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sábado, 8 de maio de 2010

As mais lentas em Mônaco - como uma bandeira amarela em movimento

A etapa de Mônaco do ano passado na F1 foi vencida por Button com Rubens em segundo apenas 7,6s atrás. Os dois carros da Brawn eram os melhores de tôdo o campeonato e tiveram uma participação muito consistente do comêço ao fim. Tanto que a equipe foi a campeã.

A prova terminou com 15 pilôtos na pista sendo Kazuki Nakajima o último, duas voltas atrás do líder. Na frente 9 pilôtos terminaram na mesma volta. Com excessão de Nelsinho Piquet e Buemi que bateram logo no comêço, o tempo dos outros mostra uma diferença de 2,5s entre o mais rápido e o mais lento.

Button têve um tempo médio de volta de 1:17s, considerando-se o tempo que levou para concluir as 78 voltas do GP.

O circuito tem um comprimento total de 3.340 metros e isso resulta numa velocidade média de 156 km/h. A essa velocidade cobre-se 43 metros em um segundo.


No grid de hoje Senna andou 5s mais lento no Q1 em relação à Webber. Fazendo-se relação com a conta acima, esses 5s significam que Bruno anda pouco mais de 2 metros a menos a cada segundo - uma diferença de 5%. Ora, 5% de um segundo são 5 centésimos. Quem já perdeu a tangência de uma curva por uma piscada, sabe o que são 5 centésimos em velocidade.

Também, levando-se em consideração os tempos do ano passado, a cada 15 voltas Bruno será ultrapassado. Como a prova tem 78, o grid tôdo vai encontrá-lo mais lento na pista por cinco vêzes.

Mas isso tudo não é verdade porque no ano passado os carros andavam mais leves. Nesse ano não há reabastecimento e tanto a Hispania quanto a Virgin devem mostrar uma diferença de rendimento maior ainda numa pista tão travada como Mônaco, pois só vão conseguir andar mais velozes quando o tanque estiver pela metade e com pneus macios. Assim será razoável pensar em tomarem 6 voltas do ponteiro ao invéz de 5.

O grande prejuízo que isso causa é que a estratégia das equipes de ponta vai ter que considerar essa situação que vai acabar influenciando o resultado final da prova. Uma coisa é você encontrar um retardatário na sua frente e esperar algumas curvas para poder ultrapassá-lo mas com o seu concorrente imediato meia volta atrás. Outra é a mesma situação com uma diferença para o seguinte de apenas 5s. Isso dá a chance de uma aproximação muito grande e uma consequente ultrapassagem. Num lugar como Mônaco é quase uma bandeira amarela.

Não imagino o que farão com relação à classificação e à conduta dos pilôtos na corrida. Mas o fato é que os mais lentos do grid não têm o que fazer com um carro que anda nessas condições. É uma deficiência de equipamento que apenas um novo projeto resolve.

A classificação eu diria que até é simples de resolver. Utiliza-se como definição de posicionamento no grid o resultado da última prova e assim êles não entram na pista no dia da classificação. Mas na hora da corrida será 1:40h de tormento.

Um comentário:

Paulo Costa - Stamparia Bordados disse...

Pois é, Zé. É verdade. Os mais lentos certamente atrapalharão os mais rápidos em Monaco de maneira mais contundente que em outros circuitos. E entendo que o risco de acidentes aumenta. Mas essa maior probabilidade já é conhecida por todos desde agora. Não será nenhuma daquelas circunstâncias inesperadas que ocorrem durante uma prova pegando a turma de calça curta. Se não há como impedir que as três lerdas (para não usar a outra palavra) participem da prova,o que seria uma tremenda injustiça, me parece que só resta às outras equipes e pilotos se planejarem adequadamente para ela, levando em conta essa característica particular dessa prova. Vão precisar de mais cautela e mais braço, e quem tiver e souber balancear bem as duas coisas, leva a melhor. Acho que fica muito mais emocionante para nós humildes espectadores mortais, que, por que não dizer, somos a verdadeira razão da F1 existir. Pau na máquina! E um abração.

Paulão