domingo, 13 de março de 2011
Barato, dócil, de montagem e manutenção simplificados.
Já fazia um bom tempo que não ía a Interlagos e não poderia ter faltado justamente neste final de semana. No mesmo dia em que foi justamente homenageado um dos maiores pilotos de tôda a nossa história - o que combinava com maestria a suavidade na pilotagem com o pé direito no fundo em curvas de alta, Luiz Pereira Bueno - uma antiga formula de automobilismo de competição retornou às nossas pistas. É um cenário de reedição de um passado romantico. Um passado no qual Luiz Pereira Bueno brilhou nas curvas do nosso mais importante autódromo, embora em outras categorias. Uma combinação feliz, eu diria, esta desse final de semana..
Posso dizer que uma grande quantidade de pilôtos que eu vi acelerando em categorias fortes no passado, eram amadores. E eram precisamente essas pessõas que formavam o nosso cenário. Hoje o automobilismo se tornou uma atividade de endinheirados pois tudo que existe nessa área está além das possibilidades de aquisição de muita gente.
A Formula Vee Brazil tem a proposta de atrair justamente esse público, menos privilegiado financeiramente falando, para as pistas. E já se saiu bem se considerarmos que embora apenas 7 carros tenham largado, há encomenda de nada menos que 27 outros. O grid vai aumentar nas próximas etapas.
Ao invéz de me enveredar em longas considerações e comparações, vou colocar aqui uma descrição geral, como tentativa de dimensionar de forma aproximada a categoria, e no final do post algumas fotos.
A proposta da categoria é dar oportunidade ao apaixonado de corridas de monopostos, ingressar em uma competição formada por esses carros, de forma totalmente amadora, a baixo custo e com muita simplicidade de montagem e manutenção.
Básicamente a categoria recria o ambiente do garagista amador que cuida sózinho do seu carro, ou com o auxilio de mecanico particular, e vai assim uma vêz por mês no autódromo relizar um sonho que hoje cabe apenas a bolsos muito cheios.
O chassi é tubular, desenvolvido a partir de provas práticas, o que custou vários descartes de tubos soldados até que se chegasse ao pacote final. Nele são incluídos os tradicionais itens de segurança como extintor, cintos de segurança homologados, arcos de proteção conforme os padrões vigentes na atualidade.
A carenagem é de fibra de vidro de design padrão e não é permitida a sua modificação. A caixa de direção foi construída específicamente para este projeto com uma redução adequada à uma pilotagem em alta velocidade, sem deixar de considerar o conforto do pilôto.
A mecânica é VW 1600 à alcool, com câmbio da mesma procedência sem uso de relação de marchas ou diferencial fora daqueles que eram utilizados nos carros de linha. O motor não emprega a ventoinha original mas admite-se o uso de uma elétrica para refrigerar nos momentos em que o carro estiver parado por longo período com o motor ligado.
O comando de válvulas sugerido é o da Kombi alcool e não é permitido o uso de comando de performance mais alta. A taxa de compressão é livre porém os cabeçotes não podem ser retrabalhados para alto desempenho de fluxo. Inclua-se aqui, óbviamente, os ajustes habituais para um motor que vai rodar em pista de competição, como balanceamento e ajustes de folgas internas. O volante deve ser o original sem alívio de pêso. A caburação é a Solex 32 que equipava esses motores e nela são permitidas apenas as alterações de giclagem.
Os penus são Pirelli P7, obrigatórios para tôdos os carros. Tôdo o conjunto pesa pouco mais de 400 kgs e tem uma potência de aproximadamente 80 hp´s. Já que se trata de uma mecânica práticamente sem nenhum preparo especial, era de se esperar que a velocidade em reta não fôsse alta demais, e portanto dentro dos domínios de um pilôto amador, iniciante ou não.
Mas isso de forma alguma significa desempenho ruim. Basta dizer que a estréia de 7 carros zero quilômetro, que nunca fizeram um shakedown, se deu numa condição de pista ruim e com os pilôtos cansados pela espera e ansiedade do momento almejado. E os dois primeiros da prova de estréia andaram o tempo tôdo se vendo após cada uma das curvas, embora Nenê Finotti viesse abrindo lentamente entre uma volta e outra.
Já que o carro de Nenê tinha um motor zero quilômetro e o de Fernando Monis, que vinha logo atrás, trazia um relativamente desgastado, entende-se que o pacote é precisamente o mesmo nos dois casos, com apenas alguma pouca diferença de performance dos motores.
A melhor volta de Nenê foi de 02:20.296 e a melhor de Monis foi de 02:21.166. Para o pacote em questão e nas condições em que estrearam eu penso que é bem aceitável. Pude fazer ontem mesmo uma comparação com outros carros de peso e potencia diferentes, e cheguei à conclusão de que o pequeno fórmula pode mostrar um bom desempenho em curvas.
Nesse aspecto Nenê foi claro ao afirmar que o carro é dócil, de bom manejo e neutro no comportamento em curvas. Mesma afirmação de Eduardo Monis. Fiquei com a clara impressão que basta algumas melhorias na afinação desses carros e uma prova em pista totalmente sêca mostrará com certeza tempos mais atraentes. Para uma categoria que jamais foi para a pista nem ao menos para uma classificação, eu acho que é um desempenho bem aceitável para o pacote proposto. As melhoras virão nas próximas etapas, que devem contar com mais carros no grid. E assim o clima de disputa será inevitávemente inaugurado. Entendo que há um equilíbro muito satisfatório entre custo de aquisição e de participação, e o desempenho proporcionado. Fora é claro, a oportunidade imperdível de se pilotar um desses na pista mais importante da história do nosso automobilismo. Seguem abaixo algumas fotos.
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