Há alguns instantes estava checando os meus e-mails e aproveitei para ver as últimas. Entre outros escritos que encontrei, alguns tratavam da vitória de Barrichello em Valência neste fim de semana. Alguns elogiavam e muitos criticavam, às vezes de forma muito desagradável.
É dificil entender o que se passa na cabêça das pessôas hoje. Nós brasileiros somos ufanistas, ou o fomos por muito tempo. Por conta disso a nossa seleção de futebol foi descaradamente utilizada como parte da propaganda política da época. Da mesma forma a transmissão da F1 tem sempre a mesma pauta quanto o assunto são os pilôtos brasileiros. É até chover no molhado discutir êsse tema, de tão evidente que é a situação.
De 70 para cá nós nos tornamos um povo que mostra que sabe de tudo porque pensa ter aprendido tudo. Ninguém no mundo sabe mais de futebol do que nós. Também após 72 nos tornamos experts incorrigíveis de automobilismo mundial. Sabemos tanto de F1 que o nosso próprio automobilismo regional está em agonia de morte, porque entendemos hoje de coisa muito mais difícil e sofisticada em matéria de pilotagem. Depois que o país foi obrigado a rezar a reza do FMI no início dos anos 80, nós nos tornamos aos poucos imbatíveis sabedores de economia. Discutimos esse tema diáriamente em casa, no trabalho, no boteco. Tôdos nós sabemos exatamente em quanto os nossos juros são altos ao mesmo tempo que não nos importamos em continuar explodindo os nossos cartões de crédito com compras desnecessárias que um dia se tornarão um débito de custos financeiros que sugará constantemente o nosso suor. Mas que mal há? Afinal podemos parcelar em ´suaves´ prestações quando estivermos à beira da inadimplência. E ainda vamos sair por aí dizendo que é vantagem. Nós entendemos de economia, não é?
Também somos experts em política. Nós passamos mais de duas décadas clamando por democracia. Um dia a terra do Ame-o ou Deixe-o se tornou o país mais Amplamente, Geral e Irrestritamente aberto no campo da política. Quase nos tornamos baluartes da política do planêta. Pudemos finalmente votar. Afinal é uma democracia e vamos enfim votar para presidente como se faz numa democracia que se preze. Passados alguns anos da nossa ´conquista´ democrática, nós colocamos no senado os piores corruptos hipócritas que o país já têve na sua história. O às vêzes hilariante Pedro Simon disse na comissão de ética que já tinha visto muita coisa naquela casa incluindo o seu fechamento, mas que jamais tinha presenciado o que acontecia naquêle momento. Um jôgo de cartas marcadas onde a pauta era votada antes do debate. José Sarney se tornou, até onde eu saiba, o único inocentado do país que jamais foi investigado. Nem precisou ao menos se defender. Ora bolas, nós não estamos em uma democracia? Nós não entendemos mesmo de política?
Aí eu pergunto que valôr tem uma vitória conquistada com suor e perseverança debaixo de uma avalanche infindável de críticas, como foi a de Barrichello na última prova. Porque raio de razão nós desvalorizamos o resultado final de trabalho árduo ao mesmo tempo que votamos em colegiados inteiros de vagabundos sangue-sugas? Porque nós criticamos sem parar a fortuna amealhada por Rubens durante a sua carreira ao mesmo tempo que votamos em quem pode roubar dos nossos bolsos montantes de dinheiro que fariam Rubens parecer um mendigo, e tendo usado para isso apenas o celular? Porque o nosso ícone de sucesso são pessôas habitualmente rabujentas que gritam palavras de ordem à torta e direta ao mesmo tempo que o sorriso da conquista é considerado mera demonstração de infantilidade?
Acho que posso responder. Nós somos invejosos. Nós cuidamos mais da vida dos outros do que das nossas. Nós pensamos que somos as pessôas mais espertas do mundo porque nós achamos que americanos são apenas babacas. Nós dizemos tôdos os dias que a televisão está uma merda mas fazemos isso no mesmo momento em que estamos assistindo mais uma vêz os piores programas já veiculados na história da humanidade. Nós exculhambamos as nossas escolas que não ensinam os nossos filhos a lêr mas não fazemos isso quando estamos lendo um jornal ou livro e sim quando estamos enchendo a cara no boteco. Nós citamos as nossas espôsas como as melhores mulheres que poderíamos ter encontrado na vida mas normalmente fazemos isso no motel com as nossas amantes ou quem sabe, no protíbulo. Nós chamamos o Rubinho dos piores adjetivos mas nós só sabemos acelerar em linha reta com carros turbinados. Nós chamamos de ladrões tôdos os ricos que conhecemos mas sempre guardamos algumas notas nos documentos dos nossos carros para subornar um guarda de trânsito.
Enquanto nós estamos aqui nos nossos delírios de críticas desmedidas e sem fundamentos, enquanto solucionamos o Brasil diáriamente entre garrafas de cerveja e pinga, o tempo vai passando e vamos empobrecendo, endividando-nos, e ao final quando as nossas míseras aposentadorias não forem suficientes para irmos mais ao boteco vomitar as nossas excrecências mentais, estaremos sentados à frente da nossa surrada televisão lembrando patéticamente do tempo em que as coisas eram bôas, o mesmo tempo em que fulano fêz isso ou fêz aquilo. O nosso presente será o passado dos outros porque teremos passado as nossa vidas inteiras metendo o pau na vida alheia ao invéz de nos preocuparmos com as nossas próprias.
Lembra daquêle velho papo ´ninguem segura esse país´? Segura sim. Nós mesmos seguramos.
É dificil entender o que se passa na cabêça das pessôas hoje. Nós brasileiros somos ufanistas, ou o fomos por muito tempo. Por conta disso a nossa seleção de futebol foi descaradamente utilizada como parte da propaganda política da época. Da mesma forma a transmissão da F1 tem sempre a mesma pauta quanto o assunto são os pilôtos brasileiros. É até chover no molhado discutir êsse tema, de tão evidente que é a situação.
De 70 para cá nós nos tornamos um povo que mostra que sabe de tudo porque pensa ter aprendido tudo. Ninguém no mundo sabe mais de futebol do que nós. Também após 72 nos tornamos experts incorrigíveis de automobilismo mundial. Sabemos tanto de F1 que o nosso próprio automobilismo regional está em agonia de morte, porque entendemos hoje de coisa muito mais difícil e sofisticada em matéria de pilotagem. Depois que o país foi obrigado a rezar a reza do FMI no início dos anos 80, nós nos tornamos aos poucos imbatíveis sabedores de economia. Discutimos esse tema diáriamente em casa, no trabalho, no boteco. Tôdos nós sabemos exatamente em quanto os nossos juros são altos ao mesmo tempo que não nos importamos em continuar explodindo os nossos cartões de crédito com compras desnecessárias que um dia se tornarão um débito de custos financeiros que sugará constantemente o nosso suor. Mas que mal há? Afinal podemos parcelar em ´suaves´ prestações quando estivermos à beira da inadimplência. E ainda vamos sair por aí dizendo que é vantagem. Nós entendemos de economia, não é?
Também somos experts em política. Nós passamos mais de duas décadas clamando por democracia. Um dia a terra do Ame-o ou Deixe-o se tornou o país mais Amplamente, Geral e Irrestritamente aberto no campo da política. Quase nos tornamos baluartes da política do planêta. Pudemos finalmente votar. Afinal é uma democracia e vamos enfim votar para presidente como se faz numa democracia que se preze. Passados alguns anos da nossa ´conquista´ democrática, nós colocamos no senado os piores corruptos hipócritas que o país já têve na sua história. O às vêzes hilariante Pedro Simon disse na comissão de ética que já tinha visto muita coisa naquela casa incluindo o seu fechamento, mas que jamais tinha presenciado o que acontecia naquêle momento. Um jôgo de cartas marcadas onde a pauta era votada antes do debate. José Sarney se tornou, até onde eu saiba, o único inocentado do país que jamais foi investigado. Nem precisou ao menos se defender. Ora bolas, nós não estamos em uma democracia? Nós não entendemos mesmo de política?
Aí eu pergunto que valôr tem uma vitória conquistada com suor e perseverança debaixo de uma avalanche infindável de críticas, como foi a de Barrichello na última prova. Porque raio de razão nós desvalorizamos o resultado final de trabalho árduo ao mesmo tempo que votamos em colegiados inteiros de vagabundos sangue-sugas? Porque nós criticamos sem parar a fortuna amealhada por Rubens durante a sua carreira ao mesmo tempo que votamos em quem pode roubar dos nossos bolsos montantes de dinheiro que fariam Rubens parecer um mendigo, e tendo usado para isso apenas o celular? Porque o nosso ícone de sucesso são pessôas habitualmente rabujentas que gritam palavras de ordem à torta e direta ao mesmo tempo que o sorriso da conquista é considerado mera demonstração de infantilidade?
Acho que posso responder. Nós somos invejosos. Nós cuidamos mais da vida dos outros do que das nossas. Nós pensamos que somos as pessôas mais espertas do mundo porque nós achamos que americanos são apenas babacas. Nós dizemos tôdos os dias que a televisão está uma merda mas fazemos isso no mesmo momento em que estamos assistindo mais uma vêz os piores programas já veiculados na história da humanidade. Nós exculhambamos as nossas escolas que não ensinam os nossos filhos a lêr mas não fazemos isso quando estamos lendo um jornal ou livro e sim quando estamos enchendo a cara no boteco. Nós citamos as nossas espôsas como as melhores mulheres que poderíamos ter encontrado na vida mas normalmente fazemos isso no motel com as nossas amantes ou quem sabe, no protíbulo. Nós chamamos o Rubinho dos piores adjetivos mas nós só sabemos acelerar em linha reta com carros turbinados. Nós chamamos de ladrões tôdos os ricos que conhecemos mas sempre guardamos algumas notas nos documentos dos nossos carros para subornar um guarda de trânsito.
Enquanto nós estamos aqui nos nossos delírios de críticas desmedidas e sem fundamentos, enquanto solucionamos o Brasil diáriamente entre garrafas de cerveja e pinga, o tempo vai passando e vamos empobrecendo, endividando-nos, e ao final quando as nossas míseras aposentadorias não forem suficientes para irmos mais ao boteco vomitar as nossas excrecências mentais, estaremos sentados à frente da nossa surrada televisão lembrando patéticamente do tempo em que as coisas eram bôas, o mesmo tempo em que fulano fêz isso ou fêz aquilo. O nosso presente será o passado dos outros porque teremos passado as nossa vidas inteiras metendo o pau na vida alheia ao invéz de nos preocuparmos com as nossas próprias.
Lembra daquêle velho papo ´ninguem segura esse país´? Segura sim. Nós mesmos seguramos.
Um comentário:
Excelente texto Ze Clemente.Bem escrito e segundo minha opinião ,verdadeiro.Algumas considerações.
Rubens guiou muito e mereceu a vitoria.
O povo desse Bananal,alem de confuso e equivocado,não entende de nada ,que não seja o script passado pela televisão,alem de ultimamente ,ter se tornado algo arrogante e cinico.Nossos politicos e dirigentes são inuteis e incomodativos.
ate a proxima.
Afonso
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