Entre os kartistas brasileiros famosos, Paulo Manoel Combacau, o Maneco, ficou muito conhecido pela sua irreverência. Querido por todos da sua época, Maneco ficou famoso por uma brincadeira sua que teve o ato inaugural numa corrida longa em Ribeirão Prêto. Os karts da época deixavam a ponta dos pés dos pilotos na posição mais dianteira do equipamento, e atrás o cabo de vela do motor ficava totalmente exposto, voltado para trás. Maneco esticava o pé quando se encontrava muito próximo da traseira do adversário e puxava o cabo de vela. Essa "manobra" ficou muito conhecida no meio da época e acabou virando lenda.
Mas não foi apenas essa, e nem foi sómente nas nossas pistas que Maneco mostrou o seu espírito peculiar de kartista. A primeira participação brasileira no mundial de karts se deu em Setembro de 1970 na França, nos arredores de Paris próximo ao campo de Bagatelle, onde Alberto Santos Dumont tirou do chão o seu histórico 14 bis.
A equipe brasileira era composta por Renê Lofti, Walter Travaglini, Carlos Savoya, Maneco Combacau. O chefe de equipe era o professor Rubens Carpinelli, o preparador era Mário Carvalho, e a tira colo veio um kartista, amigo da turma que fazia as vezes de intérprete, Carlo Gancia.
Dos 6 que foram inscritos apenas Maneco foi para a final. Os brasileiros sofriam com a defasagem de performance dos nossos karts em relação aos europeus. Maneco conta que todo ano conseguiam tempos melhores, mas o equipamento europeu sempre se mostrava superior ano a ano. No mundial de 1970 os brasileiros correram com pneus americanos e os europeus com Michelin. Os motores europeus eram mais eficientes e despachavam os brasileiros nas retas mesmo após difíceis ultrapassagens em curva.
Na época os pilotos eram identificados pelas cores dos seus capacetes que eram as da bandeira dos seus países de origem. Portanto no caso dos brasileiros os capacetes eram verde e amarelo.
Na corrida final fazia uma fina garôa que umedeceu toda a pista. Maneco disputava posição com um alemão que à toda tentativa de ultrapassagem por parte de Maneco lhe fechava a porta de forma não tão amigável, apesar de não ser interpretado como ato punitivo.
Num determinado momento a paciência de Maneco se esgotou e êle resolveu dar uma "dividida" no melhor jeitinho brasileiro. O kart do alemão tinha uma barra lateral que minimizava o efeito dos choques laterais. Foi a "arma" escolhida por Maneco para decidir a disputa. Ao emparelhar por dentro com o alemão numa curva com bastante espaço para os dois, Maneco simplesmente agarrou a tal barra e levantou a traseira esquerda do kart adversário que foi parar na grama. Assim, com o seu "jeitão", Maneco terminou a prova em 26o.
Esse mundial foi vencido pelo belga Francois Goldstein, e foi a sua segunda vitória. Goldstein venceu 5 vezes o mundial de karting, sendo 4 consecutivas.
Um francês, que não chegou ao pódium, estava presente na disputa e mais tarde se tornaria conhecido mundialmente por ter vencido 4 mundiais de F1, e ter sido o mais conhecido desafeto de Senna nas pistas - Alain Prost.
3 comentários:
Muito bom. O Maneco estava certíssimo. Como se diz por aquí:
"Quem refresca c... de pato é lagoa."rs.
rs, esse é o Pedrão que eu conheço
Esse o espirito do kartista brasileiro kkkk
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