Neste link - Pilotos lamentam morte na Moto2; há 17 anos, astro ficou paraplégico no local - há uma matéria do UOL sobre a morte do piloto japones Shoya Tomizawa, colido na pista por duas outras motocicletas após um tombo no circuito de Misano disputando prova na Moto2.
Na matéria é lembrado o acidente de Wayne Rainey, uma das estrelas do motociclismo mundial, ocorrido no mesmo circuito e que lhe rendeu a paraplegia.
Há uma coisa no mundo da velocidade que é uma constante em qualquer modalidade - a real possibilidade de morte. Recentemente conversando com Chiquinho Lameirão ele me falou dos perigos das provas de estadra em Portugal com Porches. Qualquer erro poderia encerrar a vida do piloto ali mesmo.
Pessoas que gostam de velocidade sabem que estão se expondo a um risco que cresce cada vez mais à medida que a velocidade aumenta e o radicalismo do esporte surge. Há muita coisa que mudou nas provas de velocidade a favor da segurança. O acidente de Felipe Massa no ano passado é um exemplo disso. Há muito tempo Helmut Marko quase fica cego ao receber uma pedra do carro à frente, se não me engano de Ronnie Peterson, que lhe perfurou a viseira do capacete e atingiu o olho em cheio. Massa muito provavelmente teria ao menos ficado cego de um olho, ou até mesmo morto, se não usasse o viseira de material à prova de bala.
Outro acidente que marcou a história desse mundo de riscos foi o de Lorenzo Bandini em Monaco. Não apenas o tanque de combustível se abriu como tambem tudo que se refere a segunrança e socorro naquela época deixava muito a desejar.
Aqui no Brasil em 2007, Rafael Sperafico perdeu a vida ao ser colhido na lateral por outro carro que não teve como evitar a colisão. E estamos aqui falando de uma categoria que não se compara em termos de velocidade com coisas como a F1.
Especificamente no motociclismo o maior risco de todos enfrentado pelos pilotos é a possibilidade de rompimento de vértebras. O corpo está totalmente exposto e mesmo que o piloto saiba cair em altas velocidades, é o corpo dele que está indo para o chão e o seu equipamento precisa necessáriamente deixar o tronco livre para movimentação, portanto sem uma proteção maior.
Isso no caso de sobrevivencia pois há os casos trágicos em que a morte é o resultado final. Acho que aqui cabe dizer que pilotos não pensam na morte na prática do seu esporte simplesmente porque estão fazendo o que querem e aprenderam a fazer isso com o máximo de performance que conseguem. Eles não vão à pista para desafiar a morte mas sim a si próprios. A adrenalina da velocidade e do desafio das suas prórprias capacidade é o que os põe motivados para acelerar cada vez mais. O que pilotos querem em suma é a velocidade propriamente dita.
E todos eles sabem concretamente que há a possibilidade de deixarem ali mesmo as suas vidas e esse pensamento não lhes passa pela cabeça na hora que vão para a pista porque as emoções daquilo que querem fazer estão ocupando todo o espaço mental disponível.
Portanto a morte desse menino de apenas dezenove anos é uma tragédia que devemos encarar como resultado sempre provável de uma coisa muito perigosa, que ele escolheu como esporte. Os pilotos de moto que eu conheci na verdade eram pessoas apaixonadas pela vida e sedentos de emoções fortes. Escolheram a pilotagem como estilo de vida sabendo de todos os riscos inerentes. E sabiam ao fazer essa escolha que estavam lidando com uma coisa que poderiam fazer naquele momento das suas vidas e depois não mais. Todos escolheram a pilotagem de forma consciente e os que permaneceram chegaram à conclusão de que a escolha foi acertada. Assim como qualquer ou tro piloto Shoya Tomizawa sabia do risco que corria.
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