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quinta-feira, 4 de março de 2010

Ralo - o destino final dos nossos votos.

Acho que dessa vez eu entendi. Não sei bem o que acontece comigo, mas dentro dos limites da minha cognição eu passei a imaginar que depois que eu comecei a envelhecer, tamém comecei a ficar burro, ou eu já era e só agora a minha percepção melhorou e então eu fiz mais uma descoberta sobre a minha pessoa. Aaahhhh, o auto conhecimento, deve ser isso. Vou convidar a Beth pra comer uma pizza no fim de semana. Ela é psicopedagoga e muito amiga minha, acho que vai me ajudar.

Então eu, finalmente depois de tantos anos de vida penso ter descoberto o que os políticos querem da sua platéia, os portadores do certificado de otário, que é como eu passei a ironizar o valor concreto que tem o título eleitoral no Brasil. O que resta da minha inteligencia serve para chegar à brilhante conclusão de que essas pessoas não levam na melhor consideração o fato de que são pagos, e régiamente diga-se de passagem, para fazer política favorável aos idiotas que votaram neles, sem deixar de considerar que além desses que lhes deram votos há uma comunidade inteira de pessoas que habitam o mesmo chão.

Então nessas condições tão favoráveis ao desempenho das suas funções (é bom que se diga que bobões como eu precisam mostrar performance no seu trabalho pois a nossa economia é capitalista e o resultado está acima de tudo), os políticos podem passar até mesmo um mandato inteiro sem fazerem algo de realmente útil. E assim de discurso em discurso eles vão empurrando com a barriga e não geram resultado algum.

Claro, eu admito que estou exagerando num ponto, não são todos assim. Mas eu acho um absurdo uma pessoa utilizar um determinado evento e o seu cargo para obter exposição de graça. Eu, se quizer consertar o pneu do meu carro no borracheiro terei de pagar. E a mídia faz sim o seu concreto papel quando divulga um ato de um político, mas infelizmente ao mesmo tempo lhe dá visibilidade. Nem tudo na vida é perfeito.

Assim é que um vereador paulistano do PTB, sr. Adilson Amadeu, resolveu a tão sómente 8 dias da realização da prova se manifestar contra e propor o cancelamento da mesma.


Até um estúpido como eu sabe que todas essas coisas acontecem dentro de determinados regimentos. Há uma considerável documentação oficial da parte do munícipio e das empresas que estão envolvidas com o evento, para que se possa em algum momento anunciar o início das tarefas que levarão à sua efetivação.

Em outras palavras isso quer dizer que não apenas há material documental que autorize o início de tudo, como também há prazos definidos. E na vida pública e na justiça há prazos para tudo. Então se alguém quer agir contra uma determinada decisão municipal ou privada, é claro que precisa fazer isso a tempo.

Caso não o faça vai ficar muito claro que está dando tiro à esmo, que está tomando uma atitude que não vai gerar nenhum resultado efetivo, pois está orientando a sua ação dentro dos ritos habituais mas em tempo não hábil. E assim o caráter oportunista é o que vai ficar em evidencia. Tomou uma atitude que causa questionamento amplo mas num momento não adequado, o que por fim lhe dá visibilidade do mesmo jeito, o que finalmente é o seu objetivo. E ainda por cima de graça, não precisa pagar nada para publicarem as suas posições e o seu nome.

Houve tempo para que as pessoas se manifestassem. E se não o fizeram da forma que deveria, perderam o bonde. Pode parecer ridículo mas por incrível que pareça nós vivemos no capitalismo e isso pode justificar muita coisa, inclusive corrida de rua. Há leis e há prazos para tudo e se alguem pensa que o capitalismo ficou acima da lei que se manifeste, mas em condições que gere resultado efetivo e não apenas exposição.

Além disso o vereador em questão diz que a cidade tem um autódromo, que por incrível que pareça, segundo estou sabendo, é destinado exatamente à realização de corridas. E que nessas condições o dinheiro gasto na SP Indy 300 é jogado no ralo.

Então, o burro aqui passa a entender que se for jogado em Interlagos não será no ralo, certo? Bem, se a minha analogia estiver do avesso, então o dinheiro da F1, que é soma bem mais alta, vai pro ralo também, certo?

Quero deixar bem claro que não estou me manifestando diretamente e individualmente contra o vereador Adilson Amadeu, mas muito especialmente contra essa lógica política e eleitoreira desse país. Exposição a qualquer custo e votos a qualquer custo e com qualquer argumento possível. Isso é literalmente jogar voto no ralo.

Enquanto esse esporte dá chance para que nossos pilotos encontrem mais caminhos nas suas profissões, o que envolve muitos negócios e muita gente, o nosso próprio automobilismo vai indo bem mal das pernas e não há previsão concreta de que se recupere tão cedo. E por isso as inciativas que possam mudar a leitura do automobilismo por parte do público são bem vindas. E não foi assim quando a F1 veio para o Brasil pela primeira vez? E porque a Indy não pode? Porque tem que ser necessáriamente em Interlagos? Até a F1 faz corrida na rua, só não faz no Brasil.

Aliás, acabo de me lembrar de uma coisa. No ano passado a Stock fez uma corrida de rua em Salvador. Então lá pode e aqui não.

E é preciso lembrar de outra coisa também. O Brasil não é mais um lugar isolado do mundo e justamente a conexão que temos hoje com o mundo é que o nos faz ser uma economia respeitada. O Brasil não é mais um paiseco qualquer onde computadores não podem ser importados. Gente como Ayrton Senna e Pelé marcaram para sempre a imagem do Brasil lá fora. E isso tem muito significado para nós. Também por conta deles a capital do Brasil não é mais Buenos Aires, como infelizmente já foi no passado no conhecimento dos outros. Por sinal os nossos esportistas marcaram o nosso nome muito melhor do que todos o políticos.

Acho em última instancia que essas coisas são posições de gente invejosa e oportunista.

Eu espero francamente que a Indy seja uma bela festa, que gere resultados para a comunidade do automobilismo, que tenha público e que este tenha vontade de ver de novo, e que ao invéz de cair uma gota se quer, que faça um sol de rachar.

É preciso entender que nós precisamos de alternativas, que no autmobilismo não temos quase nada se compararmos com o passado. E para ter novos horizontes é preciso novas possibilidades. E que assim seja. O Brasil não está pronto, está sendo feito e falta muito mesmo pra acabar.

7 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Zé Clemente,
Por honrar o mandato a ele outorgado, o vereador Adilson Amadeu recorreu ao MP.
Parece oportunismo. Não é. Aliás, vale lembrar, também que nesse ano o vereador não é candidato. Como relator da CPI que tratou de eventos (criada após o incidente com o RBD, lembra? Uma inocente tarde de autógrafos que acabou em morte), o vereador sabe bem quais são os requisitos necessários para a aprovação de um evento de grande porte. No próprio Anhembi, tivemos eventos liberados momentos antes da abertura dos portões. Sabe também que há uma grande diferença entre o que colocam no papel e o que se vê no local. No caso dessa corrida a prefeitura é organizadora e fiscalizadora e isso exige atenção, principalmente por ser a primeira experiência do gênero, sem contar os efeitos antes, durante e após o evento para o tr^snsito na região. O vereador reconhece a importância dos eventos para a cidade, mas pondera sobre a conveniência da escolha do local, sujeito inclusive a enchentes que podem atrapalhar a prova. Recorrendo ao MP, o vereador nada mais fez do que obrigar os organizadores a informar as providências tomadas. Na prática isso significa deixar claro os deveres e direitos de todos os envolvidos previamente. Fiscalizar o executivo é um dos papéis do vereador. Não esqueça.
Tenha certeza de que, como você, o vereador também deseja que a prova seja realizada com sucesso para o bem de todos e da própria cidade. Quer que São Paulo mostre ao mundo o que tem de melhor.
Silvana Silva - assessora de imprensa

Anônimo disse...

Prezado Zé Clemente,
Por honrar o mandato a ele outorgado, o vereador Adilson Amadeu recorreu ao MP.
Parece oportunismo. Não é. Aliás, vale lembrar, também que nesse ano o vereador não é candidato. Como relator da CPI que tratou de eventos (criada após o incidente com o RBD, lembra? Uma inocente tarde de autógrafos que acabou em morte), o vereador sabe bem quais são os requisitos necessários para a aprovação de um evento de grande porte. No próprio Anhembi, tivemos eventos liberados momentos antes da abertura dos portões. Sabe também que há uma grande diferença entre o que colocam no papel e o que se vê no local. No caso dessa corrida a prefeitura é organizadora e fiscalizadora e isso exige atenção, principalmente por ser a primeira experiência do gênero, sem contar os efeitos antes, durante e após o evento para o tr^snsito na região. O vereador reconhece a importância dos eventos para a cidade, mas pondera sobre a conveniência da escolha do local, sujeito inclusive a enchentes que podem atrapalhar a prova. Recorrendo ao MP, o vereador nada mais fez do que obrigar os organizadores a informar as providências tomadas. Na prática isso significa deixar claro os deveres e direitos de todos os envolvidos previamente. Fiscalizar o executivo é um dos papéis do vereador. Não esqueça.
Tenha certeza de que, como você, o vereador também deseja que a prova seja realizada com sucesso para o bem de todos e da própria cidade. Quer que São Paulo mostre ao mundo o que tem de melhor.
Silvana Silva - assessora de imprensa

Zé Clemente disse...

Sra. Silvana Silva.
Sei que será difícil que acredite mas eu gostei da sua muito rápida resposta a esse post. E antes de mais nada saiba que não é em função de audiência pois eu jamais busquei audiencia num blog frequentado por um grupo muito pequeno de pessoas.
Reconheço tres coisas essenciais: a senhora escreve bem, é educada e profissional. Enquanto que eu nem jornalista sou.
É óbvio que ao falar do tema eu citei o vereador e isso o coloca em destaque nas minhas considerações. Mas eu quero deixar bem claro que não é precisamente em função de ética que eu qualifiquei o mecanismo político e não o vereador individualmente falando.
Me desculpe mas assim como a senhora e o vereador teem o direito de se manifestarem a favor da imagem dele como homem público, eu posso continuar discordando da prática em questão. Eu continuo achando que é oportunismo e essa não é apenas a minha opinião, coisa que constatei lendo sobre o tema na internet.
Está bem claro para qualquer pessoa que uma atitude dessas, que o vereador tem o direito de tomar pois está dentro das suas prerrogativas, não terá absolutamente nenhum efeito a essa altura dos acontecimentos. Por consequencia é inútil e pouco apropriada. Se o vereador o tivesse feito há 3 meses, posso lhe garantir que ele seria visto como a única pessoa que se colocou contra o evento de maneira formal e com objetivo concreto. Mas na condição atual isso apenas resultará na exposição dele e da sua proposta, e nada mais que isso.
Por fim, quero lhe dizer que a nossa política, a de todo o Brasil, segue uma lógica que parece mais ter sido criada no tempo em que inventaram machados de pedra, e que isso é uma coisa que faz o Brasil ser como é. Tanto que não nos faltam impostos que todos os politicos teimam em dizer que serão solucionados com uma reforma tributária que jamais sairá do discurso. E isso é coisa muito velha. Nós somos na verdade milionários pois pagamos os mais altos impostos do sistema solar.
É em última instancia sobre a política e o comportamento comum da comunidade política, de que eu falo. E infelizmente isso inclue o vereador em questão.
Tenha certeza que o Brasil está em 2010 mas a política ainda está no século passado. Na prática não melhorou nada.
E quanto ao transito, citado pela senhora, os efeitos que nós sentimos ocorrem no ano inteiro porque as pessoas que cuidam de tudo que se refere a transito e sinalização neste município são grandes incompetentes. Há poucos dias eu dei uma volta imensa, não imagina o quanto, simplesmente porque não conseguia enxergar uma minúscula e muito mal colocada placa.

roberto zullino disse...

A Sra Silvana deveria lembrar ao ilustre edil que há uma máxima do Direito Romano: "dormientibus non sucurrit juris", trocando em miúdos, o direito não socorre aos que dormem.
Isso um engenheiro com eu sabe, um vereador deve ser bem mais ilustrado em leis já que uma de suas funções é fazer as leis e nesse caso ao esperar tanto tempo só se pode concluir duas hipóteses:

1-o edil não tem a menor idéia dos aspectos doutrinários do direito e dos ritos que o regem. Deveria ter reclamado antes quando era possível se fazer algo. Agora de nada adianta.

2-o edil é um dominhoco oportunista que quer aparecer na hora que nada dá para fazer. Com que intenção? Se colocar na mídia? Essa não é e melhor forma.

evidentemente, pode-se combinar as duas ficando o edil como um desconhecedor de ritos jurídicos e dorminhoco oportunista.

Longe de criticar os conceitos de sua exelência que estão abslutamente corretos, mas a obrigação de nosso edil pelo qual pagamos era de ter agido antes. Ser correto intempestivamente de nada vale e apenas dá margem a ilações.

O edil deve tambem aprender outra máxima do talmud, quem comunica é que lê ou ouve e não quem escreve ou fala. Aos leitores e ouvintes é dada a faculdade de entender o que bem lhes aprouver, sendo culpa do autor, eventuais incompreensões e interpretações.

Esperamos que sua excelência se comporte melhor da próxima vez e faça valer a grana que nos custa.

Unknown disse...

Zé, eu não sou muito ligado em Formula Indy, mas acho que esse evento só pode gerar bons resultados, tanto na área esportiva quanto na área financeira, gerando diversos empregos, trazendo receita para Hoteis, Restaurantes e para a idústria e o comércio de Sampa, fora a grande divulgação que haverá com certeza no Mundo todo e, em especial nos Estados Unidos.
Embora o Vereador seja do PTB, não me parece muito preocupado com os trabalhadores envolvidos nesse mega evento, deveria dar o braço aos políticos do Rio, coveiros do Automobilismo.
Tomara que não haja nenhum interesse pecuniário envolvido num possivel recuo de posição.

Zé Clemente disse...

Pedrão,
Eu tambem nao sou fanatico da Indy e estou totalmente desatualizado porque depois do Emerson eu parei de assistir. O frutos que voce mencionou sem duvida aparecerão. Mas todo mundo fala que o nosso automobilismo morreu e que Interlagos deveria ser restaurado. Eu acho que precisa restaurar o publico na arquibancada, e se a Indy colaborar com isso, ótimo. No automobilismo o publico tem uma parte especial, e se for preciso algo de fora para ele ter vontade de comparecer, então que venha. Dando certo a primeira as outras serão consequencia. A 8 dias da prova o que resta, inclusive aos poíticos de plantão, é aguardar. Alias, falando em políticos, não foram eles que demoliram o autodromo de Interlagos? Não foram eles que eliminaram o autodromo de Jacarepagua? Então, são eles que decidem o que é bom para nós. Essa lógica é coisa de caipira.

Rosemeyer disse...

Como bem dito ,se tivesse feito isso tres meses atraz ,o vereador teria meu apoio.Teria meu apoio por:Primeiro ,pela enorme imbecilidade de se escolher tal traçado e tal localização.Segundo ,se tivesse ido buscar as origens das negociatas nojentas que acontecem em Interlagos,e não permitiram que a corrida fosse la sediada.terceiro ,se o vereador batesse de frente com a palhaçada da industria de multas na cidade e realmente cobrasse dos orgãos executivos do municipio,algum planejamento e competencia na execução de obras necesarias.
Para ficar por ai,embora a lista seria gigantesca,das coisas que os vereadores não fazem nunca.Isto e' cuidar do cidadão e da cidade,fazendo leis praticas e beneficas e cuidando para que o estado não nos roube tanto.

Fazer agora ,quando e' inutil,totalmente inutil, e' oportunismo "esperto",joguinho este que todo o legislativo e seus coleguinhas do executivo e judiciario são mestres em fazer ,e do qual ja estamos cheios.