Mesmo não sendo própriamente manager de pilôtos, a continuidade desses relacionamentos colocou Jan em contato com a oportunidade de trabalhar para uma rádio. Tudo de forma ocasional e experimental.
- Onde entra a Eldorado nessa estória?
- Logo depois que o Gualter fechou contrato, o pai dêle, o Gualtão quiz que eu fôsse acompanhar 3 corridas na europa. Era comêço de campeonato. A primeira corrida que nós fomos foi em Zandvoort, depois Ímola e Zolder. E numa dessas corridas eu tive um contato com o Plínio Romero da rádio Eldorado. O Plínio era um cara muito animado. Êle queria que a Eldorado cobrisse tudo que era possibilidade de diferencial para as outras rádios. Êle me pediu para fazer, junto com essa viagem para acompanhar o Gualter, umas matérias para a Eldorado. E o André Ribeiro havia feito no ano anterior. Êle correu na equipe do Jan Lammers justamente um ano antes. O André tinha feito uma série de matérias onde não falava apenas da corrida mas também do lugar, do ambiente, como fazia para chegar lá, quanto custava o pedágio da estrada, enfim era uma idéia diferenciada. Não era só falar da corrida.
Novas dificuldades e portanto um nôvo desafio.
- Eu disse ao Plínio que não tinha experiência nisso mas era um desafio. Eu faria. Vou para a europa e lá pego o telefone, ligo na redação e passo um boletim. Gravavam aqui e punham no ar a gravação. Às vêzes fazia entrevista e colocava no telefone uma peça redonda, grande, ligava o gravador e passava a entrevista. Fazia entrevista com os pilôtos brasileiros que corriam lá. Corria na Itália o Djalma Fogaça, corria um outro pilôto de Goiânia, se não me engano era o Paulo Garcia, o Pedro Lamy também corria e era amigo nosso. Frequentava a nossa turminha lá.
- Foi em 91. Ali na realidade era um teste. Quando o pessoal recebeu esse material o Plíno ligou pra mim e disse "Jan, tá bárbaro, continua, faz tudo que tiver. Se você está na preliminar da F1 faz F1 também". Mas para F1 eu não tinha credencial. "Tudo bem, vamos ver, vamos tentar". Eu comecei a fazer e fiquei.
Do gravador para o estúdio ao vivo.
- Definitivo aqui na rádio, em 92 a rádio Eldorado fêz transmissão ao vivo de fórmula 1. E êles queriam que eu participasse como comentarista.
- Era a primeira ao vivo deles?
- Era. Foi na África do Sul. Foi a estréia do Christian Fittipaldi na África do Sul. Eu me lembro que a tia dêle vivia lá. Ela estava lá e deu a maior fôrça. E o narrador da rádio gostava muito de automobilismo mas não tinha know-how. Nós começamos práticamente do zero. A nossa primeira transmissão de F1 foi um negócio impressionante. Eu não vou esquecer nunca. Eu estava no estúdio aqui na Aclimação e o Marcelo D´Angelo que era o narrador estava na África do Sul. Foi enviado especialmente para lá e estava muito nervoso por ser a primeira vez. Apesar de ele gostar muito, havia aquele receio - "será que vai dar certo?". E eu também tinha o mesmo receio. Eu entrei como comentarista e aqui no estúdio tinha um âncora, o Vinícius França. Êle era um cara bárbaro, fantástico.
- Foi a primeira vez que você falou. Até então você escrevia.
- A primeira vez que eu fui falar, dentro do estúdio com a luzinha acêsa, ao vivo. Começou a transmissão e o Marcelo foi super bem apoiado pela Maria Helena, primeira espôsa do Émerson. O Marcelo pegou uma entrevista com ela antes da largada da corrida. Começou a transmissão e eu comecei a falar de estória da África do Sul, das corridas que o Émerson tinha feito lá. Eu tinha me preparado com uma série de dados antes. Aí falamos, falamos e ficou descontraído.
- Quando começou a transmissão eu me lembro que o João Lara Mesquita que era o diretor presidente e o Plínio Romero foram lá, não na cabine mas na janela onde tem a parte técnica da operação da rádio, acompanhando. O João começou a rir e estava gostando do negócio. No meio da corrida ele foi na sala dêle, onde tinha um frigobar, e trouxe 3 latinhas de cerveja e pôs na nossa mêsa. Vão fazer transmissão regada a cerveja. E eu tomando cerveja lá com o Vinícius, rindo. Aí adoraram a transmissão. Estavam com um certo receio de como nós íamos nos comportar. Tanto com o Marcelo D´Angelo como eu com os meus comentários.
- Naquele ano entrou na rádio Eldorado uma equipe muito bôa de automobilismo. Entrou o Mair Pena Neto, que foi diretor de redação do Jornal do Brasil e hoje colabora no site http://www.diretodaredacao.com, e o Mário Andrade Silva que estava na Reuters, na última vez que tive contato. O Mário também conhece muito F1 e o Mair também. Era êle quem fazia os boletins de F1 no ano anterior ao que eu fiz aquela preliminar da F-Opel. Eu fui em algumas corridas na europa naquele ano. Eu me lembro que fiz 3 corridas na europa em julho - Alemanha, Inglaterra e França. O Mair sempre ía junto e o Mário também, que escrevia para a Folha de São Paulo. Depois em 93, não me lembro bem a data, entrou o Odiney Édson. Êle para narrar, o Marcelo como reserva de narração, mas também fazendo reportagem de campo. O Odiney não tinha experiência nenhuma mas hoje conhece tudo. Na verdade ele aprendeu muito conosco. E êle foi evoluindo, é um cara dedicado. Hoje faz a transmissão na Bandeirantes já há algum tempo.
- Todo mundo fala que aquêle time da Eldorado era um dos melhores do autmobilismo. Não estou querendo comparar com os dias de hoje. A Bandeirantes também tem um time bom, mas aquêle time tinha muito conhecimento. Todos lembravam coisas. O Ayrton Senna era vivo e tínhamos muitas matérias com êle.
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