Capa do livro de Gordon Kirby com relatos de Emerson Fittipaldi |
Hoje em dia por conta do tempo passado pouca gente sabe que Emerson testou um Indy quando ainda pilotava na F1. A Indy sempre foi uma categoria perigosa especialmente nos ovais. Há inúmeros acidentes fatais nessas pistas e eu me lembro agora de um específico. O filipino Edward Jovy Marcelo bateu em 1992 na curva hum do autódromo de Indianapolis e morreu instantaneamente. Outro acidente ainda da época de Emerson foi com o tri campeão de F1 Nelson Piquet que também na curva hum acertou o muro com o seu Menard´s quase de frente e por muito pouco não ficou por ali mesmo.
Nelson disse certa vez numa entrevista que o público quer ver o circo pegar fogo. E a Indy atrai um grande público que vai lá ver corridas e também acidentes que são parte da natureza do esporte. Muitos desses acidentes mostram carros se despedaçando inteiramente. Um caso onde o final não foi fatal mas a batida foi espetacular foi entre Jacques Villeneuve e Hiro Matushita, do qual já fiz uma postagem aqui neste link - Hiro Matsushita - nasceu de novo em 1994 no oval de Phoenix.
No livro de Gordon Kirby, Emerson Fittipaldi - A Arte de Pilotar, (Editora L&PM, 1990) o próprio campeão fala da primeira vez que pilotou um Indy e porque não quiz ficar na categoria. Segue abaixo uma pequena transcrição desse trecho do livro com as palavras do próprio campeão.
Eu sempre fui fascinado por Indianapolis. Em 1974, testei a McLaren de Jhonny Rutherford em Indianapolis, mas não gostei muito. Os carros não eram muito seguros, comparados com os de hoje, e a resistência aos impactos era preocupante. E eles tinham muita potência e eram muito velozes - muito mais rápidos que os Fórmula 1 daquela época. As velocidades em Indinapolis eram quase as mesmas de hoje, mas havia muito menos segurança e proteção para os pilotos. Na época, não me entusiasmei muito.
Eu não podia, também, me dedicar a aprender e me adaptar aos carros da Indy, porque estava completamente dedicado à Formula 1. Eu recebi uma proposta muito boa financeiramente para correr na Indy, mas tenho certeza de que, naquele momento, teria sido um erro aceitar. Mas hoje a minha vida mudou, e a Formula Indy também. Os carros evoluíram muito, e são muito seguros. E eu, também, me concentro inteiramente na categoria. Tive que modificar meu estilo de dirigir, e me adaptar o máximo possível para correr em circuitos ovais. Depois de vinte anos nas pistas, tive de aprender de novo, e continuo aprendendo. Isto é uma coisa que me empolga e me dá mais motivação ainda.
Me lembro que muitas pessôas aqui no Brasil criticaram Emerson porque sugeriam que êle sentiu mêdo da fatalidade. Depois que Emerson saiu da F1 não faltaram críticas de todo tipo, mas eram normalmente feitas por pessôas que nunca imaginaram o que se passou na cabeça de Emerson em momentos como, por exemplo, o acidente que matou Jo Siffert. É sempre bom lembrar que pilôtos não são suicidas, são pilôtos. O que os atrai é a adrenalina da velocidade e o mêdo os desafia mas de alguma maneira também os controla. Na sua passagem pela Indy, Emerson deixou bem claro que as suas razões eram plausíveis e que a categoria, embora ainda muito perigosa na época, era viável do ponto de vista da segurança.
Um comentário:
Sim, ele chegou a testar um carro da Fórmula Indy em 1974 (naquele ano, Emerson pilotava para a equipe McLaren na Fórmula 1).
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