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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Relembrando Emerson - Miami 1983 - a caminho da Indy

Em 1983 os jovens da minha geração estavam ligados em corridas da F1 que tinham novos participantes, novos carros, mas nem por isso tínhamos esquecido daqueles que admiramos desde a nossa adolescência. Eu estava com 23 anos e as minhas lembranças de um automobilismo campeão óbviamente incluíam o primeiro brasileiro campeão de Fórmula 1. Era um pouco estranho vermos outras pessôas nessa categoria, embora isso não remtêsse à idéia de desaprovação.

Emerson deixou nos brasileiros fanáticos das corridas uma marca que não pode ser apagada por quem viveu naquela época. Quando ganhou o primeiro título mundial na F1 desfilou nas ruas de SP ao lado da esposa, Maria Helena, o que se constituía numa demonstração clara por parte do público do impacto incrível que têve sobre a nossa noção de supremacia no esporte, essa que foi efetivamente uma grande conquista dêle.

Mas depois que deixou a categoria ficamos sómente com a lembrança de tempos gloriosos, viva na nossa memória. E sei que muitos amigos meus da época, no fundo desejavam ver Emerson novamente nas pistas. Ainda bem que isso aconteceu pois limpou de vez a noção furada de que êle estava velho e não conseguiria mais ser veloz como foi na juventude. Em 1983 Emerson tinha 36 anos e a vontade de recomeçar tudo do zero. E capacidade para isso também.

A primeira vez que tive notícia de Emerson nos Estados Unidos depois da F1, não foi na Indy e sim numa corrida da IMSA, a categoria de protótipos americana. Emerson pilotou um March GTP a convite de Ralph Sanchez em Miami. Marcou a pole mas uma quebra de câmbio o tirou da corrida.

Depois de ter desaparecido do noticiário como ilustre aposentado, reapareceu fazendo novamente o que mais sabia, para a alegria de muitos caras da minha idade que o admiravam. Me lembro como se fosse agora um dia em que estava na casa de um saudoso amigo num domingo à tarde. Assistíamos tv e repentinamente a Bandeirantes soltou a notícia da participação do Rato numa prova de protótipos em Miami. Até hoje eu me recordo da surpresa que aquilo causou em nós e da exclamação de alegria do meu amigo Pedrão: “Eu acho o Emerson o máximo, eu curto muito quando êle ganha corrida”.

O Pedrão falou daquilo com a mesma paixão que falava do futebol e a razão era perfeitamente compreensível. Emerson está entre as pessôas do nosso palco esportivo que nos provocaram as melhores emoções. Era ídolo da nossa geração e vê-lo nas pistas significava ver um cara andando rápido e firme. Quando Emerson aparecia numa corrida aproximando-se das primeiras posições, começava aí uma expectativa crescente que significava a real possibilidade de vitória e comemoração nossa. Nós gostávamos disso, sentíamos como se fôssemos nós mesmos que estivéssemos fazendo uma coisa que tínhamos consciência que nem ao menos começaríamos. Nem imaginávamos naquele dia que outra vez Emerson mostraria em outro lugar e a um novo público que era possível fazer o que ninguém até então tinha feito. Para a maioria esmagadora da minha geração ele foi um herói das pistas.

Um comentário:

Rui Amaral Jr disse...

"Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima" e que volta que o Rato deu!!!
Nosso eterno Campeão.