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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Guerra de fabricantes de pneus na F1 seria bom para a categoria?

No mundo moderno a competitividade alcançou níveis altos o suficiente para despertar críticas de idealistas defensores de uma humanidade mais focada no ser humano do que no resultado.

No entanto a competição existente nos diversos setores do mundo empresarial é um dos fatores que justificam o crescimento da economia do planeta nas últimas décadas. Após a segunda guerra mundial as diversas economias do mundo passaram por um período de ajustes e crescimento que o segundo grande conflito do século passado havia sepultado.

Tudo no mundo cresceu muito de lá para cá e a velocidade das mudanças e o ciclo de vida das mercadorias sofreram mudanças efetivamente radicais. Atualmente é uma autentica panacéia pensar em um mundo de menor competitividade, tendo como objetivo um ser humano mais feliz. O fim da competição seria o fim da lógica economica atual e um retorno aos tempos do sapateiro da família.


A F1 também está inserida nesse contexto de competitividade, não apenas nas tabelas de tempo do grid de cada prova. A categoria é um mundo relativamente fechado e ambicionado, pois a exposição das marcas que participam é das mais amplas no planeta.

Fábio Seixas colocou no seu blog um post sobre um provável retorno da Michelin, informação que consta no site Autosport.

A Bridgestone sai da F1 no final desse ano com o argumento de que o investimento não é suficientemente bom. No ano passado saíram da F1 equipes que avaliaram a sua participação na categoria da mesma forma. Os investimentos nessa área são realmente altos demais e precisam fazer sentido.

Nesse panorama a F1 não apenas alterou as suas regras, coisa que acontece todos os anos, mas abriu as portas para equipes que não fossem oriundas de fábricas de automóveis. Hoje estão na categoria fabricantes de carros e equipes independentes, o que já configura uma condição de maior competição empresarial num mundo mais aberto.

Também em relação aos motores, há 4 fabricantes, Ferrari, Mercedes, Cosworth e Renault. Os pneus ao menos nessa temporada serão monomarca.

Jean-Dominique Senard  da Michelin diz que eles devem considerar um retorno à categoria mas com condições muito claras. A condição principal é a Michelin não ser a única fornecedora de pneus e assim entrar na categoria em competição direta com outros fabricantes.

Faz sentido já que há uma clara competição de marcas em relação aos motores. E uma empresa que vai colocar o seu produto no mercado vai fazer o que puder de melhor para sustentar que o seu é melhor que o do concorrente. E a competição esportiva é um campo onde essa situação está à vista de todos. No seu marketing institucional a empresa sempre apregoa o que há de melhor na sua estrutura e nos seus produtos. Mas quando está disputando espaço no mercado com os seus concorrentes, essa disputa deixa de fazer sentido se os concorrentes não existirem. E no mercado de pneus há. Básicamente, se uma equipe ganha o campeonato e atribui aos pneus parte do sucesso isso quer dizer que a marca daqueles penus é a melhor pois ganhou na competição mais difícil que se conhece, onde os seus produtos possam ser empregados.

E assim é que, fora a proibição dos reabastecimentos, a possível entrada de mais de um fabricante de pneus vai acabar levando a F1 de volta a condições de competição da década de 1980, último período da categoria em que ninguem dizia que a F1 tinha se tornado chata.

Mas restaria ainda uma questão. Uma guerra entre fabricantes de pneus resultaria em ultrapassagens? Minha resposta é não.

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