importantíssimo para vislumbrar chances de sucesso. O talento natural pode determinar uma escalada de performance, mas a preparação sistemática é quem faz surgir as capacidades de forma evidente.
Bruno era kartista em 1995, ano em que o seu pai faleceu num acidente motociclístico, um ano após o falecimento do tio Ayrton. A sua mãe, Viviane, interrompeu a carreira de Bruno, óbviamente traumatizada pelas tragédias familiares. Somente 9 anos depois Bruno foi novamente para a pista na Fórmula BMW inglêsa. A paixão pela velocidade falou mais alto que os temores familiares. Quatro anos depois testou a Honda, quando havia a possibilidade de ser companheiro de Button. Mas a contratação de Barrichello findou as suas esperanças para 2009.
A única oportunidade concreta após a primeira tentativa veio com a Campos Meta, que nasceu deficiente de fundos e de organização, que está esperando surgir um piloto endinheirado para viabilizar a permanencia na categoria. Bruno tem contrato firmado com a equipe e segundo esta a sua participação está garantida. Também consta que não lhe exigiram dinheiro. O seu provável companheiro de bolso cheio pode ser o argentino José Maria López que deveria estrear pela USF1, que na prática está pior ainda que a Campos Meta.
É evidente que numa equipe nessa situação extremista, o piloto que ingressar levando o dinheiro que a equipe necessita, terá condições de pleitear uma atenção diferenciada. Para que a equipe garanta a sua participação em 2010, precisa ter contrato firmado com os pilotos. E isso só acontece depois de aparadas as arestas que definem as condições.
O ano de estréia de Bruno será muito mais difícil que o do tio. E ao mesmo tempo uma oportunidade de fazer parte dessa seleta comunidade. Não se espera que mostre resultados surpreendentes no seu ano de estréia, e em face das condições da equipe as más atuações serão perdoadas pela mídia.
A sua figura já desperta atenção, especialmente pelos antecedentes familiares, e por isso a sua relação com o público será um importantíssimo ingrediente para marcar a sua imagem na categoria. Na F1 a imagem pode ser a diferença entre o sucesso e uma despedida. Com certeza na prova do Bahrain, tanto êle como a sua equipe despertarão uma grande curiosidade. Uma situação que gera dois resultados distintos: um benéfico que é a exposição, e o outro incerto que é a inevitável declaração das expectativas futuras que acabam se tornando um compromisso moral.
Ninguem faz milagres mas tudo pode acontecer. Um momento da carreira do seu tio que acabou se configurando como incrível oportunidade foi a famosa prova de Mônaco sob chuva, a qual só não venceu porque a decisão se deu fora da pista. Quem sabe, a estrela do sobrinho brilhe no ano de estréia e lhe abra o caminho do sucesso.
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