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Vitor Chiarella e Tchê Admiradores mútuos foto: Kart Zoom |
A minha
hora.
Às quatro
da tarde começou mais uma janela de treinos, dessa vez com a
presença de mais três pilôtos, um deles o pai de um garôto que
havia feito aula pela primeira vez.
Fui
instruído a seguir um desses três, um amigo de Vitor que sempre
comparece nesses dias. Seria a minha referencia na pista.
O que eu
queria era baixar mais o tempo. Falamos novamente sobre a suavidade e
a curva na saída do bacião. Ali é um lugar onde você pode optar
entre o uso do freio, mergulhando um pouco mais na aproximação, ou
apenas aliviar e fazer a curva o mais “redondo” possível. É um
lugar onde eu escapei muitas vêzes.
Dessa vez
fui sem óculos pois eu já sei que assim a minha noção de
profundidade em velocidade é um pouco melhor. Fui informado pelo meu
instrutor que receberia um sinal de positivo quando o tempo baixasse.
Entrei na
pista com caminho livre à frente, pois os outros já estavam na
pista do outro lado. Pensei que seria ridículo, e risível, passar
pelo box e não ver nenhum sinal.
Outra vez
fui procurando fazer tudo que me foi solicitado. E também uma coisa
que observei no início com Vitor à minha frente, pela manhã –
ele inclinava a cabêça em algumas curvas.
Nunca fiz
isso e, embora um tanto esquisito, foi fácil se acostumar e muito
útil. Acho agora que faltou fazer a mesma coisa na hum.
Enquanto
passava na reta, à bordo do mesmo kart que pilotei no início,
ficava esperando um sinal de positivo, que nunca viria na primeira
volta completa. Na terceira volta as duas mãos do mestre sinalizaram
o que eu esperava. Na volta seguinte novamente.
Foi o que
bastou para que eu mandasse a bota e observasse bem o que estava
fazendo, que me concentrasse na minha pilotagem. Uma coisa muito
importante na pilotagem é você sentir as reações nos pneus e não
brigar com o kart quando êle escorrega um pouco. Você precisa
controlar a máquina com suavidade, ou ela vai controlar você.
Sem ser
solicitado voltei ao box depois de umas dez voltas e então ouvi o
que estabelecia que o meu propósito havia sido alcançado – baixei
mais 0.3s.
Não tenho
dúvidas em afirmar que o instrutor está justificado plenamente.
Objetivo alcançado.
Retorno à
pista com o outro kart que havia pilotado na manhã, disposto a
“espremer” um pouco mais.
Uma coisa
começou a me incomodar nessa hora. O sol estava baixo e na entrada
do mergulho, com o sol na cara, eu não via a pista. Como isso se
decora e dura apenas uma curva, não havia problema embora pudesse
comprometer um pouco o ritmo. Mas outra coisa tirou a minha chance de
baixar mais um pouco o tempo de volta – eu mesmo.
Logo no
início vi dois caras no final da reta quando eu estava ingressando
nela. Duas voltas depois vi que eles estavam um pouco mais perto.
O botão
“competição” entrou automáticamente e eu fui atrás. Tanto fiz
que encostei nêles. Mas ultrapassar caras que andam bem não é
simples assim. Vi que daria trabalho e comecei a seguir os dois de
perto.
Como
estavam se divertindo entre êles na pista, em determinado momento na
entrada do miolo fizeram a curva juntos e eu entrei bem fechado.
Começamos a subida lado a lado, eu por fora no cimento, e entrei na
reta oposta entre êles. O da frente abriu e começou a me seguir.
Na reta
fiz um sinal no capacête para que êle me empurrasse, mas não sei
se êle não entendeu ou não quis. Eu não estava mais fazendo a
minha pilotagem, mas disputando com êles. E estava muito divertido.
Depois de
três voltas assim, e sem o empurrãozinho que eu pedi, e com o sol
me cegando no mergulho, achei que era hora de parar.
E no box
constatei que o meu tempo subiu um pouco. Foi ótimo ter uma chance
para uma disputa, mas o prêço foi perder um pouco da concentração
na minha tocada.
Não tenho
dúvida de que conseguiria andar mais rápido mas já estava um pouco
cansado e a janela de treinos estava no final. Resolvi encerrar ali,
feliz com o resultado do dia.
Nas minhas
condições (três anos sem pilotar e tendo sido a minha própria
referência até então), nunca conseguiria 0.8s no mesmo dia em
pouco mais de uma hora de treino total. Eu baixei o tempo mas
contabilizo dessa vez o ganho à pontual, certeira, orientação de
Vitor Chiarella.
Encerramos
tudo e rumamos para a Kart Zoom. Na mesa de Vitor constatei o último
esquecimento do dia – as pilhas do gravador estavam descarregadas.
A essa
altura o cansaço pediu para marcar outro dia para colhermos o que
baste para falar, dessa vez, do meu amigo, mestre, Vitor Chiarella.
Por
enquanto resta o que não pode deixar passar:
Valeu Vitão