José Minelli ao lado do mostruário na recepção |
A campainha foi antendida pelo filho do meu amigo que conheci na decada de 1970. Na entrada o Rottweiler vem cheirar a minha bermuda e só depois disso passo a mão na cabeça dele. Ainda nos reconhecemos, que bom. Desço as escadas e finalmente vou ao encontro do meu amigo mais de uma hora depois do combinado. Não é problema, afinal é sábado.
A recepção é a de praxe. Ele dispara um largo sorriso, cumprimenta e já faz a primeira piadinha. O passo seguinte é sentar para um papo. À nossa volta se encontram algumas máquinas, peças sobre as bancadas, algumas ferramentas, um carro de competição pendurado na parede e outro sobre dois cavaletes.
Estou falando do meu amigo José Minelli, uma das pessôas mais gentis que já conheci numa oficina dessas da época dos preparadores garagistas. Magro, alegre, bôa saúde e generoso no trato das amizades, Minelli é um legítimo representante de um período do nosso automobilismo onde sempre havia tempo e justificativa para um papo, um café e uma gozação. Isso tudo ao lado de engrenagens, bielas, discos de freio, câmbios e coisas assim.
José Minelli nasceu em São Bernardo do Campo há 72 anos. Não se considera velho, trabalha todos os dias inclusive sábado. É capaz de ficar horas a fio soldando peças. Acorda todos os dias às 5:00 da manhã e ruma com os dois filhos para a sua fábrica, próximo ao autódromo José Carlos Pace.
O seu primeiro contato direto com o automobilismo foi em 1970 quando correu com um Fusca Divisão 3 (preparado por Pedro Victor De Lamare) a Mil Milhas Brasileiras e a 25 Horas de Interlagos.
Em 1971 deu um passo definitivo para estar em permanente contato com o que mais gosta de fazer na vida, lidar com mecânica. Construiu um protótipo Divisão 4 chamado Milli, que usava suspensão dianteira Volkswagen, motor Volks 2200 cc e cambio Hewland MK8.
Daí em diante a sua trajetória de vida se tornou o automobilismo. Foi por conta disso que em 1990 surgiu a Minelli Racing Car, a sua fábrica que tem o propósito de fornecer peças de tôdo tipo para carros de competição. Minelli não faz preparação de motores, embora já o tenha feito no passado. Hoje se dedica exclusivamente à fabricação de componentes, não apenas para equipes mas para outros fabricantes também.
A Minelli Racing Car, além das máquinas tradicionais que se encontram em uma empresa dessas, como tornos, fresas, furadeira e coisas assim, tem um tôrno e um centro de usinagem CNC, e uma máquina de eletroerosão por penetração. Sem contar os esquipamentos de solda necessários para a construção de um chassi ou conjuntos soldados.
Passei uma manhã lá, falamos de tudo e esqueci do mundo. E acho que a razão foi estar com uma pessôa que gosta do que faz. Isso molda o clima do ambiente e as visitas percebem claramente. Voltarei sempre.
Arnaldo dos Santos - F-Ford Minelli - campeonato brasileiro de 1991 |
Arnaldo dos Santos - F-Ford Techspeed - Autódromo José Carlos Pace |
Ricardo Zappelini - Fórmula São Paulo Techspeed |
Um comentário:
Justa homenegem,, Parabens ,, Forte abraço ao amigo de longa data Minelli..
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