Vai me perdoar a equipe da Globo, mas eu vou criticar na posição de público que tem alguma memória que os meus 55 anos me deixaram, e tambem algum mínimo conhecimento da atividade de pilotar.
Longe de mim apregoar algum conhecimento compatível com as exigencias extremas da F1. Aquilo é coisa de especialistas (não é o meu caso), e nunca terei na vida a oportunidade de sequer saber quais são as reais sensações que um piloto de F1 experimenta.
Mas para mim está claro que o que mais gostamos, nós que pilotamos slicks mesmo amadoristicamente, são as curvas de alta velocidade. Causam aquilo que os mais maduros costumam chamar de frisson.
Hoje na transmissão do qualify, o narrador Galvão Bueno disse que fazer a Au Rouge flat com a possibilidade de encontrar piso úmido na saída deve ser uma sensação nada agradável. Tudo bem, entendi o que ele quis dizer com isso - é perigoso. Mas eu acho que depois de décadas narrando o mesmo esporte, já está bem na hora de fazer colocações compatíveis com a atividade.
Preciso deixar claro que nada tenho contra Galvão, Burti nem Reginaldo. Este último é uma pessoa muito atenciosa, agradável, bom papo e cheio de estórias, um boa praça como costumamos dizer, e com os outros dois nunca tive contato. O que não gosto é da dinamica, a pauta da transmissão.
O próprio Galvão disse hoje que eles tem obrigações a cumprir afim de justificar uma das suas interrupções. Acho que é desnecessário ele justificar, mas isso deixa claro que ele tambem recebe determinações de alguem. E esse mesmo alguem, que deve ter sido quem inseriu Burti como comentarista, está necessitando rever aquilo que deseja como resultado final da sua equipe do ponto de vista qualificativo.
Depois de décadas transmitindo corridas de F1, até os cinegrafistas sabem que as curvas travadas, especialmente os hairpin´s e S´s curtos, são as mais técnicas, dificeis de fazer. E sabem tambem que as de alta são desafiadoras da coragem e habilidade, e são as que os pilotos mais gostam. Pouco tempo de reação, velocidade muito alta, precisão no volante, antecipação, mundo passando rápido demais.
Não cabe dizer que a sensação pode não ser nada bôa, pois é precisamente o oposto disso que os pilotos sentem, tanto que Luciano Burti disse exatamente isso, que é o que dá prazer de pilotar. Pilotos de automobilismo, sem excessão, desejam ter momentos na sua pilotagem em que olham para a curva e dizem a si mesmos “é agora”.
À medida que o tempo passa a equipe da Globo tem mais histórico adquirido no meio e ao mesmo tempo o que transmitem, em determinados momentos é incompatível com a realidade deste meio. Foi o que disse certa vez Nelson Piquet sobre a tendencia de advinharem o que os pilotos estão pensando. Com certeza em muitos momentos decisivos de uma prova os pilotos pensam pouquíssimo e reagem muito muito mais.
Essa postura da Globo, no meu entender acaba com o brilho da transmissão e é por isso que já li muitas delcarações na internet de pessoas que ligam a televisão, baixam o volume e ligam o rádio. Assistem uma coisa e ouvem outra de outra fonte. Para quem como eu, se lembra de uma narração de Edgard Mello Filho dentro de um Opala numa Mil Milhas, a transmissão da F1 está deixando muito a desejar. E também já está passando a hora de enxergarem isso.
3 comentários:
parabéns! perfeito.
abs
ZÉ,
VOCÊ FOI BASTANTE MODESTO PARA FALAR DO GALVÃO...ELE ESTÁ INSUPORTÁVEL !!!!!!
JÁ FAZ ALGUM TEMPO QUE ASSISTO AS TRANSMISSÕES DA GLOBO, OUVINDO A BANDSPORT 96,9 FM.
A EQUIPE DA RADIO É BEM HUMORADA E FALA AQUILO QUE NÓS ESTAMOS VENDO, SEM RABO PRESO COM NINGUÉM...E O MELHOR DE TUDO, É QUE O NOSSO AMIGO JAN BALDER FAZ PARTE DESSA EQUIPE COMO COMENTARISTA.
ABS.
GIBA GALLUCCI
Parabens.É isso mesmo,Ja deixei de ver corridas na globo por causa da narração.Ja chegou a hora desse gavião se aposentar.Valeu.
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