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quinta-feira, 4 de março de 2010

Nos Bastidores do Automobilismo Brasileiro (14)

 fragmentos do livro de Jan Balder e comentários do Amigos Velozes.

Sem dúvida nenhuma a fase das carreteras foram de um romantismo à toda prova. Mas a entrada das montadoras no Brasil não sepultou esse romantismo nas corridas. Na verdade acabou por colocar no mercado mais opções para os pilotos do que existiam anteriormente. Além das carreteras criadas a partir de veículos de fabricação nacional, a fase dos protótipos foi muito marcante. Existiam à disposição de quem se interessasse, carros mais leves e mais modernos, motores e câmbios que poderiam ser adquiridos em qualquer lugar, e o impulso que o automobilismo estava mostrando na época ampliou a comunidade de preparadores e construtores. Havia espaço para criação de carros que se destinavam apenas a corridas, como foi o caso do famoso protótipo AC, criação de Anísio Campos, o protótipo Snobs pilotado por Eduardo Celidôneo e Carlos Sgarbi, assim como outras idéias mais exóticas como pode-se notar pelos parágrafos abaixo do livro de Jan. A imaginação era o limite e esses protótipos nacionais ficaram na lembrança de muita gente.


Wilson Fittipaldi, em sua fábrica de volantes, para não perder a “mania”, construiu um Volkswagen com dois motores em linha, unidos por uma homocinética de JK, sob o comando técnico do mecânico apaixonado Enzo Brizi que saíra da equipe Ford de Luiz Greco para trabalhar na Fittipaldi.

Apresentei ao Wilson Fittipaldi um amigo da Falculdade de Engenharia Industrial (FEI), Ricardo Divila, que levou seu colega Ari, e ambos acabaram sendo contratados como acessores diretos de Enzo Brizi na construção de mais um protótipo brasileiro. No final de 1969, o bimotor estreou no Rio de Janeiro com os irmãos Fittipaldi. O carro se mostrou rápido enquanto os dois motores funcionavam, porém isso durava pouco.

Esses protótipos híbridos passaram a marcar presença no nosso automobilismo, principalmente depois do nascimento da indústria brasileira.

Em Porto Alegre, outro aficcionado, Dino de Leone, uniu dois motores DKW: soldou dois blocos de ferro fundido e adicionou um novo virabrequim, um seis cilindros de dois tempos em linha.

Em Cascavel, oeste do Paraná, onde o traçado era ainda de terra, surgiu um protótipo com motor e câmbio DKW na frente, e, na traseira, outro motor e câmbio VW. O carro, de tração integral, foi matizado de “misto-quente”, e valeu apenas pela curiosidade. As más línguas comentavam que o reforço VW era uma garantia para o carro funcionar, pois o DKW engripava com facilidade. Na falta dele, o velho motor Volkswagen manteria o carro em movimento.




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